E lá estávamos nós. No lugar onde tínhamos passado boa parte da infância.
- E então, onde vamos primeiro? - Ele perguntou, ainda sorrindo
-Humm... Que tal irmos até o acampamento dos índios. Vai ser bom rever a princesa Tigrinha
- Seu pedido é uma ordem!
Ele se abaixou em uma reverência, levantou apenas a cabeça e começou a correr. Eu entrei no jogo e fui correndo atras dele, não demorou muito até que eu o alcançasse e demorou menos ainda para eu passar ele e começar a correr na sua frente. Assim que chegamos nos escondemos atrás de umas folhas. Eles estavam dançando e cantando ao redor de uma fogueira.
- Eles não mudaram nadinha - Disse Jack encantado
- Estão animados como sempre
Ao contrário do que muitos pensam, os índios não são nem heróis, nem vilões, como as sereias. A diferença é que as sereias sabem de tudo da terra do nunca e os índios sabem tudo sobre os heróis, nunca consegui descobrir como eles sabem das coisas que acontecem lá.
- Você acha que eles vão se lembrar de nós? - Pergunta ele
- Só tem um jeito de descobrir
Eu sorrio e saio de tras das folhas dançando e entrando na roda.
- Katherine está de volta!!!!!!
Assim que o Cacique gritou, todos dançaram e pularam mais ainda
- E trouxe o Jack também!
Quando percebi Jack estava dançando e pulando comigo. Depois de várias músicas, danças e pulos, finalmente nos sentamos ao redor da fogueira, estava na hora das histórias. Todos sentaram em círculo com as pernas cruzadas. O cacique começou
- Era uma vez...
Como eu senti falta daqui
- Em uma terra não muito distante, pouco tempo depois do felizes para sempre, os vilões foram banidos para uma ilha deserta, e lá, eles tiveram filhos. As crianças que cresceram juntas, de repente não eram mais crianças e tinham curiosidades...
Todos voltaram os olhares para Jack e eu, que estávamos sentados lado a lado, na mesma hora, senti minhas bochechas corarem. Do jeito que ele falou, parecia até que eu e Jack já tínhamos... Transado, aí meus deus, que vergonha. Nós nunca passamos de sexo oral.
- Descobriram as coisas juntos, assim como os filhos dos heróis. Emma e John se conhecem desde que nasceram e já era dese esperar que eles descobrissem as coisas juntos também.
Pensar no John de novo me doeu, principalmente pensar que ele pode estar junto com aquela cobra de novo. Abaixei minha cabeça e Jack colocou a mão no meu joelho, com a palma pra cima, como se estivesse pedindo que eu lhe desse a mão. Correspondi, entrelaçando meus dedos nos dele.
- Você quer sair daqui? - Jack sussurrou no meu ouvido
- Seria ótimo - respondi, também sussurrando
- Voltando um pouco no tempo... Quando os heróis e os vilões ainda viviam juntos, aqui mesmo, na Terra do Nunca, um jovem pirata, quando ainda tinha suas duas mãos e um amiga.
Eu e Jack nos olhamos, já estávamos levantando quando ele começou essa história, nos sentamos de novo
- Amiga? - Repetiu Jack, com dúvida
- Isso mesmo, ele nunca te contou a história deles?
Jack balançou a cabeça em negação
-Bom, Selina era o nome dela. Era uma jovem linda, de olhos azuis e cabelos ruivos como o fogo, era uma menina curiosa, sempre buscando conhecer tudo e todos. Conhecia cada milímetro dessa ilha, e do mar também. Estava sempre sorrindo. Ela, seu amigo James Roger, futuramente conhecido como capitão Gancho, e seu irmão, Peter Pan, andavam juntos para todos os lados
- Peter Pan???- Perguntei surpresa
- Sim, eles eram melhores amigos, os três, não desgrudavam um segundo sequer. Até que um dia, Selina e seu pai se tornaram mais que amigos...
Capitão Gancho namorando, ta aí uma coisa que eu queria ver
- ... Ele se amavam, dava pra ver nos olhos deles. Mas, Peter Pan não gostou muito dessa história, não demorou muito para ele se afastar completamente de todos, ele começou a passar a maior parte do tempo sozinho, foi aí que ele conheceu uma certa fada loira de vestido verde.
- Tinker Bell? - Perguntou Jack, curioso
- Também conhecida como Sininho ou Tilintin. Eles ficaram bem próximos, mas nem todas as fadas são boazinhas. Eles se isolaram juntos, passavam a maior parte do tempo vigiando de longe a vida de todos na Terra do Nunca, principalmente a vida de Gancho e Selina. Eles construíram uma casa e foram morar juntos, se casaram, e tiveram você - Ele olhou para Jack
- Eu?
- Sim
- Meu pai nunca quis me contar quem era a minha mãe, disse que eu ainda não estava pronto para entender
- Espera - Eu entrei no meio, um pouco confusa- Se o Jack é filho da Selina, e ela é irmã do Peter Pan, quer dizer então que Pan é tio do Jack?
- Isso mesmo - afirmou o Cacique
- Puta merda! - Jack estava pálido
- Vamos terminar a história, Jack nasceu em uma madrugada fria, a lua estava cheia e brilhante. Jack nasceu e sua mãe partiu, mas poucas pessoas sabem a verdade, a maioria acha que ela morreu no parto, seu pai, por exemplo - ele olhou novamente para Jack
- E qual é a verdade? - perguntei, curiosa
-A verdade é que ela foi assassinada. Sininho a matou, quando seu pai saiu para mostrar você para nós índios. Ela a sufocou com a blusa de frio do seu pai, que estava no chão. Quando seu pai entrou novamente, ela já não respirava mais, ele ficou paralisado por um momento, então ele se ajoelhou ao lado dela e a sacudiu, mas ela não acordou. Chorando, ele gritou socorro, e quando os índios entraram, todos se assustaram, tentaram ajudá-la de qualquer jeito, mas não tinha solução. Não passou muito tempo até Peter Pan chegar, ele estava indo lá com o intuito de fazer as pazes, mas quando chegou, encontrou a irmã morta. Ele não quis ouvir ninguém. "Você a matou, você matou a minha irmã", ele gritava. Acreditava que Gancho havia matado sua mãe, mas ele nunca faria isso, ele a amava. Essa foi a história de hoje
Uma lágrima escorreu pelo rosto de Jack, e eu só consegui pensar em como ele deveria estar se sentindo agora. Me virei e abracei ele bem forte, sua testa estava escorada no eu ombro.
- Peter foi correndo atrás da Sininho chorar em seu ombro.
- Por isso ele odeia o meu pai até hoje, ele não sabe a verdade, temos que contar para ele!
- Já tentamos, ele não escuta, espancou Ubiratã quando ele começou a falar que não foi Gancho, o coitado nem terminou de falar
Depois disso, ficamos um pouco mais na roda conversando, mas Jack não estava bem
- Quer sair daqui? - Sussurrei no ouvido dele
- Por favor
Me levantei, despedi dos índios e saí com ele de mãos dadas. Já era noite, precisávamos de um lugar para dormir. Fomos até uma casa na árvore que brincávamos quando crianças. O colchão ainda estava lá, intacto. Estalei os dedos e haviam cobertas e travesseiros novos lá. Ele deitou, triste, eu deitei de conchinha com ele e o abracei por trás
- Não precisa tentar ser durão agora, não comigo, eu sei que foi difícil pra você ouvir aquela história sobre a sua mãe, você ta triste, não tem problema chorar. - Eu falei baixinho e senti q ele voltou a chorar
- Você é incrível
- Aprendi com você!
Ele deu um sorriso e logo dormimos.
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Espero que tenham gostado desse capítulo <3
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Descendentes
FantastikSer filho(a) de um personagem de conto de fada não é tão bom quanto parece. Pelo menos não para os filhos dos vilões. Os "mocinhos" são sempre os favoritos. E é disso que eu estou cansada!É ai que eu começo a escrever minha própria história!