Capítulo 2

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      Não atendo o telefone. Estou muito ocupada bebendo uma taça de vinho. Me prometi uma única taça no caminho de volta para casa. Mas já estou na segunda taça do dia, mas desta vez preciso que seja realmente a última porque amanhã preciso ir trabalhar. No café. Já liguei para Madison e avisei que amanhã vou trabalhar. Eu não falei que não consegui o emprego, mas pelo tom da minha voz, ela deve ter presumido sozinha. Espero.

A vaga não era para minha área. Era para Marketing, eles só não especificaram corretamente no e-mail. Eu posso jurar que todas as vagas das quais me candidatei, era para secretariado. Não estou maluca, não pode ser.

Minha mãe me liga de novo. Obviamente não comentei sobre a entrevista de emprego, mas não quero mentir no telefone. Não hoje.

Bebo mais um gole da taça já quase sem vinho e mando uma mensagem para ela não ficar preocupada comigo.

"Não consigo atender agora, está tudo bem por aí?"

Viro a taça e levanto para colocar na pia. Estou com sono. Tomo um banho rápido e ela me responde dizendo que está tudo bem, só com saudades. Fico me sentindo mal na mesma hora. Estou morrendo de saudades da minha mãe, do meu pai. Não os vejo a meses, a não ser por chamada de vídeo, mas todos sabemos que não é a mesma coisa. Nada substitui o abraço e o cheiro de mãe que sinto tanta falta.

Estou sentimental. Deve ter sido o dia, o vinho...

"Amanhã de manhã te ligo quando sair para minha caminhada matinal. Estou morrendo de saudades suas. E do papai. Amo muito vocês."

Coloco meu pijama mais confortável e deito. Preciso dormir.

Ainda é o meio da semana, mas Meg vem para minha casa depois do trabalho e vamos pedir comida para jantar.

Posso dizer que Megan se tornou uma amiga na segunda-feira. Ela me mandou uma mensagem e fomos comer sanduíche de queijo coalho num restaurante que tem perto do escritório onde ela trabalha. O sanduíche e um chá gelado, felizmente, coube no meu bolso.

Tomo um banho quando chego em casa e respondo uma mensagem de tia Lilian dizendo que está tudo bem e fico assistindo à televisão enquanto espero.

Megan foi a pessoa que me ouviu reclamar um pouco a dias atrás. Deve ser um porre acabar de conhecer alguém e a pessoa ficar reclamando da vida. Mas Megan foi muito compreensiva e disse tudo que eu precisava ouvir naquele dia. Foi muito bom ter com quem conversar. Estava sendo muito pesado não ter pra quem reclamar minhas frustrações. Não sou de me abrir para as meninas do café. Nossa relação é bem profissional, conversamos o básico do dia a dia. De qualquer forma, não temos muito tempo com a loja tão movimentada.

Encho a minha taça quase até a boca e bebo quase tudo. É quando a campainha toca.

Pelo que parece, Megan veio direto do trabalho, com coque alto bagunçado e camisa social branca.

— Comida tailandesa? — ela pergunta erguendo as sacolas.

Dou espaço e fecho a porta atrás dela.

— Não poderia ter escolhido melhor.

O cheiro que vem da sacola quando ela passa por mim faz meu estômago protestar. A última coisa que comi foram alguns bolinhos primavera durante algum dos meus intervalos no trabalho.

— Eu poderia ter mandado mensagem, mas estava com pressa de vir logo. Nesse lugar onde compro, eles têm opções veganas muito confiáveis.

Ela está tirando as coisas da sacola e colocando na bancada quando chego ao seu lado.

While We WaitOnde histórias criam vida. Descubra agora