26. Escolhas.

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— Por favor, André.

A chuva passou a cair mais forte.

— Vamos entrar! — falei olhando para ele.

Ao entrarmos no Depois da Chuva pude perceber o quão diferente estava! O local havia se transformado em um pub deixando de lado o conceito de doceria que possuía antes. Sorri sendo invadido pelas lembranças que o local me trouxe.

— André?

Olhei para o meu lado e sorri.

— Diego? Quanto tempo!

Me aproximei e abracei o dono do local.

—Caralho, mano, cê tá diferente! Tá parecendo um deus nórdico com essa barba e cabelo.

— Não viaja, Diego — ri — Pow, ficou show o novo ambiente.

— Que bom que gostou! A gente tem que diversificar, as coisas por aqui não está fácil.

— Posso imaginar.

— Mas fica a vontade — sorriu — Foi muito bom rever você.

— Digo o mesmo!

Daniel estava sentado na mesa próxima á parede que ficava ao lado da vidraça. Lembrei-me da primeira vez que eu havia ido com ele ao local. Respirei e fui a sua direção. Sentei na sua frente. O encarei fazendo com que eu visse alguns cabelos brancos na lateral da sua cabeça.

— Você tá diferente, André, e eu não me refiro a aparência, mas sim em você. Seu olhar, sua postura, a forma que você me analisa.

— As pessoas mudam, evoluem e eu acho que aconteceu isso comigo.

— Você voltou quando?

— Isso é o que menos importa aqui — acabei sendo ríspido.

Fomos interrompidos pela moça que veio até nós e anotou nossos pedidos.

— Você tem razão... — falou sem jeito — Eu... Imaginei tanto esse momento, pensei várias formas que eu iria começar essa conversa, mas agora, aqui de frente para você eu não sei como agi.

— Daniel...

— Eu tô com medo de falar algo e você ir embora outra vez.

— Daniel... — falei novamente seu nome.

— André, você não sabe o quanto eu me arrependo de não ter contado para você no momento exato que eu te conheci naquela tarde. Tudo poderia ter sido diferente.

— Tudo poderia ter sido diferente...

Repeti a frase dele, porém me perguntando se tudo realmente poderia ter sido diferente?

— Com licença — falou a moça trazendo o que havíamos pedidos.

— Muito obrigado! — agradeci a moça.

Peguei a lata do refrigerante e despejei o líquido no copo que continha gelo.

— Quando o Guilherme me procurou pela primeira vez eu confesso que pensei em recusar qualquer aproximação, mas à Aline acabou me fazendo mudar de ideia e isso chega a ser irônico.

Bebi o refrigerante de uva sentido as bolhas fazerem cócegas no céu da boca.

— Eu nunca imaginaria que eu acabaria me envolvendo como me envolvi com você! Eu vivia um namoro feliz com a Aline, eu a amava! Porém quando eu conheci você era como se eu o já conhecesse. Se eu fechar os olhos eu posso lembrar sua triste, do seu desconforto naquela tarde — fez uma pausa na sua fala — Como isso mexeu comigo! Algo em mim pedia para que eu o abraçasse.

Dois Corpos, Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora