A Rua da casa do Daniel estava repleta de carros, dirigia em velocidade baixa quando achei uma vaga a algumas casas da dele. Estacionei. Saí do carro e respirei fundo. A noite estava agradável, bem típica de outono. Enquanto caminhava me perguntei mais uma vez o que eu fazia ali, quando notei a minha direita um carro parado. Senti uma sensação estranha, era uma quatro por quarto da cor dourada, as mesmas características do carro que tinha provocado a morte do Henrique.
— É só um carro, André — falei enquanto voltava a caminhar.
Avistei duas moças próximas à entrada então me dirigir a elas.
— Boa noite o Daniel se encontra? — ri da pergunta idiota que tinha acabo de dizer — Digo, sei que ele está ai, mas eu quero saber em qual lugar?
— Na parte de trás, no quintal! — uma das moças me respondeu.
Agradeci e fui adentrando no local. Logo na parte da frente avistei a árvore de médio porte onde nela estavam penduradas pelos galhos várias fotos do casal em vários momentos diferentes. Aproximei-me de uma que estava pendurara por um fio, segurei a mesma com a mão e reconheci o local, a foto havia sido tirada no dia em quem nós fomos à praia do farol. Fechei os olhos e lembrei do exato momento no qual eu bati a foto.
— André? — uma voz feminina me fez acordar daquela lembrança — Você chegou faz tempo? — perguntou a mãe do Daniel se aproximando de mim.
— Não... — sorri e lhe dei um beijo no rosto a cumprimentado — Não faz dois minutos que cheguei. Estava vendo essas fotos, aliás, bonita ideia essa — fui sincero no elogio.
— Aline que planejou tudo — me respondeu sorrindo.
— Suspeitei... Mas falando nisso, onde estão os noivos?
— Aline está na sala com as amigas. Ela se prepara para as brincadeiras que irá começar e o Daniel está lá fora com alguns amigos. Vá lá e se junte a ele — sugeriu de forma animada.
— Irei fazer isso mesmo — agradeci.
Assim que entrei na sala, avistei rapidamente um grupo de mulheres reunidas, todas me olharam.
— Opa... Sei que estou atrapalhando, mas o meu lugar e com o noivo — disse de forma amigável, arrancando algumas risadas.
— Quem é? — perguntou a voz que fez minha barriga gelar por uns segundos — André? — disse surpresa — Não esperava você por aqui! Digo, pelo fato do horário acima do combinado — completou de forma irônica — Mas que bom que veio! — sorriu.
— Pois é... Vim de forma rápida só pra desejar meus parabéns a vocês — falei chegando mais próxima a ela — Espero que vocês sejam felizes.
— Iremos ser! — sorriu — Claro se não tiver ninguém para atrapalhar nossa vida — riu olhando para as amigas — O Daniel está lá fora, acredito que você veio falar com ele não é?
— Sim, vai ser jogo rápido!
Assim que passei por ela respirei aliviado. Caminhava em direção à parte externa do fundo da casa quando ouvir meu nome sendo chamado outra vez, parei e olhei para ela que se aproximava.
— Você não sabe o quanto eu fico feliz em saber que você perdoou o Daniel depois de tudo, que não guardou resentimentos. Você não sabe o quanto o Daniel sofreu em ter que esconder isso por todo esse tempo, mas convenhamos não era fácil para ele dizer que o pai foi o responsável pelo acidente onde o Henrique acabou morrendo, mas claro que ele não fez intencionalmente. Acredito que ele já explicou que o pai estava bêbedo no dia em que tudo ocorreu.
Senti meu corpo todo doer, uma pontada forte atravessou minha cabeça na horizontal, um zumbido forte fez meu ouvido esquerdo doer. Senti minhas mãos formigarem, eu as apertavas, porém não as sentia. Como o pai dele tinha provocado o acidente do Henrique? Não era verdade, ele não me esconderia aquilo por tanto tempo. Senti a primeira lágrima cair dos meus olhos então levantei a cabeça e vi uma das piores expressões na minha frente. Vi a expressão de alguém que possuía o sorriso do prazer e da felicidade por pura maldade no que acabou de falar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dois Corpos, Um Coração
RomantikAndré passará pelo momento mais difícil de sua vida, perde alguém que se ama. Em meio à dor, um acontecimento poderá mudar toda sua perspectiva. Em meio ao sofrimento um novo sentimento irá surgir que será capaz de transforma-lo. O destino pode ser...