15. Laços.

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— Sabe quando a gente quer contar algo pra alguém, mas tem medo de como essa pessoa vai reagi? Mesmo não sendo algo ruim, mas só de pensar que essa reação possa ser completamente diferente da qual a gente esperava já causa nervosismo.

— Sim... Eu acho que é normal ter esse receio — falei pensando no que ele disse — Acabamos criando em nossa cabeça a situação que nós queremos que aconteça.

— Pois é...

Daniel respirou de forma intensa e apertou suas mãos mais uma vez.

— Ei... — segurei suas mãos — Se você não se sente confortável você pode me falar o que veio dizer em outro momento.

— Eu sei disse... — me encarou.

Nunca tinha visto o Daniel daquela forma. Era nítido que ele queria me falar algo, mas o medo que tinha em seus olhos deixava claro que ele não iria consegui.

— Então o que você quer me dizer? — perguntei.

Daniel respirou fundo.

— Nada... Nada de importante — sua voz dizia o contrário — Problemas meus... Eu só precisava desabafar — sorriu sem graça — Você tem os seus problemas pra se preocupar, não tem nada a ver com os meus.

— Dani... Nós somos amigos e você pode contar comigo pra todo momento, cara. Amigo não é só para os bons momentos, se você quer é precisa desabafar por contar comigo pra isso a qualquer momento.

— Eu sei que posso contar com você à hora que eu precisar, André...

O interfone começou a tocar.

— Deve ser o Guilherme. Ele falou que vinha aqui.

Levantei-me e fui atender e aproveitei deixei a porta aberta para que ele entrasse.

— André, só não comenta nada com o Guilherme o que eu vir fazer aqui.

— Claro! — sorri.

Guilherme se juntou a nós. Ficamos conversando trivialidades. Daniel e Guilherme falavam sobre futebol e eu apenas os acompanhava não era especialista no assunto, mas se fosse sobre comércio exterior, acho que saberia falar sobre algo. Algumas horas depois eles decidiram ir.

— Amanhã vamos almoçar, cunhado?

— Vamos sim! — o abracei — Tchau, Gui.

Aproximei-me do Daniel e o abracei.

— Brigado, André.

— Que isso, não fiz nada — sorri.

— Você fez mais do que imagina.

— Então não esqueça sempre que quiser conversar, qualquer coisa que seja não exíte em dizer ou me procurar.

— Farei isso.

Tornei a abraça-lo.

— Vai ficar tudo bem.

— Pode ter certeza que vai!

— Muitos abraços — Guilherme falou — Fico com ciúmes.

— Seu besta — ri e o abracei.

Estava só na sala quando Fernanda apareceu com a cara toda amarrotada de sono. Veio ao meu lado e jogou-se no sofá azul. Olhei para ela que parecia estar num transe pós-sono, apenas ri.

— Eu tava sonhando, mas tinha alguém aqui?

— Sim... O Guilherme e o Daniel estiveram aqui, foram embora minutos antes de você aparecer.

Dois Corpos, Um CoraçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora