Embrulho

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A novata do armarinho estava num dia caótico, quando eu cheguei com um brinquedo daqueles bem difíceis de embrulhar pra presente. Ela estudou um pouco como faria, e então se justificou.
– Olha, vou tentar fazer o melhor que posso, mas não tenho muita experiência.
Coitada! Se viu na obrigação de me dar uma satisfação, antes que possivelmente eu perdesse a paciência. Colou daqui, colou dali. Confesso que para uma criança aquilo não faria muita diferença, ia ser rasgado mesmo. O embrulho ficou esteticamente trágico. Dei aquele sorriso de compaixão pra esconder o constrangimento caso eu precisasse dizer a verdade.
– Está ótimo! É assim mesmo. Em breve você estará dominando isso.
– Obrigada. – retribuiu sorrindo.

Passaram-se três meses e fui comprar outro complexo presente que precisava de embrulho. Ela abriu o papel sobre o balcão com firmeza, parecia decidida no que estava fazendo. Em questão de poucos minutos estava pronto. Não sei se ela lembrava da primeira vez que fez um embrulho pra mim, mas eu sorri agradecendo e sair dali Feliz por ela.

Pequenas superações também necessitam de um tempo, e mais que isso, as pessoas precisam da nossa paciência e gentileza.  

Eu preciso.

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