Música de fundo recomendada: Sweet Dreams - Sucker Punch Version.
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Mare Barrow
4 dias para o casamento
Meus guardas me escoltam pelo longo caminho até a sala do trono enquanto meus pensamentos me atormentam. Maven. Eu sei muito bem o que é estar preso no próprio corpo com um deles na sua cabeça, puxando as cordas. Eu sei o quão aterrorizador pode ser, com pouca experiência em si. Mas Maven? Ele vem passando por isso a vida inteira. Palavras que não são dele deixam seus lábios, coisas que ele não queria fazer aconteceram por suas mãos. Não consigo deixar de indagar se ele deixa que eu faça os avanços porque ele não sabe como é querer algo e ter esse desejo respeitado por outra pessoa.
A porta se abre e entro em minha personagem. Quem eu devo ser. Submissa, mas feliz. Aquela que foi resgatada das garras de uma rebelião sem sentido, orquestrada por bárbaros vermelhos que se aproveitaram de meus dons, que por milagre tenho. Não ergo os olhos enquanto sou guiada para o trono. Do lado direito, há uma grande almofada vermelha no chão, uma novidade. Faço uma reverência e espero permissão para me levantar.
- Então o que temos aqui - Maven. - Mare. Barrow - cada sílaba pronunciada com uma longa pausa.
Não tenho certeza do motivo, mas não ouso erguer os olhos. Não suporto a ideia de levantar o olhar e de não conseguir ver o olhar de Maven. Meu Maven.
- Onde estão meus modos? - A voz de Maven ecoa pelo salão. - Erga-se. - Obedeço, mas mantenho o olhar em seus pés. - Sente-se.
Pela minha visão periférica, vejo-o gesticular para a almofada no chão. Meus guardas me deixam e vão em direção às portas. Aparentemente, não ofereço perigo algum quando próxima ao trono do rei de Norta. Pedra Silenciosa. Devagar, avanço. Passo a parte da frente da saia do vestido para a frente da almofada e me sento sobre meus joelhos, com as mãos em meu colo. Submissa. O animal de estimação do rei. Poderosa. Subjugada.
- Muito bem. Vamos começar. Tragam-no.
As portas se abrem e guardam arrastam para dento um rapaz, com mais ou menos a minha idade, cabelos negros como a noite e pele queimada do sol. Sua cabeça pende para baixo, como se o cansaço extremo não o permitisse levantá-la. Suas roupas não são mais do que trapos rasgados, presos ao corpo apenas por tiras finas de tecido velho.
Sinto a mão de Maven sob minha cabeça. Para me lembrar do meu lugar, imagino. Os guardas colocam seu prisioneiro ajoelhado em frente ao trono e seus músculos se contorcem com a dor.
- Ora, ora - Maven começa. - Se não é o vermelho que eu atribuí casa, alimento e trabalho dignos em meu reino - uma pausa. - Você não voltou para me fazer uma visita desde que nos vimos pela última vez - outra pausa. - Confesso que estou preocupado. Ouvi notícias perturbadoras suas.
Mesmo com o tom ameaçador de Maven, o rapaz continua olhando para baixo, imóvel. Como se não reconhecesse a presença do rei de Norta.
- Quer me contar o que aconteceu ou devo acreditar nos rumores que ouvi?
O prisioneiro mantém-se em silêncio.
- Muito bem. Ethan Sterling você é acusado de assassinato de um membro de uma família prateada tradicional e respeitável - outra pausa. - Como se declara?
Silêncio. Apenas silêncio. Fale alguma coisa. Defenda-se. O rapaz faz um pequeno movimento de cabeça e ele parece notar minha presença. Ele ergue o olhar diretamente para mim e me encara.
Não é possível que você tenha assassinado um prateado a sangue frio. Conte o que houve.
Como se ouvisse meus pensamentos, ele conta sua história, completamente focado em mim.
- Meu nome - uma pausa - é Ethan - ele respira fundo. Estava nos fundos carregando sacos de suprimentos para o palácio quando aconteceu. Um dos sacos bateu forte no meu antebraço, - ele engole em seco - o que criou um hematoma. Não era nada sério, então continuei minha função. Como o rei disse, um trabalho digno para um vermelho - ele bufa. - O cidadão respeitável do qual vossa majestade se refere - outra pausa - percebeu meu sangue e achou uma boa ideia gritar para todos ao redor sobre como eu era uma ameaça. Ele era um silfo e eu um vermelho com pouco a mais de força. Ele começou a tirar meu oxigênio - consigo ver o desgosto nos movimentos de seus lábios - devagar - ele engole em seco novamente. - Eu me defendi. Ele não parou de me atacar. Ele morreu. Mas o sangue que todos exigem é o vermelho, de um jeito ou de outro, não é mesmo?
Meu corpo inteiro gela. Talvez se eu pedisse uma audiência com Maven, ninguém desconfiaria da nossa ligação. Me viro para olhar em seus olhos, mas tudo que vejo é a frieza de Elara. Elara. Nunca conseguirei convencê-la a salvar o rapaz, afinal o mesmo desprezo que ela tem por ele ser um vermelho ela tem por mim. Tento me levantar, mas a mão de Maven deixa claro que devo ficar em meu lugar. Viro o rosto em sua direção, mas só tenho tempo de vê-lo assentir para o guarda.
Meus olhos me traem e se voltam para Ethan, mas é tarde demais. Um dos guardas abre sua cabeça com um golpe de espada. Seu sangue ainda quente espirra em meu vestido, meu cabelo, meu rosto. A mão de Maven deixa minha cabeça.
- Culpado então - ele solta, com um sorriso sombrio em seu rosto. O sorriso de Elara enquanto ela vasculhava cada canto de minha mente. Enquanto ela me quebrava de dentro para fora.
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Rainha Prateada | Fanfic de Rainha Vermelha
FanficFanfic de Rainha Vermelha | +16 anos | Maven está na banheira. Tão vulnerável. Estamos sozinhos. As pulseiras de Pedra Silenciosa ainda estão fazendo seu efeito. Minhas perguntas me consomem, mas tudo que posso fazer é encará-lo. Será que o rapaz pe...