Música de fundo recomendada: Rewrite the Stars - James Arthur & Anne-Marie.
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Mare Barrow
Poderíamos ter continuado assim por décadas, anos. Sem nunca nos preocupar com nada ao nosso redor. Pelo menos, por mim, poderíamos. Claramente o guarda de Maven discorda avidamente.
- Majestade? Está tudo bem? - logo atrás da porta.
Maven relutantemente se afasta, as mãos ainda passeando pelas minhas costas.
- Está tudo bem, pode ir.
- Majestade, me sentiria melhor se pudesse entrar e verificar isso. Mare Barrow é uma ameaça para Norta e...
- Está tudo bem, pode ir embora - mais alto, impetuoso, impaciente. - agora!
Alguns segundos se passam e o soldado ainda parece estar do outro lado da porta.
- Isto é uma ORDEM! - ouço passos se distanciando.
Nos aproximamos. Maven roça meu nariz com o seu. Devagar, suavemente, ele me beija. Diferente de quando o beijei, quando estava incerto sobre minhas intenções. Diferente de quando me beijou, com desejo puro e irrefreável em seus olhos. Diferente. Saboreando. Devagar. Como se temesse o fim daquele momento tanto quanto eu.
O que seríamos depois daquilo? Nunca tinha sido uma opção. A regra era que éramos inimigos. Ele: rei de Norta, arrogante, sombrio, prateado. Eu: ameaça pública, rebelde, elétrica, vermelha. Ele parece ler meus pensamentos.
- Não sei o que vai acontecer daqui para frente. Mas espero que me permita - permitir o quê? a pergunta paira em meus olhos. Ele está tão sério. - Você vai perceber, Mare, que eu não tenho muitas esperanças quando o assunto se trata de mim mesmo - uma sombra passa por seus olhos. - Mas agora eu tenho esperança. Apenas uma. Eu tenho esperança de que você não vai me afastar. Não sou tolo, não estou esperando que você me perdoe pelo que aconteceu em nenhum momento próximo. Também não espero que me perdoe, no final. Você precisa me culpar, você deve me culpar. Mas espero que não me afaste, Mare. Se for fazê-lo, faça-o agora. Se não puder suportar estar próxima, se achar que vai acordar amanhã e se arrepender profundamente, se afaste. Agora. Sei que mereço a pior punição. Sei que mereço sofrer por tudo que fiz - meu Maven - mas, por favor, não faça isso. Não se aproxime de novo só para me deixar depois.
Consigo ver a súplica em seus olhos e isso me parte o coração. Meu Maven. Está aqui, na minha frente. Está aqui, comigo. Estava me beijando há poucos segundos. Meus olhos ardem com a ameaça de lágrimas. Olho para o teto. Não quero chorar, não posso chorar na frente dele.
- Antes que me responda, antes que pense bem nisso, preciso que entenda uma coisa - suas mãos param em minhas costas. - Elara - ele para por um segundo. - Eu não sei como, eu não sei porque, mas ainda a ouço em meus pensamentos. Minha mãe e sua influência conseguiram se enraizar bem fundo na minha mente. Normalmente quando estou perto de você, a voz dela se torna mais ativa. Tenta me manter longe de você, assim como ela mesma em vida tentava.
A água da banheira começa a esfriar.
- Tem dias, como hoje, que consigo ignorá-la. Consigo decidir por mim mesmo. Consigo pensar por mim mesmo. Elara passa a ser uma voz no fundo da minha mente. Inofensiva. Ainda a ouço, mas suas palavras não têm tanto impacto quanto costumavam ter - ele parece nervoso, ansioso. - Tem dias... - ele para. - Merda. Como eu vou explicar? - ele respira fundo, tentando se acalmar. Passam-se alguns segundos. - Tem dias que são mais difíceis. Dias em que Elara parece estar viva a meu lado rugindo comandos. Me manipulando, assim como fazia antes. Dias em que meus pensamentos não são fortes o suficiente para ignorá-la. Alguns dias não consigo nem ouvir meus pensamentos. Tudo o que existe é ela - ele respira fundo mais uma vez.
- Maven... - ele me interrompe.
- Me deixe terminar. Não vou culpá-la. Nunca vou culpar minha mãe pelo que fiz depois de sua morte. Em algumas vezes, não fui forte o suficiente, não lutei o suficiente contra seus planos. Deixei que esse vestígio dela comandasse. Outras vezes, ela estava no controle completamente, mas nunca tive motivos para me incomodar com isso. Para lutar. Mesmo agora ela diz que sou um estúpido e que deveria tê-la matado, Mare, quando tive a chance. Mas não é seguro, Mare. Não comigo. Não com minha mãe e suas manipulações ainda vivas em minha mente.
Ele apoia suas mãos em meu rosto. Suave, gentil.
- Eu lutarei, Mare. Lutarei por você. Enquanto estiver a meu lado, enquanto eu estiver vivo, mesmo que eu esteja nos piores dias. Mesmo nos dias em que a voz de Elara estiver ganhando. Saiba que eu lutarei para encontrar meu caminho de volta para você, Mare.
Eu não esperava isso. Não esperava realmente encontrá-lo ali falando comigo. Não esperava que meu Maven ainda estaria lá. Eu tinha esperança. Era isso. Mas sabia que Maven viraria as costas e que se afastaria e que riria da minha cara. Eu tinha certeza. Mas precisava tentar. E ali ele estava. Suas mãos se movem até minha nuca, ainda esperando uma resposta. Seus olhos nos meus. Sua respiração extremamente calma, como se temesse que o mais suave ruído pudesse estragar aquele momento, romper aquela bolha ao nosso redor que bloqueava o mundo exterior.
- Não desista de mim, Mare. Mesmo acreditando que não estou aqui. Mesmo que todos os outros acreditem que não estou aqui. Não desista de mim.
Eu sei o esforço que ele está fazendo para disparar aquelas palavras para mim. Eu sei que mesmo para aquele garoto que conheci e amei, sentimentos não são fáceis. Elara se certificou disso.
- Não desista de me amar, Mare.
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Rainha Prateada | Fanfic de Rainha Vermelha
FanficFanfic de Rainha Vermelha | +16 anos | Maven está na banheira. Tão vulnerável. Estamos sozinhos. As pulseiras de Pedra Silenciosa ainda estão fazendo seu efeito. Minhas perguntas me consomem, mas tudo que posso fazer é encará-lo. Será que o rapaz pe...