Tio Alfredo hoje é um idoso chato que vive em sua cadeira de balanço. Eu estava me perguntando porque sempre evito conversar com ele. Na verdade não gosto dele. Deve ser as impressões que deixou na minha adolescência. As recordações que tenho são dele me rebaixando na frente das pessoas, rindo das minhas roupas, do meu penteado, do jeito que eu falava. Ah, o adjetivo preferido era "desastrado".Adjetivos, por falar neles, se o seu nome não fosse Alfredo, seria Tio Adjetivo. Gordo, magro, feio, bonito, alto, baixo, não importa se você está bem: só precisava de um adjetivo favorável. As pessoas costumam tratar adolescentes como se eles fossem nada. Talvez pelo seu jeito "estranho" de descobrir as coisas novas: parece que tudo dá medo. Tudo que vai mudando vira comentário. Já querem saber se você está namorando, reparam se você fez o bigode... "que bobagem Fred". As pessoas não costumam se importar com a estrutura das outras, que são diferentes! Tio Alfredo era um chato da minha adolescência, aquele que fazia eu me sentir um nada. Uma aberração!
Hoje tá doente sob os cuidados da minha mãe e eu que vou comprar os remédios: devo ser tudo agora.