Capítulo Onze

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Música de fundo recomendada: Mirrors - Boyce Avenue.


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Mare Barrow

6 dias para o casamento


Sinceramente, não tenho palavras. Me deito na cama e o encaro. Maven nunca havia sido tão aberto. Isso me deixou balançada, assustada e surpresa ao mesmo tempo.

- Sabe o que eu estava pensando? - ele para de encarar o dossel e olha pra mim. - Eu estava pensando em como eu achava impossível. Impossível que você estivesse ainda aí. Eu disse isso a Cal diversas vezes, tentando convencê-lo, tentando convencer a mim mesma. Logicamente eu não esperava vir para Whitefire e certamente não esperava estar onde estou agora, em especial tão rapidamente. E agora estou pensando em como você se abriu e em tudo que fez de ontem para hoje. E no quanto eu fui teimosa antes, pensando que você havia partido sem lhe dar uma chance.

Ele engole em seco. 

- Eu não consigo esquecer tudo que aconteceu, Maven, me desculpe. Foi muita coisa, mesmo que grande parte fossem planos de Elara. Eu sei que você não podia fazer nada de início, mas...

- Você não sabe - Maven solta, com um tom de ódio.

- O quê? - minha voz sai com um misto de surpresa e perplexidade.

- Você não faz ideia de como foi, Mare, e eu espero que você nunca descubra de verdade - o ambiente começa a ficar mais quente, alterado por seu temperamento. - O que minha mãe fez com você foi um paraíso comparado ao que ela podia ter feito. Eu acordava todos os dias aterrorizado sempre que pensava nas possibilidades que ela tinha ao dispor quando se tratava de você - Maven vira para mim e agarra meus braços, enquanto me sacode. - Mesmo com tudo o que aconteceu, eu fiquei aliviado quando você partiu, aliviado que estivesse fora do alcance dela - Suas mãos se apoiam nos dois lados do meu rosto. - O que eu mais queria era você por perto, para que eu pudesse protegê-la de tudo e de todos. Mas com Elara, eu não podia. Estar ao meu lado seria sua condenação. Eu entendi isso. Pensei que pudesse viver com isso. Mas quando ela morreu, eu troquei o trono. Tomei precauções extras para que não pudesse ser aprisionado de novo e aí me preocupei com você lá fora. Queria você de volta ao meu lado. Queria poder protegê-la, porque não pude antes. Queria - uma pausa - você. Você e sua impulsividade, sua energia. Você. Vermelha, prateada, rebelde, não fazia a mínima diferença, se eu pudesse tê-la por perto.

Fico pasma com cada palavra que sai de seus lábios. Seus lábios. Não consigo tirar meus olhos deles, mesmo com esse misto de surpresa e medo em meus pensamentos. Ele se aproxima e todas as minhas preocupações se esvaem. Maven não chega tão perto tanto quanto eu desejo, quanto eu anseio. Mais próximo, é o que minha mente grita, mas ele para e olha para mim, entregando-me a escolha de encontrá-lo no meio do caminho ou de me afastar. Não penso duas vezes.

Seus lábios estão quentes quando encontram com os meus. Macios também, mesmo que desta vez não estejamos na água. Cada pequeno movimento traz uma sensação diferente, nova. Seus braços envolvem minha cintura e me puxam, cada vez mais perto, até que cada centímetro meu esteja encostando em seu corpo, também quente por conta de seu temperamento. Passo as mãos por seu cabelo, que antes estava tão intricadamente arrumado, agora bagunçado ao redor de meus dedos.

Seu beijo. Essa sensação me parece tão familiar, tão fácil, tão certa. Mesmo depois de tudo que passamos, ainda me traz um sentimento que me surpreende. É como um lar. Como se todo este tempo eu tivesse ansiado por isto. Como se eu soubesse, dentro dos meus ossos, que estar com Maven me traria tanta felicidade. Minhas mãos apertam a frente da sua camisa e seus lábios intensificam o beijo, ansiando por mais.

Eu puxo sua camisa mais forte até que ele me puxa para cima dele, sua boca ainda na minha. Sua língua passeia pela minha, explorando, saboreando. Em algum momento, nossas respirações começaram a ficar ofegantes, quando, não sei e não me importo. Ele passa as mãos pelas laterais do meu corpo bem devagar, com cuidado, acho, para não atravessar nenhum limite.

Mesmo que estejamos assim na cama, sei que se eu quiser, posso me afastar. Sei que ele não me impedirá. Sei que se eu ficar e quiser levar isso mais a diante, ele também o fará. Esse sentimento, de ter todo esse poder sobre Maven me assusta. Depois todo este tempo em Whitefire, isso me é estranho. Meu corpo grita por mais, anseia. Eu consigo sentir que com ele estou segura mesmo depois de Elara. Essa segurança, esse desejo, me assustam. Diminuo a intensidade de nossos beijos, devagar, suavemente, e então paro. Maven não desvia os olhos dos meus.

- O que foi? - sua mão coloca uma mecha teimosa de meus cabelos atrás da minha orelha.

- É que - suspiro. Devagar, me sento. - Beijar você me faz sentir tão bem, tão em casa, tão confortável e segura - ele levanta uma sobrancelha. - Depois de tudo que aconteceu, isso me deixa temerosa. Tudo está acontecendo tão depressa e minha mente não está conseguindo processar tudo.

Depois de um momento, ele se ergue e se senta, comigo em seu colo. Seus lábios encontram os meus e minha mente esvazia por um momento. Seu beijo desta vez é delicado e lento e dura menos do que eu esperava. Ele olha para mim e sorri com o canto da boca.

- Fico feliz de saber que meu beijo é isso tudo que você disse - seu sorriso fica maior. - Mas você tem razão, Mare - ele fica sério. - Vamos mais devagar, então. Não quero que você se sinta obrigada ou compelida a fazer nada que não seja da sua vontade - outro beijo, suave, rápido. - Fico extasiado só de pensar que você está aqui e que está conversando comigo.

- E que estou te beijando e que meus beijos são tão maravilhosos, não é mesmo? - brinco.

- Você quem sonha que seus beijos um dia serão melhores que os meus - uma gargalhada.

Quanto ao resto da tarde, conversamos sobre assuntos extremamente aleatórios para Maven, por incrível que pareça nos divertimos e tomamos chá antes de eu voltar para minha cela.

Devagar.

Parece promissor.

Rainha Prateada | Fanfic de Rainha VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora