4. O Nosso início.

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Antes...

Após inúmeros convites feitos por Carlos e inúmeras recusas da minha parte, acabei sendo vencido pelo cansaço e aceitei fazer parte daquela nova experiência, nem que ao menos fosse só por aquele dia como era a intenção. Em frente a grande porta branca ouvia meu amigo falando da importância de estarmos ali e a nossa finalidade naquelas poucas horas.

— Como eu costumo dizer, não existe nada mais sincero do que os sorrisos que vamos encontrar dentro dessa sala — falou animado — Então vamos nos doar da forma mais sincera possível.

A energia era boa. A adrenalina começava a ficar mais intensa no meu corpo, junto com um misto de medo e ansiedade de saber como seria a reação e de como eu sairia com aquele mundo novo que se abriria para mim a partir daquele momento. Eles entraram na frente, preferir ser o último pra saber qualquer seria a reação. Os gritos, juntos com os aplausos e risadas me deixavam mais nervoso.

— Amiguinhos, temos um novo palhaço em nosso show. Alguém pode adivinhar quem seja ele?

Todas as crianças apontaram para mim. Senti minha barriga revirar. Carlos fez movimentos com as mãos me chamando para ir junto a ele e assim fiz. Quando parei na sua frente ele jogou confete em meu rosto fazendo com que todos rissem.

— Bem... Acho que ele merece um abraço, vocês não acham? — Carlos falou olhando para as crianças.

Após essa apresentação eu preferir ficar só observando, tentando entender como funcionava a dinâmica do grupo. Enquanto grande parte das crianças ria e se divertia eu percebi uma garotinha ao fundo. Ela estava ao lado da senhora que eu deduzir ser sua mãe. Aproximei-me ao poucos.

— Nossa, eu cansei, sabia? Posso sentar aqui nessa cadeira? — perguntei olhando para a menina que segurava uma pequena boneca.

Ela então olhou pra a mãe que sorriu e depois olhou para mim e disse que sim movendo a cabeça. Sentei ao lado dela e fiquei analisando o olhar dela que era fixo nas outras crianças.

— Porque você não vai brincar com elas?

Ela ficou quieta por alguns segundos.

— Eu não vou porque eu não tenho mais cabelo — disse com a voz baixa.

— Ah... — engoli a seco o que ela falou — É... — olhei para os lados — Não seja por isso.

Tirei a peruca rosa que havia ganhado do Carlos antes de entrar na sala e coloquei em sua cabeça.

— Pronto agora você tem um cabelo lindo — tentei anima-la.

— Que lindo cabelo, Clara.

Virei o rosto me deparei com os olhos castanhos claros mais lindos que eu já havia visto até aquele momento. A força que aquele olhar teve sobre mim foi algo único.

— É rosa tio Pedro — disse a menina de forma alegre.

A risada doce da mesma me fez sair do transe que aqueles olhos me fizeram está.

— É sim! — sorriu sem tirar os olhos de mim — Agora porque você não vai brincar com as outras meninas? — falou olhando para a menina.

Ele esticou o corpo ficando ereto. Deu a volta ficando na minha frente. Eu acompanhava todo o seu movimento. Carregou à pequena nos braço fazendo com que a mesma risse. Levantei-me ficando da mesma altura do rapaz.

— Posso? — ela perguntou com um doce sorriso.

— Claro que sim! — respondi olhando para ele que sorria com a criança nos braços.

Dois Corpos, Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora