O casal estava ansioso, iam adotar uma criança, e esse era o motivo de tanta alegria.
Patricia sempre quis ser mãe e ficou sem chão, quando descobriu que não podia engravidar . Desde então, ela e o marido, lutavam para conseguir adotar uma criança.
A idéia era adotar um bebê, recém nascido de preferência, eles achavam que uma criança mais crescida teria dificuldade para se adaptar ao casal.
_Venham comigo. - a irmã Célia os acompanhou.
Ela tagarelava sobre algo, que nenhum deles estava prestando atenção, enquanto se encaminharam para o berçário do pequeno orfanato.
Jerry apertou a mão da esposa, tentando acalmá-la. Ela estava uma pilha de nervos, mal controlava a ansiedade e ele notou isso. Fazia tempo que eles sonhavam com aquele momento, em ter uma criança para chamar de sua, e lá no fundo, ele estava tão ansioso quanto ela.
O berçário ficava na parte superior do orfanato, que era destinada as crianças menores. O imenso corredor a abrigava dezenas de portas e em cada porta, dezenas de crianças, cada uma com uma história triste de vida.
Isso partia o coração de Jerry.
Todas as portas estavam fechadas, exceto uma, e foi exatamente essa porta, que atraiu a atenção de Jerry.
Ele parou em frente ao quarto, sem nem notar que as mulheres seguiram sem ele, e se esgueirou até a porta.
O quarto enorme só era ocupado por uma cama pequena e uma cômoda, deixando um espaço enorme, o que tornava a cena ainda mais melancólica.A menina estava parada em frente a janela, olhando para um ponto qualquer, com o olhar perdido.
O vestido florido, não passava nenhuma alegria, assim como o resto do quarto. Seus cabelos castanhos estavam presos em uma chiquinha, e seus pés descalços tocavam o chão frio.Ela estava distraída, agarrada ao ursinho, olhando para o nada. Vez ou outra, ela sussurrava algo para o urso é balançava a cabeça, como se ele a tivesse respondido :
_Essa é a Lara.
Jerry se assustou ao perceber que não estava mais sozinho. Um outra freira estava em pé ao seu lado, e olhava para a menina com a mesma admiração que ele :
_Ela chegou aqui a um bom tempo. - Falou pausadamente - É triste vê-la assim, não é?
Jerry voltou a olhar para a menina, que agora o encarava de volta. Ela era bonita, os traços delicados e belos olhos esverdeados, porém, algo a deixava feia.
Jerry imaginou aquela menina correndo e pulando, como as outras crianças, isso a deixaria muito mais bonita.
_Ela não fala com ninguém, a não ser com Teddy - Ela apontou para o urso - As outras crianças se sentem intimidades por ela.
Os olhos da menina brilharam em curiosidade, e Jerry pensou ter visto um sorriso em seus pequenos lábios, mas não teve certeza. Ela o encarava em silêncio, como se o desafiasse a entrar no quarto :
_Posso falar com ela? - Perguntou a freira, que o encarou desconfiada.
_Ela não gosta de visitas - Comentou - Mas sinta-se a vontade. Essa é a última semana dela aqui mesmo.
_Ela conseguiu um novo lar? - Se animou por aquela garota que mal conhecia.
_Não. - Falou como se fosse óbvio - Ela vai para um hospital psiquiátrico.
Ouvir aquilo tinha abalado Jerry.
O que uma criança poderia ter sofrido, a ponto de precisar ser enterrada em um hospital psiquiátrico?
Sentiu pena dela.
Uma menina tão linda, tão pequenina e tão cheia de problemas, passando por coisas que não deveria passar.
_Posso entrar? - Ele perguntou a ela, que não tirou os olhos dele por um segundo se quer.
Ela olhou para o urso, como se esperasse por uma resposta, e concordou de leve com a cabeça.
Jerry se animou um pouco mais, e entrou no quarto, sentindo o clima pesado do local.
Ele olhava para ela, e não via uma criança, via uma menina pequena com dores de gente grande :
_Qual é o nome dele? - Apontou para o urso, sentindo que aquela era a chave pra abrir a pequena menina.
Ela se sentou ao chão e cruzou as pernas, nos olhos o desafio estava explícito, não seria fácil arrancar uma palavra dela, mas não custava tentar :
_Você é muito bonita. - Ele a imitou ao sentar-se no chão - Uma pena que não fala.
Jerry passou quase meia hora ali, sentado ao lado dela, em silêncio, como duas estátuas. Ele esqueceu da esposa e da criança que foram adotar, esqueceu da dor na coluna, que o incomodava um pouco ... Esqueceu-se de tudo. Eles estavam presos num mundo deles, um mundo silencioso, mas que fazia sentido pra eles.
Era como se eles estivessem conectados, Jerry não tinha uma explicação melhor.
Aquela menina calada e solitária, era a sua menina calada e solitária.
Não podia deixar que aquela menina fosse para um lugar tão pesado, como um hospital psiquiátrico. Ela não tinha nenhum problema, não fosse pela carência e a tristeza, seria uma menina normal. E aos olhos de Jerry, carência e tristeza não era problemas para psiquiatras, e sim para um pai amoroso e compreensivo, era assim que se sentia em relação a ela.
Ela já estava destinada a ele, e vise e versa Jerry precisava tanto dela, quanto ela dele e mesmo sabendo que seria difícil convencer Patrícia, ele decidiu atirar por aquela menina :
_Ei - Chamou a menina, que olhava fixamente para a porta - Você quer que eu seja seu pai?
☆NOTAS DA AUTORA☆
Então, os capítulos vão ser pequenos porém a fic é meio grandinha se não me engano!
O que vocês estão achando até aqui?
Beijos bolinhos.
Amo vocês.
Xoxo.
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Revenge
Fanfiction_Por que a deixou viva? - Um dos capangas perguntou. _Ela é só uma criança idiota. - O patrão respondeu, com tom de desdém. - Não vai fazer mal a ninguém. _Errou! - Ela sussurrou sorrindo.