17. Ressaca.

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A dor que eu senti ao abri os olhos me fez fecha-los. Minha cabeça lateja, como se eu tivesse com ela dentro de um tambor. Tentei abri-los novamente, mas a claridade do quarto não permitiu. Minha boca tinha um forte gosto amargar e travoso. Consegui abri um olho e depois o outro, fiquei através da porta de vidro olhando para o céu que estava bastante nublado. Tirei o travesseiro que estava sobre a minha cabeça. Sentei na cama. Sentia meu corpo todo dolorido, vi minha roupas estavam no chão, percebi que estava só de cueca, devo ter as tirados e não lembrava, pensei. Olhei para a cama ao meu lado que estava vazia. Coloquei o pé no chão sentido o azulejo do quarto gelado.

Me arrastei até o banheiro. A água gelada que caia sobre mim trazia consigo lembranças mais detalhadas da noite anterior. Desliguei o chuveiro e fiquei vendo as gotas de águas caírem do meu corpo. Meu reflexo em frete ao espelho mostrava o resultado da bebida e principalmente o da ressaca moral. Vi em cima do frigobar um saco que possuía alguns remédios para ressaca. Peguei dois líquidos e os bebi de uma única vez, em seguida peguei uma para dor de cabeça e o bebi. Troquei de roupa e saí do quarto. Meu celular tinha poucas mensagens. Caminhava de forma lenta, eu temia ter que encara-lo depois do ocorrido. Cheguei ao restaurante e olhei rapidamente envolta e não o vi. Caminhei até o Mateus.

— Mateus, tudo bem? Você viu o Daniel?

— Pow, mano, esqueceu? Ele foi embora logo cedo — senti meu coração apertar — O cara falou que te avisou ontem que teria que ir embora mais cedo? — avisou? Pensei comigo — A bebedeira de ontem foi pesada, né? — ri sem jeito — Mas fica tranquilo você vai com a gente. Vamos só comer algo e partir, beleza?

— Tranquilo! — sussurrei.

Como ele tinha ido embora? Daniel não podia ter feito isso. Peguei meu celular e liguei para ele, mas a chamada foi encaminhada para a caixa de mensagens. Então resolvi mandar uma mensagem para ele.

— "Assim que você ler, me liga. Quero falar contigo".

Em vintes minutos nós estávamos deixando o local. Eu vinha no banco de traz com mais dois rapazes. Eles conversavam, mas eu pouco falava! Não conseguia tirar o Daniel da cabeça. A cena do beijo que demos no banheiro, os olhos dele confuso com o que tinha acabado de acontecer fazia meu coração se apertar. Cheguei em casa passava do meio dia, fui direto para o meu quarto, deixei a mala no chão e me deitei dei bruços na cama. Respirei profundamente e me virei olhando para o teto.

— André?

Olhei para a Fernanda que estava na porta do quarto.

— Pensei que fosse ficar lá até o final do dia — se aproximou — O que aconteceu?

— Tá tão na cara assim? — sentei na cama — Fiz merda!

— Como assim? Me conta o que você fez — disse sentando-se ao meu lado.

Comecei a relatar com calma tudo que tinha ocorrido no casamento. Ela olhava para mim atentamente. Quando falei do beijo ela gritou e começou a pular pelo quarto, mas logo sentou-se outra vez ao meu lado quando continuei a contar o que eu fiz.

— Você o que? — Levantou-se — Você comeu merda? — me encarou.

— Fernanda!

— Fernanda uma ova, André, como você me fez uma coisa dessas?

— Eu sei! — me exaltei — Eu sei... Você acha que eu to me sentindo bem com o que eu fiz?

Levantei da cama e comecei a andar pelo quarto.

— Você já tentou falar com ele?

— Sim... Só cai na caixa postal e ele não responde minhas mensagens.

Dois Corpos, Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora