Cap. 6 - A deusa da fogueira

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Após o jantar os campistas seguiam para a fogueira, alguns voltavam aos chalés, eu preferi me sentar bem próxima a fogueira onde ninguém parecia me notar, atenção era tudo o que eu menos precisava naquele momento. Uma garota que aparentava ter 12 anos, com vestes marrons surgiu ao meu lado, seus olhos pareciam seguir às fagulhas da fogueira, achei aquilo extraordinário. - Você não é uma campista ... é? - indaguei.

Ela sorriu e rugas apareceram ao redor de seus olhos, ela parecia bem mais velha do que eu imaginava, seu olhar era algo de um milhão de anos. - Não querida criança, eu sou Héstia, a deusa da lareira.

- Deuses. - murmurei.

Ela não pareceu ofendida, apertou os lábios como se estivesse escolhendo as palavras certas. - Sei de suas dúvidas. Não tema minha querida, você está mais segura aqui! - Ela olhou em volta como se quisesse que eu sentisse a áurea que o lugar emanava. - Você encontrará aqui, o que procura. Não tenha pressa.

A deusa desapareceu apenas deixando fumaça com cheiro de uma cozinha cuja estavam sendo preparadas diversas comidas caseiras.

Olhei para as estrelas, e lembrei do sonho com David, será que ele estava bem?

Pensei nas palavras da senhora Héstia, e decidi que seria ali que eu permaneceria até que o mundo lá fora fosse seguro pra mim. Vi um garoto com roupas pretas, branco como um fantasma e cabelos negros como a noite, bagunçados da mesma forma do de David, aquele nome ecoava em minha cabeça . Ele sentou-se ao meu lado.

- Oi, Julie... - ele corou ao dizer meu nome, o que eu achei bonitinho, ele parecia ter uns 15 anos, ou menos. Sorri, mas não disse nenhuma palavra- ... Eu me chamo, Nico, chalé de Hades.

Arregalei os olhos o máximo que pude, em alguma das minhas aulas de história eu havia ouvido esse nome, e me lembrava de ter sentido uns arrepios na minha pele, ele era o... o... - O cara dos mortos? - fiquei boquiaberta.

Um pequeno terremoto rebumbou embaixo de nós.

- Meu pai não gosta que... hã, o chamem de " O cara dos mortos", mas sim, meu pai é o Deus dos mortos, do Mundo inferior.

Notei a arma dele, era escura como a noite, nunca havia visto uma arma como aquela, estar perto de filho de Hades era estranho. Parecia que todas as sombras se curvavam para ele, inclusive a minha, era de assustar. Acho que Nico notou que eu fitava sua arma e disse - Foi banhada no rio Estige, espero que você não passe por ele tão cedo. - ele riu.

Eu não fazia ideia do que ele estava falando, mas concordei, qualquer coisa que fosse no mundo inferior eu queria não estar lá tão cedo.

Um som ecoou pelo campo. - Hora de dormir - suspirou o garoto- odeio essa parte. - ele sorriu- Bom, vou indo, boa noite. - ele ia saindo, então eu disse. - Ei, não pense que eu não sei que você não vai dormir, - eu ri- também odeio essa parte, mas hoje vou ter que me render ao sono. - levantei e estendi a mão a Nico- Boa noite garoto das sombras. - ele riu, e tocou minha mão, sua pele era fria como gelo, mas ignorei isso, afinal ele era filho do deus dos mortos. Ele correu pra floresta e eu segui para o chalé.

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