Olhei para a mão dele, mas não tive reação alguma. Vi ele fechado a mão e em seguida recolher os braços. Voltei a olhar para seu rosto e percebi que o sorriso ainda estava lá.
— Essa aqui é a Aline — Daniel falou e a moça que estava ao seu lado se levantou — Minha namorada.
Olhei para a moça que sorria para mim.
— Oi, André — falou a moça com a voz calma.
— Oi — falei quase inaudível.
E nada mais foi dito, nós quatro ficamos em pé por alguns segundos.
— Bem, vamos sentar?
Guilherme falou tentando quebrar o clima desconfortável que estava formado. Sentei ao lado de e de frente para o Daniel.
— Vocês chegaram há muito tempo?
— Não, tem uns cinco minutos não é amor? — Ouvi-lo falando com a namorada.
Eu não conseguia olhar para frente. Algo me dizia ser errado olhar para o rosto dele. Na verdade eu está lá era algo errado, como se eu estivesse traindo algo dentro de mim.
— E você, Dré? — Guilherme tocou no meu braço — Vai querer algo?
— Algo?
As informações chegavam a mim com demora. Era como se eu estivesse anestesiado, tudo parece agir da forma não natural.
— Quero água.
— Só? — Guilherme me olhava.
— O que você for comer ou pedir pode ser o mesmo para mim.
— Tudo bem — sorriu.
Respirei fundo e olhei paras minhas mãos que estavam mais brancas que o normal. Respirei fundo outra vez, eu tinha que o encara-lo! Não tinha como fugir, bem, até tinha, eu poderia me levantar e sair de lá, mas tinha um problema, minhas pernas não me obedeciam. Fui levantando a cabeça e pude ver sobre a mesa suas mãos que eram grandes e com os pelos bem alinhados que subiam pelos braços fazendo um contraste interessante com o tom claro da sua pele. A camisa era branca simples, não possuía nenhuma estampa. Assim, que coloquei meus olhos sobre seu rosto vi que ele me olhava também, esse contato fez com que minha barriga reagisse criando um desconforto. Ficamos nos olhando por pouco menos de cinco segundos, não consegui manter o contato visual com ele por mais tempo de que isso.
— Eu vou querer um soco de laranja com um pedaço de torta de chocolate — a moça falou sorridente.
— Eu vou querer água.
— Água? — questionou o Guilherme.
— Eu não posso comer um monte de coisas devido à cirurgia, e as que eu posso tem um cuidado especial.
— Ah, entendi...
— E eu adoro torta de morango — lamentou-se o rapaz que sorriu olhando o cardápio.
— Então temos dois aqui! — Guilherme colocou o braço sobre meu ombro — Essa pessoa aqui do meu lado é louco por morango.
— É...
— A mãe do Dan faz um doce de morango que nossa — Aline disse animada — É de comer rezando.
— É verdade! — Daniel confirmou — Minha mãe não é muito boa em cozinhar — riu — Mas esse doce que ela faz é divino!
— Opa! — Guilherme se animou — Temos que marcar para experimentar e ver se é realmente tudo isso que vocês dizem ser.
Ambos riram.
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Dois Corpos, Um Coração
RomanceAndré passará pelo momento mais difícil de sua vida, perde alguém que se ama. Em meio à dor, um acontecimento poderá mudar toda sua perspectiva. Em meio ao sofrimento um novo sentimento irá surgir que será capaz de transforma-lo. O destino pode ser...