Colocando as manguinhas de fora

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Aos 12 anos, eu era um garoto extremamente comportado e calado. Talvez fosse culpa da timidez. Minha cabeça borbulhava - coisa que nunca mudou - com palavras contidas que nunca dizia. Uma das colegas de classe, sem motivos óbvios, se dispôs a me irritar inúmeras vezes. Na minha mente eu me via o tempo todo enforcando-a com minhas próprias mãos, mas o que se enxergava era um garoto com a mesma expressão e silêncio.
Durante um trabalho em equipe, a tal garota focava insistentemente em me rebaixar. Todos riam com o canto da boca. Quando algo explodiu.
- Você é uma idiota! Deveria ter vergonha de ficar namorando com policiais escondida.
Disse isso porque sempre via ela conversando com alguns policiais no caminho de casa de forma suspeita. Ela deveria ter uns 15 anos.
- O que é isso? Colocando as manguinhas de fora?
Gritou o professor espantado com uma versão minha que ninguém conhecia. Não tentei me defender. Ouvi o sermão enquanto minha colega ficou vermelha.
Com certeza fiquei mal visto como o sonso ou o desequilibrado. Não admiro minha atitude, mas fico pensando que, antes de um vulcão explodir ele contém por algum tempo um movimento que ninguém ver. Quando vem a tona destrói muita coisa.
Pessoas tem estruturas diferentes. Por isso resolver conflitos o quanto antes é tão imprescindível.
Ter relatado o caso a diretoria talvez houvesse sido a melhor opção. Coisas contidas tem limite. Explodem.

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