Fui à Paris.
Minha vida estava um inferno.
Eu repetir tanto que queria "ir à Paris" que finalmente realizei.
Não foi fácil.
Tudo começa com uma vontade.
Na verdade o meu desejo era fugir do caos do meu cotidiano.
Pagar boleto, água, luz, internet, aguentar assédio moral no trabalho, ficar sem dormir porque os vizinhos ouvem música e fumam até o amanhecer, ouvir palpite de parente sobre sua vida, a vida era só essa. Precisava fugir!
Eu carregava em mim uma bagagem muito maior do que a que carreguei na mão.
Ao chegar, andei meio perdida entre a multidão quando fui surpreendida por um homem sem mão, haviam arrancado, logo atrás vinham manifestantes e polícia: um transtorno inenarrável.
Corri. A única ação que tive. Parecia chique correr em Paris, mas não foi uma boa experiência. Tudo que eu precisava resolver estava sendo distraído com vitrines que eu não comprei. Nada mudou.
Apenas estava em Paris. Tudo continuava aqui. Tudo me esperava lá. Talvez seja melhor sofrer aqui.
As ruas estavam tão caóticas quanto eu. Tão frias quanto eu. Corri perdida lá e aqui. Agora desejo viajar para dentro de mim e encontrar o que faz a beleza ser vista.
Voltei.
