12. Ele é meu mate?

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Kyle estava tentando me contactar a vários dias, mas eu não queria saber das suas ligações ou de ter que escutar a sua voz. Ele tinha me magoado de um jeito que não deveria. Ele tinha me envergonhado na frente de todo mundo.

Mesmo que ele achasse que eu estava errada e no fundo, eu concordasse, porque Ezra era considerado como uma área proibida, ele ainda precisava ter qualquer pouco de respeito por mim. Me expor na frente de todo mundo daquela maneira foi constrangedor.

Faltava uma semana para o meu aniversário. Eu não conseguia encarar Ezra e estava me negando a ter jantares familiares, a sair do meu quarto ou qualquer coisa que envolvesse a sua família.

“Você não pode se esconder para sempre,” Mamãe diz, escovando meus cabelos.

“Porque todos estão levando isso tão naturalmente?” Revirei meus olhos, respirando fundo.

“Não vou dizer que não foi errado. Você e Ezra não deveriam se trancar em um banheiro, sozinhos. Mas, o que é que podemos fazer? Já aconteceu,” Ela dá de ombros.

“Mãe, vocês não vão me castigar para eu aprender a nunca mais fazer?” Ergui minhas sobrancelhas.

Porque parece que quando envolve Ezra, todo mundo acha tudo que acontece natural? Porque sempre que estou com ele, me safo de todos os problemas. Mamãe e papai me proibiam de entrar no meu quarto com Toby, mas beijar Ezra no banheiro era um simples “não tem mais como voltar atrás”?

Resolvi deixar tudo para lá. Não valia a pena tentar entender. Era assim desde que eu me entendia por gente. Desde o dia da sua… transformação. As lembranças invadem a minha mente bruscamente, como um soco no estômago. O jeito que Ezra precisou de mim, o jeito que me defendeu, o jeito que se aproximou depois que foi embora. Será que…?

“Ezra é meu mate?” Eu despejo em minha mãe e ela para de trançar meu cabelo por um segundo, me encarando pelo espelho e depois.

“Não sou a deusa da lua, querida,” Ela diz, por fim.

“Mas, você disse que tinha certeza que Toby não seria meu mate e sempre agiu desse jeito quando se trata de Ezra…” Eu a encaro profundamente.

“Querida, eu espero que a deusa abençoe você e não que amaldiçoe. Eu sei e vi pessoalmente como Ezra e Lindy ficaram quando descobriram que eles dois não eram mates. Foi doloroso. Eu só não queria o mesmo para você caso descobrissem que não eram…” A minha mãe suspira, segurando meus ombros e me encarando através do espelho. “E eu espero estar certa. Toby não merece você.” Ela beija o topo da minha cabeça.

“Eu sinto muito,” Sussurro.

“Não existe porque se desculpar. Sou sua mãe, querida. Erro também, mas sempre tentando fazer o melhor por você e por seu irmão,” Ela sorri com os olhos para mim. “Quando vai falar com o seu irmão?”

“Nunca,” Cruzo meus braços. “Ele não tinha que ter me exposto desse jeito. Estou magoada e preciso de tempo, de espaço.”

“Querida, você está sendo muito radical.”

“Estou sendo justa, assim como ele foi comigo,” Eu me levanto, a encarando. “Agora, vá. Eu posso jantar a lasanha que está na geladeira. Não perca seu jantar por mim.”

“Você não vem?” Ela perguntou.

“Tenho que estudar para o vestibular,” Sorrio docemente para ela.

Mamãe me encara e alisa a minha bochecha assentindo para mim. Ela parecia querer falar alguma coisa, mas se virou e saiu, me deixando sozinha. Eu me joguei na cama, me enfiando entre os meus cobertores.

Mesmo sabendo que me isolar não era bom e saudável, ainda era o melhor para mim. Pelo menos, até que a minha vergonha passasse. Eu não conseguiria colocar a minha cara depois disso tudo.

Meu celular começou a tocar e eu encarei a tela. O número de Toby brilhava. A dois dias, ele vinha tentando me ligar para conversar, mas eu não queria ter qualquer tipo de contato com ele. Não depois de tudo que ele fez. Eu não podia tolerar mais. Mas, no fundo, queria correr para contar para Kyle, para ele acabar com essa minha maldita dor de cabeça.

Eu rejeitei a chamada, voltando a me deitar. Não, não posso ceder.

A companheira secreta dos Alfas {Em revisão}Onde histórias criam vida. Descubra agora