A semideusa

Cap. 2 - eu tenho um amigo bode que toca flauta

Bradei com a espada e investi contra a empousa, ela desviou e pulou para cima de mim, pude sentir suas presas roçarem minha garganta, engoli em seco , cortei o ar ela desapareceu, suspirei, achei fácil de mais, mas torci para que ela tivesse morrido ou ido embora, engano meu, ela tinha garras horríveis e investiu contra mim, rolei para o lado, não sabia como havia feito aquilo, mas eu fiz. Eu tinha reflexos bons para quem nunca havia lutado. Podia ouvir os passos de Kelly, ela tinha um cheiro de bode molhado e de suas pernas ecoava um barulho como um sino de bronze, o que eu achei muito estranho pra uma vampira ou seja la o que ela era, tropecei em vários móveis até chegar a sala, ela me perseguia freneticamente, incansável. Ouvi barulhos de móveis quebrando, imaginei como tia Belle ficaria quando visse a sua sala de estar, completamente destruída. De repente a porta da sala se partiu, eu imaginei: ÓTIMO MAIS DEMÔNIOS PARA ME MATAR!, mas não era um demônio era Lupper, Saymon Lupper, ele segurava um bastão de madeira e algo que parecia uma flauta. Eu conhecia Saymon, ele tinha TODAS as aulas comigo, ele sempre tentava puxar assunto mas eu nunca havia lhe dado confiança. Achei super bizarro sua aparição ali, exatamente naquele momento bizarro. Ele começou a tocar a flauta, uma melodia que parecia algo como uma música do Green Day, a empousa pareceu aturdida por um instante, mas logo voltou a atacar, dessa vez investiu contra Saymon, mas ervas daninhas e raízes começaram a cobrir Kelly, ela gritava e ao mesmo tempo, chamava Saymon - Ah meu querido! Não faça isso comigo! Venha,me solte, posso te dar uns beijinhos depois, o que acha Lupper? Hãn? Vamos querido!

Ele hesitou por um tempo, pensei que ele botaria tudo a perder, as raízes continuavam a puxando para baixo, logo ela estaria coberta de plantas, resolvi aproveitar que ela estava ocupada com Lupper e desferiu um golpe na cabeça, ela explodiu em uma fumaça dourada,deixando apenas um eco de seu grito horrendo.

Olhei para Saymon ele ainda parecia hipnotizado

- Hey, você pode me dizer o que foi isso? - a luz voltou então notei que ele... CARA ele era um bode da cintura pra baixo e não ele não estava de calças. - VOCÊ É UM B-BODE? -Gritei boquiaberta.

Ele suspirou, percebi que ele já havia tido aquela mesma conversa com outras garotas antes.

-Porque sempre elas? - ele se jogou no resto de uma cadeira na sala - Eu não sou um bode, - ele parecia magoado - eu sou um sátiro.

- Tipo aqueles caras da aula de história?

- É, exatamente como eles. - ele olhou em volta - Temos que sair daqui, eles voltarão.

- Eles que? Quem era aquilo? E porque ela veio atrás de mim?

- Juro que te explico assim que sairmos daqui. - ele parecia assustado, e bem, eu estava assustada e exausta, seja lá quem estivesse atrás de mim, era perigoso. Eu tinha que ir com Saymon, era minha única escolha. Só aí notei que a espada havia se tornado uma presilha, o garoto-bode, reparou o quão aturdida eu estava e explicou - É mágico, ora pode ser espada, ora presilha. Como os mortais chamam mesmo? - Multiuso? - perguntei.

- Isso! Pode usar, é seu! Sua tia era sua guardiã, ela manteve sua espada em ótimas condições. Olhei para a presilha e pensei em tia Belle, em mamãe e como elas haviam escondido essas coisas estranhas de mim. Prendi os meus longos cabelos negros com a presilha dourada, e segui Saymon naquela noite escura e chuvosa.