O ano é 2030. O planeta Terra está prestes a entrar em colapso. Dois quilómetros acima do solo uma nave em formato de elipse observava os estragos de um vazamento de óleo no Atlântico.
A situação era preocupante, eventos do tipo aumentavam a cada dia e para a maioria das pessoas não havia nada de anormal. A vida seguia normal em um mundo cada vez mais consumista. A felicidade sempre ligada a um produto novo que em um dia podia ser um celular e no outro uma TV com a tela cada vez maior.
Muito diferente da Terra, Kadok era um planeta exuberante com criaturas exuberantes. Lá tudo era muito diferente daqui. As coisas funcionavam porque havia planejamento e a execução era perfeita. Os habitantes eram pessoas preocupadas com seu planeta. Ele era muito parecido com a Terra! Muito mesmo apesar dos 768 anos luz de distância. Os continentes eram quatro: Seril, Nova, Astel e Lumi. O ar era muito mais puro ja que poluição praticamente não existia. As ruas eram de um tipo muito limpo. Um material praticamente indestrutível feito com lixo. Isso mesmo! O lixo era usado para construir muita coisa, só não ia para o lixo. As sobras de coisas parecidas com o que chamamos de plástico ou metal, ou madeira ... Essas coisas sabe? Eles adicionavam um tipo areia, na verdade lá se chamava "fissa" mais um dos produtos desenvolvidos nos laboratórios deles. A uma alta temperatura essa areia se fundia com o lixo e o resultado era um asfalto que não precisaria ser refeito nunca.
A natureza em Kadok é esplendorosa! Também muito parecida com a nossa, porém muito mais colorida e diversificada. Existe lá muitas espécies de fauna e flora. Poucas foram extintas e isso só ocorreu no período da grande erupção. Em Kadok existem muitos vulcões e eles deixaram de ser um problema para se transformar em uma fonte de energia. Toda a força deles é controlada por um tipo de computador onde o calor movimenta grandes turbinas que gerando eletricidade totalmente limpa e grátis para os moradores.Já na Terra tudo é pensado para ser trocado já que por traz da troca de um asfalto se esconde o nome de muitos políticos. A matança de arvores e animais é justificável em nome do lucro de grandes empresários e do capricho de milionários que sempre querem a madeira melhor e mais rara.
Em Kadock não haviam políticos. Todos eram voluntários em serviços e questões que envolviam o planeta e o bem estar da população. Os habitantes de la se chamam Murats. Um tipo de raça muito evoluída. Muito alem do Homo Sapiens eles não entenderiam o que acontece na Terra. Aqui as pessoas valem conforme o valor em dinheiro que possuem. Se você é rico, você é poderoso, popular e acaba tendo muitos "amigos" ou bajuladores que dirão a você apenas aquilo que você quer ouvir. Costumamos usar também um termo mais chulo: puxa saco. Todos aqui sabem o que é isso! Mas não lá em Kadok.
Aqui as pessoas duvidam de algo. Ou da vida, ou de si mesmos, de outra pessoa ou de alguma outra coisa especifica. Isso é particular de cada um, mas todos duvidam de algo e geralmente criticam demais sem ter coragem de tomar a iniciativa para boas ações. Otavio era alguém diferente. Ele procurava ser correto e tentava fazer algo pelo planeta. Do tipo que reciclava o lixo, cultivava uma horta e comprava de forma consciente. A sua maior dúvida agora era o que iria acontecer com o planeta Terra? Ele tinha certeza de que ele não iria aguentar tanta destruição.
A tecnologia de Kadock permitia conhecer outros planetas. Os habitantes se preocupavam com outros lugares e com outras criaturas logicamente. A situação da Terra era preocupante e parecia que os terráqueos não se davam conta. Eles poderiam estar em evolução muito superior não fosse tanta ganância.
Otavio estava cansado e achava que precisava mudar seu estilo de vida. Ele era diferente da maioria das pessoas e isso até que era bom porque lhe trazia bem estar além de uma consciência tranquila. No entanto o que incomodava é que ele não conseguia alterar muita coisa ao seu redor. Divulgava suas ideias, conversava com amigos vizinhos e sentia em alguns momentos a falta de interesse. Em Kadock cuidar dos animais, das plantas, da água, do ar... , tudo isso era parte integrante da rotina dos habitantes que o faziam porque se sentiam bem fazendo. Eles sabiam desde o princípio que todos os seres se interligavam e dependiam um do outro.