Parte II: I just can't forget you

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Kisame era um inquilino silencioso, no início Itachi ouvia apenas leves sons de passos e nada mais. Esperava ouvir o som do piano, pois havia visto o grande instrumento subir com dificuldade escada acima, mas nada aconteceu por semanas. Era um piano lindíssimo de cauda, preto e apenas pela aparência, o Uchiha imaginava que devia ser algo muito caro para se manter. A verdade é que o novo morador o intrigava, era de se estranhar que um homem tão grande e de mãos enormes, viesse a tocar algo tão suave como um piano, ainda mais um que tinha rosto de bad boy e todos os requisitos para ser líder de uma banda de rock metal. Não que ele só vestisse preto, na verdade era um homem bem simples, sempre de botas pretas, camisas de cores sóbrias e jeans. Mas não podia negar que ele era muito atraente, moreno e com cabelos escuros, muito alto e tinha os olhos tão negros e quanto tristes. O Hoshigaki era como um livro de mistério, e isso o aguçava a saber mais dele ou o porquê daquele olhar.

Hoje o dia estava exaustivo, Santa Mônica fazia um calor de mais de 39º e a casa parecia uma grande sauna. Mesmo a noite como agora, o ar estava quente e até respirar se tornava uma tarefa difícil, já havia perdido a conta de quantos banhos tinha tomado. Dormir seria impossível, então ele pegou seu livro e caminhou para a escada de incêndio na esperança de que nos fundos da casa o clima estivesse melhor. Ele se sentou ali nos degraus, apenas um pouco abaixo da janela que daria para a sala do novo inquilino, e olhou para o céu. As estrelas estavam tão bonitas e brilhando de forma tão intensa, até pareciam felizes pelo calor que fazia aqui na terra. O vento estava quente, devido ao vapor que subia do solo e era quase perceptível o cheiro da maresia que vinha com ele. E então Itachi ouviu, o som. Kisame estava tocando, e o Uchiha fechou os olhos tentando se concentrar na melodia que saía pela janela, na esperança de compreender melhor a música. Cada nota era linda e dedilhada com clareza, como se fossem sons de lágrimas, a dor era tão notável quanto a beleza daquele som melódico.

Queria subir mais uns degraus se esgueirar pela ponta e o ver tocar com clareza, mas teve medo de ser pego em flagrante e acusado de estar espionando a vida dele. Então com cuidado ele desceu as escadas, cauteloso para não fazer barulho e entrou em casa de novamente. Assim que adentrou no corredor, notou o telefone tocando, mas não era dia de ninguém ligar e não estava disposto a atender. Mas se lembrou que Sasuke tem ligado mais vezes, desde que a casa havia sido alugada. Ele se sentia culpado, o caçula se preocupava demais consigo, não queria impedir o irmão de viver ou atrapalhar seus estudos. Caminhou até a cozinha ainda no escuro, e sorriu se lembrando que havia prometido ao menor comprar um celular, mas ambos sabiam que isso não iria acontecer.

— Alô? — disse atendendo o aparelho.

— Uchiha! Se fosse seu irmão ligando você estaria morto! Precisa demorar tanto pra atender esse telefone? — riu em divertimento.

— Uzumaki, nós dois sabemos que cão que ladra não morde. Sasuke apenas ameaça, e eu só estava lá fora tomando um ar. Está muito quente hoje. — ambos riram na linha.

— Estava com saudades de falar com você, estou cansado desse frio, Itachi. Posso me mudar para Santa Mônica? — ele sempre gostou do jeito divertido de Naruto, e em como ele sempre trazia consigo um sorriso.

— Você poderia, mas da última vez que esteve aqui quebrou o jogo de chá que era herança da família Uchiha — o provocou no telefone.

— Mas ninguém me disse que ele era tão caro e importante. Shisui me deixou pegá-lo ... — e então a linha ficou muda, Naruto não havia dito por mal, sabia disso — Itachi, me desculpa. Eu sou muito lerdo, perdão.

— Está tudo bem Uzumaki, é normal falar dele. Doí, mas eu preciso aprender a lidar com isso.

— Eu sinto falta dele, sabe? Ele era meu melhor amigo.

Heart of StoneWhere stories live. Discover now