Cap 20

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Ela me abraçou colocando as mãos dentro da minha camisa e acariciando minha costa. Fiz o mesmo com ela, mas minha mulher queixou-se.

--Quer alguma coisa?

--Preciso tomar um banho, saí do hospital direto para o aeroporto.

--Tudo bem, vai tomar banho. --Acariciei o rosto pálido da loira e vi uma lágrima descer. -Ei... por que está chorando? Eu machuquei você?

--Na... Não... --Ela abraçou-me forte. --Eu deixei você por uma besteira... E casei com o primeiro homem que foi atencioso comigo... eu fui tão idiota.

--Ei meu amor, não faz assim. --Segurei o rosto de Adele entre minhas mãos. --Você estava sozinha, estava machucada, com um filho pequeno, fez o que achou certo, não foi culpa sua o que ele fez entendeu?
--Ela assentiu. --Eu te amo, você é incrível, eu não poderia encontrar alguém melhor para dividir minha vida, meu triunfos e fracassos.

--Eu também te amo. --Adele respirou fundo e olhou para mim, logo suas bochechas ganharam um rubor. --Eu quero tomar banho... mas preciso que você não surte...

--Eu prometo, precisa de ajuda? --Ela assentiu e começou a levantar a blusa que vestia, logo minha expressão mudou, havia um curativo em sua barriga, cobrindo quase completamente.

--Ajuda a tirar? --Raciocinei rapido e pedi para Adele sentar enquanto eu tirava o curativo, quando terminei meu peito se apertou.

--Aquele desgraçado... --Sussurrei olhando o ferimendo grande no ventre dela. --Eu não acredito que fez isso, Adele ele poderia ter te matado, olha para isso.

--Mas não matou... eu estou viva, ele preso, já assinei os papéis do divórcio, logo vamos estar separados, não tem porque criar um problema Simon. --Levei Adele delicadamente até o grande espelho do closet e fiz ela olhar o reflexo.

--Tem um motivo, olha para você meu amor, ele te machucou, esse desgraçado não deveria estar vivo!
--Ela virou e passou as mãos em meu peito.

--Chris... eu quero ele preso, não você meu amor, preciso do meu artista ao meu lado. --Abracei Adele com extremo cuidado.

--Desculpa... vou prepar seu banho. --Acariciei seu rosto com o meu e fui ao banheiro, deixei o banho pronto e voltei minutos depois, a loira inspecionava os ferimentos em frente ao espero, sou médico, ela também, ambos sabíamos que uma cicatriz mediana se formaria no ventre dela. Abracei Adele por trás tocando com extrema delicadeza a pele ao redor da ferida.

--Laurie... não tem o que se preocupar, depois se quiser coloco o melhor cirurgião plástico à sua disposição para retirar, mas não é uma cicatriz que vai acabar com sua beleza... você é linda...

--Eu não estou preocupada com a cicatriz... estou preocupada com o que você vai sentir ao olhar...

--Vou sentir o mesmo de sempre. --Beijei seu pescoço lentamente. --Que eu sou o homem mais sortudo da face da terra.

Quebra de tempo

Faz mais de uma semana que Adele retirou os pontos de seu ventre. O processo contra Charles vai indo bem. Os hematomas mais superficiais sumiram por completo. Quase tudo vai bem, tudo menos o psicológico da minha mulher. Agora minha loira está no quarto terminando de se arrumar para voltar ao trabalho.

--Querida? --Entrei no quarto e Adele cobriu imediatamente sua barriga com a blusa branca. Olhei para ela não com pena, mas sem entender o porque de tanto incômodo. Ajoelhei-me de frente para ela levantando sua blusa enquanto acariciava a lateral de sua cintura. Depositei um beijo sobre sua cicatriz e fui subindo meus beijos até seus lábios. Encostei minha testa na sua. --Laurie... Já faz um mês amor, precisa conversar com alguém, se não quiser conversar comigo então converse com seus amigos ou então... um psicólogo.

--Não... quando eu chegar conversamos...

--Você está falando isto desde que tirou os pontos amor. --Coloquei a franja que caia sobre seu rosto atrás da orelha dela. --Querida... não pode trabalhar se seu emocional está assim...

--Simon eu sempre trabalhei, independente de tudo. --Ela saiu do meu abraço e do quarto.

Narra Adele

Sai de casa antes de todos. Não acredito que Simon acha que sou incapaz de exercer meu trabalho.

--Bom dia Luana.

--Bom dia Doutora Adkins, é bom ter a senhora de volta.

--É bom estar de volta, o que tenho para hoje?

--Peter designou sua presença na emergência por hoje, mas a partir de amanhã poderá voltar as salas de cirurgia.

--Obrigada. --Segui até a emergência e estava tudo tão calmo que eu já estava entediada. Logo uma ambulância chegou e eu corri na frente dos outros médicos. Os paramédicos retiraram a maca.

--Qual o caso?

--Mulher, 28 anos, escoriações, ferimento de faca no quadrante superior esquerdo do abdômen, com dificuldades para respirar. Comecei o atendimento rapidamente, o ferimento havia sido profundo e perfurou o pulmão esquerdo foi atingido, foi levada para a cirurgia logo depois.

--Daqui é com você doutor Neves. --Entreguei a paciente para o outro cirurgião.

--Nós casamos para ter alguém ao nosso lado, para amar e apoiar, depois descobrimos que a pessoa ao seu lado era um monstro. --Uma mulher falou ao meu lado, a própria estava chorando.

--Desculpa? Precisa de ajuda?

--Não, a paciente é minha irmã, o marido fez aquilo com ela. --Meu corpo gelou, os momentos com Charles em casa sentado sobre mim vieram a minha mente e eu senti uma pontada em meu ventre.

--Desculpa, preciso ir. --Saí do hospital avisando minha ausência à uma das recepcionistas do mesmo. Dirigi até um parque próximo onde Simon me levava, sentei em um lugar onde quase nunca vai alguém. Passei um longo tempo entre lágrimas até que alguém sentou ao meu lado. --Como soube?

--Você deixou avisado que não voltaria hoje para o hospital, lá eu soube da sua paciente. --Ele me abraçou e eu chorei contra seu peito. --Então lembrei que chamava isso aqui de seu lugar feliz. --Suas mãos acariciam minhas costas trazendo o conforto que ele poderia. --Achei que talvez fosse precisar de um ombro amigo. --Simon segurou meu rosto erguendo o suficiente para olhar em meu olhos que agora estavam vermelhos. --Está pronta para conversar agora?

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