《3.3》

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Camila estava em seu quarto, quando ouviu o porta bater em um estrondo alto. Seu pai havia voltado e pelos gritos que vinham da sala, ele não estava nada feliz.

_Alejandro, por favor. - Sinuhe se pôs na frente do marido. - Ela não fez por mal.

_Sai da minha frente. - Disse entredentes. - Vou ensiná-la a não me desobedecer.

Alejandro estava realmente irritado e disposto a dar uma lição na filha. O que deixava Sinuhe mais aflita, era o fato de que Alejandro nunca havia levantado a mão para a filha, mas ele estava fora de si e ela conhecia bem aquele olhar, já tinha sentido na pele o que Alejandro era capaz, não queria que a filha sentisse o mesmo.

_Que gritaria é essa? - Camila apareceu no corredor, deixando Alejandro ainda mais nervoso.

Ele empurrou Sinuhe para longe, e em dois passos, alcançou Camila.

Ao contrário do esperado, a menina não tinha o olhar assustado da mãe, pelo contrário, havia um brilho diferente neles, o que para Alejandro foi como uma ofensa.

_Ligou para a polícia. - Ele acusou. - Preveniu aquela vadia. Qual é o seu problema?

Sinuhe ainda estava no chão, e encarava a cena com o coração apertado. Camila era uma menina destemida e até um tanto arrogante, mas ela não teria chances contra a fúria de Alejandro.

_Devia me agradecer. - Ela respondeu. - Eu te livrei de cometer a maior burrada da sua vida.

_Eu só quero o que é meu.

_Não pai, você quer matar aquela mulher. - Disse, endurecendo ainda mais o pai. - Eu não quero um pai assassino, só quis...

Antes que ela terminasse a frase, Alejandro lhe acertou um forte tapa no rosto.

Camila cambaleou com a força do tapa, mas logo conseguiu se equilibrar. Ela não estava surpresa, já que não era o primeiro tapa que recebia do pai, mas havia sido o mais forte.

_Eu sou o seu pai. - Falou, puxando a menina pelos cabelos. - E você tem que me obedecer.

Em momento algum Camila reclamou, ou se queixou da agressão do pai. Na verdade, ela já esperava por algo parecido. Fazia tempo que Alejandro estava diferente, agressivo, ela notou a mudança em seu comportamento e sabia que o ato de alertar Ally, lhe traria consequências.

Alejandro sacudiu a filha e a jogou contra a parede.

Ela sentiu as costas bater contra a parede, e a dor não demorou a aparecer.

Sinuhe se levantou e entrou na frente de Alejandro, tentando dar fim aquela barbaridade.

_Para com isso! - Gritou. - Ela é sua filha.

Alejandro deu um soco na mulher, fazendo ela gemer de dor.

_Será que é? - Disse, raivoso. - Você já fodeu com metade da cidade, como vou saber que ela é minha?

Sinuhe estava pronta para responder, mas foi interrompida por um novo soco, dessa vez na altura do supercílio.

_Estou cercado de vadias. - Ele gritou, sem parar com os socos. - E vou acabar com todas vocês.

O rosto de Sinuhe sangrava e ela logo caiu no chão. A aparência da esposa, não foi suficiente para deter Alejandro, pois ele continuou a desferir pontapés para cima dela.

Os golpes eram fortes, e Sinuhe sentia o corpo protestar em dor, mas não reclamou. Ela suportou a dor, a surra que recebia, tudo para que Alejandro não desviasse a atenção para Camila, pois se estava difícil para ela, seria ainda pior para a filha.

_Para! - Camila pediu, chorando. - Vai matar a mamãe, para!

Alejandro olhou para ela e sorriu,  satisfeito em ver o medo no olhar da menina. Fazia tempo que ele não se sentia tão enfurecido, a última vez que havia se libertado daquela maneira, foi na noite em que matou Susan. Desde então, o ódio estava acumulado nele e aquele era um ótimo momento para libertá-lo.

_Fica quietinha. - Ordenou. - Sua hora vai chegar.

Camila se encolheu no canto, enquanto chorava e gritava vendo o pai agredir a mãe, sem poder fazer nada.

Alejandro não se dava por satisfeito, queria mais e mais, porém foi obrigado a parar quando viu Camila abrir a porta e correr pelo corredor.
Ele foi atrás dela e não demorou para alcançá-la.

Alejandro agarrou os cabelos da filha e a arrastou de volta para o apartamento, se lembrando de trancar a porta dessa vez.

Ele jogou a menina contra a mesa da centro, fazendo o móvel se quebrar sob o peso dela.

_Por favor, pai. - Implorou. - Não faz isso.

Alejandro riu e pôs o pé sobre o corpo da filha, empurrando-a contra os cacos da mesa e sorrindo com os gemidos de dor.

_Dói né? - Debochou. - Essa dor era dela, era pra ela estar no seu lugar. Mas você a salvou chamando a polícia.

Ele puxou Camila, dessa vez pelos braços, a colocando de pé. Suas mãos agarraram com força o queixo dela, mantendo seu rosto imóvel.

_Está vendo isso? - Ele virou o rosto dela na direção da mãe. - A culpa disso, é toda sua. Você quis salvá-la.

De uma hora para a outra, Camjla foi tomada por uma raiva imensa. Raiva do destino que colocou Ally em suas vidas, raiva de Lauren por ter chamado a polícia, de si mesma por ter avisado... E principalmente, raiva do pai por ser um monstro sem coração.

Tomada por essa onde de ódio, Camila encontrou forças para empurrar o pai, que foi pego de surpresa, e correr para o quarto. Ela aproveitou a confusão de Alejandro, já que ele não esperava ser enfrentado, e se trancou no quarto.

Logo aquilo passaria, e Alejandro ficaria duas vezes mais irritado. Ela precisava arrumar um jeito de pedir ajuda.

_Socorro! - Gritou pela janela. - Alguém ajuda.

As pessoas que passavam pela rua, olhavam para ela com um olhar esquisito e seguiam seus caminhos, como se ninguém a levasse a sério.

Não demorou para Alejandro se recuperar da surpresa, e começar a socar a porta.

_É melhor você abrir essa porta. - Ele ameaçou. - Ou juro que te mato.

Antes de entrar em desespero, Camila enxergou o telefone em cima da cama e não pensou duas vezes antes de pedir ajuda.

Ligar para a polícia parecia ser a coisa mais inteligente a se fazer, mas ela estava nervosa e com as mãos trêmulas. Alejandro tentava arrombar a porta, ela não teria tempo de explicar tudo a polícia, então ela ligou para o primeiro número em sua lista de chamadas.

_Por favor, me ajuda. - Implorou assim que a chamada foi atendida. - Ele vai nos matar.

_Calma, explica o que está acontecendo. - A voz pediu do outro lado.

_Meu pai...

Nesse momento, a porta se abriu com certa violência e Alejandro entrou no quarto trazendo sua arma na mão.

_Acabou a brincadeira. - Falou, se aproximando dela.

_Me ajuda, ele vai nos matar. - Disse antes de ser arrastada para fora do quarto.

_Camila? - A voz chamou. - Camila o que está acontecendo? Camila me responde...

Mas nada podia ser ouvido, a não ser os gritos vindo da sala.

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