A semideusa

Cap. 10 - Flor-de-lótus

Viajamos a noite toda por ruas escuras e estranhas, não sei porque mas eu sentia que algo estava para acontecer, meus amigos também pareciam aflitos.

Percy estava calado a viagem inteira, ele e Annabeth, conversavam apenas entre eles. Nico dormia apoiando a cabeça em meu ombro. E Saymon dirigia ao som uma ópera, como ele conseguia ouvir aquilo, eu juro que não entendia. Ele parou em um grande e majestoso hotel, Hotel e Cassino Lótus.

- Se temos que encontrar alguém, esse será o lugar. - disse Percy. - Mas temos que tomar muito cuidado, eu... han... não tive boas experiências com esse lugar antes. Annie sabe muito bem.

- Ela suspirou e olhou o lugar como se ela, recusava entrar ali, Nico também estremeceu, ao olhar o lugar, - Eu e Bianca... Costumávamos morar aqui, até que...- ele se calou subitamente.

Entramos, o lugar era um paraíso. Vários adolescentes de várias idades corriam de máquina em máquina atrás de jogos e refrigerante. - Não se separem, - Percy recomendou- e não comam a flor-de-lótus. - ele apontou para uma garçonete que carregava uma bandeja repleta de doces parecidos com pequenas flores.

Vasculhamos o cassino disfarçados de jovens que estava ali apenas para a diversão. De repente vi algo, ou melhor alguém e o meu coração começou a pulsar mais rápido, era David. Tão lindo como nos sonhos. Tentei me aproximar dele. Mas Nico me chamou. - Julie não se afaste muito. Sério, você não gostaria de ficar aqui pelo resto da eternidade.

- Olhei pra Nico desesperadamente, - Quem estamos realmente procurando?

- Não sei, um meiosangue talvez... a criança de Atena.

Eu precisava tirar David dali, mas como? Ele parecia despreocupado, feliz. Um nó se formou em minha garganta e eu corri até ele. - David Karl? - Ele me olhou como se aquele nome o lembrasse de algo.

- Falou comigo garota?

- David, e-eu sou Julie, lembra? Julie.

Ele pareceu vasculhar sua mente, mas não se lembrou de mim. - vamos, você tem que sair daqui. - meus olhos já estavam cheios de água, uma lágrima escorreu por minha bochecha, eu queria fugir dali com ele. Nico veio atrás de mim- JULIE, O QUE VCS ESTÁ...- ele viu minha desolação e baixou o tom de voz. - Você o conhece?

- Longa história. - olhei tristemente para David.

-Eu não conheço nenhum de vocês, me deixem em paz por favor, ou vou ser obrigado a chamar a segurança. - eu segurei o braço dele e olhei no fundo de seus olhos cinzas. - David, meu amor. Lembre-se por favor. - lágrimas desciam como uma tempestade em meu rosto. Nico parecia preocupado comigo, mas não disse uma única palavra. David me olhava com desprezo, o que me doeu ainda mais. E de repente um brilho tomou seus olhos, ele pareceu acordar de um transe. - Julie? É você? - eu sorri e o abracei o mais forte que eu podia. Aquele abraço me trouxe tanto conforto. Nico pigarreou, - Bom, galera acho que, han, temos que ir embora. Ele apontou para três brutamontes que corriam em nossa direção.

Percy, Annabeth e Saymon nos esperavam na porta, corremos o mais rápido que pudemos, os gigantes pareciam incansáveis, eles nos seguiram até um beco escuro. Annabeth colocou seu boné de invisibilidade contra atacou os gigantes, um deles a mandou pelos ares, ela bateu a cabeça em uma parede e caiu desmaiada, Percy correu até ela. David levantou sua faca e correu até um dos gigantes, enquanto Nico atacava o outro ele parecia saber o que estava fazendo, Saymon tocava sua flauta e ervas surgiam do solo, amarrando as pernas e braços dos gigantes, eu corri para ajudar Nico, David parecia estar se saindo bem, eu e Nico dreferimos um golpe juntos e o gigante derreteu em um líquido dourado.

David não parecia assustado, muito pelo contrário, ele lutava como um guerreiro. Ele subiu nos ombros do gigante que já estava completamente imóvel por conta das ervas de Saymon, e perfurou a garganta do gigante, que também derreteu em um líquido dourado. Corremos em direção a Annabeth, Percy estava dando ambrosia pra ela. Ela parecia melhor mas havia um corte horrendo em sua testa. - Eu estou bem pessoal, vamos seguir viagem.

- Não, - Nico interferiu- Nós não podemos seguir viagem, temos de descansar.

David estava sentado isolado, em um canto escuro do beco, ele parecia abatido e cansado. Desde que fugimos nós não havíamos nos falado. Ele me olhou e sorriu, o que me deixou confortável. Resolvemos que iríamos até uma padaria, para comer e mandar uma mensagem de íris para Quíron. Nico contou a ele tudo o que havíamos feito desde que saímos do acampamento, contou sobre David. - Creio que ele seja a criança de Atena que a profecia mencionou. Mantenham-no perto. E tragam-no em segurança para o acampamento.

Após a conferência e o  lanche, resolvemos procurar um local para dormir. Fizemos uma fogueira, senti falta da senhora Héstia.

David sentou ao meu lado, ele fitava o horizonte como da primeira visão que tive com ele. - Vi minha mãe. - ele suspirou. - Ela me disse que eu te encontraria. Tentei não odia-lá mas as coisas que ela havia me dito me deixaram irado. - eu sabia do que ele estava dizendo, também havia tido aquela experiência alguns dias antes. - Você sabe o que é,não sabe? - perguntei a ele.

- sou como você,minha doce Julie! -Eu sorri.

- É bom te ter de volta. Senti tanto sua falta... - minha voz vacilou. -... Senti medo de que eu nunca mais pudesse vê-lo.

- Eu nunca desisti Julie. - ele me olhava no fundo dos olhos. - Nunca.

Nos abraçamos, acho que adormeci em seus braços. Acordei no dia seguinte com Saymon berrando- BÉÉÉÉÉ NECESSITO DE DONUTUS.

- Cale a boca Lupper. - Nico rosnou- Quer chamar a atenção de mais monstros?

- ele olhou em volta de onde estávamos. - precisamos de uma carona, já que perdemos nossa van.

Eu nunca havia roubado, mas senti a necessidade de pegar um carro emprestado. O primeiro que eu vi, era um meriva prata, abri a porta, não alarmou por sorte.

Pulamos dentro do carro, eu ia dirigindo, achei estranho nenhum policial ter nos parado, viajamos até cerca de meio-dia. Estávamos faminto, paramos na frente de uma lanchonete, Percy e Annabeth saíram pra comprar o lanche, enquanto Nico e Saymon saíram para olhar em volta. Estávamos em uma cidade pequena, afastada, era rústica, com poucas casas, rodeada por enormes montanhas, Saymon disse que ele podia rastrear monstros apenas com seu faro.

Eu e David ficamos sozinhos no carro, o que me deixou confortável. Eu gostava dos outros mas estar a sós com ele, fazia como se eu ficasse segura. Ficamos um tempo em silêncio até que ele estendeu a mão pra mim com uma pequena pulseira dourada, com muitos pingentes um parecia com um raio, outro era um olho grego,  outro parecia uma espada. - Eu... minha mãe... me deu de presente em nosso último encontro... ela disse que se eu à encontrasse,  era pra te dar isso. - ele prendeu a pulseira em meu braço e ela brilhou ainda mais, era mágica.

- Ela é linda. - eu sorri, encantada. - Mas... porque sua mãe queria que você me desse ela?

- Não sei Julie, talvez pra que eu não desistisse de encontrar você... era como um estímulo. - ele me encarou como se não me visse a muito tempo.  -Eu passei por tanta coisa...enfrentei monstros, semideuses loucos, deuses menores tudo para encontrar você, e por fim quem me encontrou foi você. Parece irônico, não? - ele sorriu.

- Minha missão, era encontrar você... - lembrei da profecia, David era a criança de Atena. - Agora,eu não posso falhar, tenho que levar você em segurança até o acampamento e...

- Eu não quero ir pra lá. Nós podemos fugir e vivermos os dois. Um lutando pelo outro. Como sempre foi.

Eu queria dizer que sim, mas eu sabia que ambos não sobreviveriamos,  nós precisávamos estar seguros, no acampamento.

- Não David... nós não podemos mais viver fugindo de tudo isso. Eu sou filha de...-  abaixei o tom da minha voz-...Sou filha de Zeus. Os monstros mais perversos e demoníacos viriam atrás de nós,  e sem treinamento não teríamos chance alguma. -Ele me olhou buscando entender o que eu dizia. - Nós não podemos David,ficar sozinhos.

Saymon e Nico vinham correndo da floresta. Gritando por Percy e Annabeth. Eles entraram correndo no carro, seguidos pelo casal que saia apressado do restaurante.

- Vamos Julie.... tem um PORCO GIGANTE VINDO DA FLORESTA. -ele estava ofegante, liguei o carro e acelerei.