Capítulo 8

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    — Consegue caminhar até o hotel? — percebi a tensão na voz de Andrew, mas só balanço levemente a cabeça, ainda sentindo o mundo girar ao meu redor.

Minhas pernas ainda funcionam bem quando começo a andar, o que me impressiona. Com o auxílio de seu braço envolto em minha cintura e meu braço direito segurando seu pescoço, fazemos nosso caminho curto de volta até o hotel. Chegamos na recepção em menos de dois minutos. Não consigo prestar muita atenção às coisas em minha volta, sentindo fraqueza em minhas pernas. Deixo com que Andrew me guie até sentir algo macio debaixo de mim. Um dos sofás, percebo. Não tenho certeza do que me acontece em seguida, mas ele se afasta e por um instante, ouço sua voz agora um pouco longe, e imagino que está falando com alguém. Minha cabeça ainda está e meu estômago revira um pouco mais algumas vezes e chego a pensar em correr até um banheiro mais próximo mas vomitar novamente, mas sei que agora ele está totalmente vazio.

Péssima escolha. Péssima hora para comer um bolo de carne com queijo e molho de tomate. A comida mais pesada que eu poderia ter comido daquele cardápio.Meus braços estão apoiados nos joelhos e minha cabeça entre as mãos quando vejo os sapatos sociais de Andrew em minha frente. Levanto meu corpo devagar e vejo um copo cheio de água estendido para mim. Minha mão está trêmula quando pego o copo e o levo com dificuldade até os lábios, ingerindo o liquido do copo até a metade. Respiro fundo não sei quantas vezes com os olhos fechados, bebo mais dois goles e sinto-me um pouquinho melhor ao faze-lo. Aos poucos, o mal estar se dissipa.

Andrew se abaixa a minha frente, ficando quase da minha altura e deixo com que ele me olhe nos olhos pela primeira vez desde que fiz a grande revelação. Só que dessa vez seu olhar é diferente de alguns minutos atrás. Está cheio de enigmas e algumas coisas não consigo interpretar. Não culpo pelo olhar preocupado que ele me lança, a sobrancelha franzida, um pouco assustado até. Parece tem tem muito o que me perguntar.

— Está melhor? — ele respira fundo, sem desviar o olhar uma só vez. — Acho melhor você manter sua cabeça erguida, se não quiser passar mal de novo.

Bebo mais um gole de água, mantendo minha cabeça ereta.

— Um pouco.

Vejo quando ele esfrega as mãos nas coxas várias vezes, inquieto e ansioso, como se não soubesse como reagir a tudo isso. Também não sei o que dizer a ele ou por onde começar a explicar, então desvio os olhos e encaro o copo agora quase vazio em minhas mãos. Ainda agachado a minha frente, pergunta:

— Prefere ir ver um médico? — ele continua perguntando enquanto procura meu olhar. Está mesmo preocupado comigo.

— Não, estou melhorando.

Ele abre e fecha os olhos, olha para o lado e depois se volta para mim:

— Você tem passado mal assim com frequência?

Respiro fundo mais uma vez, tentando contar rapidamente em minha mente, pedindo aos céus para não vomitar de novo.

— Aconteceram algumas vezes. — balanço os ombros — Em uma dessas vezes eu estava no trabalho e acordei no hospital. Meg estava lá.

Ele arregala um pouco os olhos e simplesmente confirmo. É, não está fácil.

— E você vai se sentir assim até quando?

Se eu não estivesse nessa situação, certamente eu riria de sua expressão, mas não consigo faze-lo.

— É só uma fase, para a maioria das mulheres. Espero que passe logo.

Ele balança a cabeça e se senta na mesinha de centro desta vez, ainda de frente para mim. Não havia me dado conta de que ele estava agachado em minha frente. Jogo meu corpo para trás no sofá, torcendo para que meu tênis e nenhuma parte da minha roupa esteja suja de vômito. Seria mais um item para lista de vergonha da noite e acho que ela já tem um ítem que vale por vários.

While We WaitOnde histórias criam vida. Descubra agora