Onde foi que eu me perdi?

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Quando eu lembro da criança que fui, ingênua a ponto de achar que eu podia salvar o mundo da fome e do medo, e comparo com o que sou hoje, me pergunto: onde foi que eu me perdi?

Reflito se vale a pena sair do mundo da fantasia pra viver nesse da realidade. Que obstáculos são esses que são capazes de mudar um coração?
A gente vive em um mundo onde a mãe diz "Se você mentir pra mim vai apanhar", mas quando o vendedor bate a porta ela obriga o filho a dizer que "A mãe não está!"; onde a gente vive falando mal das pessoas na frente das crianças, e depois quer ensina-las com tom de moralismo sobre amar o amiguinho.

Nesses dias presenciei uma avó levando um presente pra neta porque na verdade, o pai da menina não queria vê-la (isso porque a separação se deu por uma traição não perdoada), e a criança recebe a grande boneca dizendo: "Meu pai não gosta de mim!" enquanto a avó mente ao dizer que a boneca foi mandada pelo papai e ele não podia está presente.

Não são as raposas que destroem a vinha, são as raposinhas!
Não são grandes acontecimentos que mudam corações, são os pequenos, aqueles quase desprezíveis, mas que no fundo, seja do coração de uma criança ou de um adulto ferido, são percebidos e enraizados.

Ninguém pode prometer que vai mandar no coração. Ninguém está imune às maldades que mudam cursos. Ninguém enxerga todas as más intenções que existem por trás de máscaras moldáveis, mas uma coisa é certa, tudo retorna de alguma forma.
Talvez aquele problema que você diz "é castigo ou injustiça", na realidade (se é pra falar de realidade mesmo) são só "as uvas estragadas da sua vinha, as que você plantou e os pais das raposinhas vieram devorar ".

Não dá pra proteger o coração o tempo todo, e muito menos reiniciá-lo.
Mas dá tempo desaprender algumas lições, que você insiste em chamá-las de "verdade".

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