O barulho de chuva no telhado, relâmpagos, cheiro de terra molhada, até mesmo trovões, sempre me trouxeram uma sensação agradável nas madrugadas em que eu estava deitado. Parecia um carinho dos céus pra mim. Imagino como muitas pessoas pensem o contrário, mas eu amo.
Numa dessas madrugadas, ao ouvir o som da chuva, puxei o lençol e ainda adormecido sorri. O que eu não esperava era uma goteira em cima da minha cama, justamente onde coloco a minha cabeça. O primeiro pensamento foi, vou ignorar, pode ser que passe logo, mas não passou. Segundo plano: arrastar a cama! mas pra movê-la eu precisava mudar a mobília no apertado quarto. Terceiro pensamento: colocar um balde! Virei a cabeça pro outro lado e coloquei o balde entre meus pés. A chuva engrossou. Toc, toc, toc, toc, toc, fizeram as primeiras gotas ao bater no fundo. Após alguns minutos o nível da água subiu e se ouvia um thum, thum, thum, thum, não consegui relaxar e pensei que ao dormir eu ia virar o balde em cima do colchão.
Último plano, peguei uma escada velha no quintal, escalei ela só de blusa e cueca, procurei a telha problemática e com dificuldades consegui colocá-la no lugar. Voltei a dormir com um sorriso agradável.
Parece que a gente sempre sabe como resolver as coisas, mas prefere deixar para o último plano.