Dez minutos, foi o tempo que Ally ficou em silêncio. Dez minutos, foi o tempo que Lauren levou, para descobrir algo que bem no fundo, ela já sabia.
_Essa é a minha história. - Ela falou em voz baixa. - Eu sou Lara Almeida.
Por um momento, Lauren desejou não saber a verdade sobre ela, ou sobre o que ela passou, pois sabia, que nunca mais iria vê-la com os mesmos olhos.
Era difícil para ela, imaginar Ally como uma menininha feliz e sorridente, assim como era difícil imaginar o que ela passou para deixar de ser aquela menina.
Naquele momento, soube que não podia proteger ela, não podia tirar o sofrimento dela e muito menos, fazê-la desistir da vingança... Não podia fazer absolutamente nada por ela.
Ally continuou sentada com a cabeça entre os joelhos, uma posição que a fazia se sentir segura, mesmo sendo só uma sensação.
Ela lutava internamente, contra a vontade de sair correndo, de deixar tudo aquilo para trás e viver sua vida. Não era o que ela queria, não era certo.
_Seus pais... - Lauren pensou alto.
_Sou adotada. - Ela respondeu, encolhendo os ombros. - Jerry e Patrícia, são como anjos na minha vida.
Ela sentiu o coração aquecer ao se lembrar dos pais, sensação que logo passou, ao lembrar-se do estado de Jerry.
_Foi horrível. - Voltou a falar depois de um tempo em silêncio. - Eles bateram nela. Três homens armados, contra uma mulher indefesa.
Eu ainda ouço os gritos dela, ainda ouço os barulhos da luta... Posso ouvir a risada arrogante daquele..._Alejandro? -Lauren finalmente viu sua ficha cair. - Ele fez tudo isso...
_Ele riu de mim, me diminuiu. Me deixou viva porque duvidou da minha capacidade, mas eu vou acabar com aquele desgraçado.
Lauren sentiu um frio na barriga ao ouvir Ally falar, era como se não fosse ela. O ódio era visível no olhar, e Lauren sabia que aquilo a estava destruindo por dentro. Se continuasse com aquela ideia na cabeça, Ally iria acabar como Alejandro... Uma pessoa amarga, rancorosa, sozinha e cheia de culpa.
Não era o fim que queria para Ally.
_Olha pra mim. - Ela pediu com carinho. - Eu sei que você sofreu, sei que ele te fez mal e que ainda dói. Mas... Ally, você é melhor que ele, esquece essa...
_Esquecer? - Ela gritou, se levantando e afastando Lauren. - Quer que eu esqueça?
_Olha, sei que é difícil, só que isso está te fazendo mal. - Argumentou. - Essa sede de vingança, está acabando com você e te transformando em alguém como ele. É isso que você quer?
_Acha que eu gosto disso, que eu quero ser uma assassina sem coração? - Continuou gritando. - Acha que eu gosto de me olhar no espelho, e ver uma mulher sozinha e cheia de ódio?
_Eu...
_Não Lauren! - Interrompeu. - Eu não gosto, eu não quero sentir essa raiva que sinto, não quero matar uma pessoa, eu não quero. Eu me odeio por isso, odeio me sentir assim, odeio mentir e manipular, odeio olhar a filha dele sabendo que em breve ela vai ficar sem o pai...
_Para! - Ela gritou de volta, fazendo Ally se assustar. - Não precisa ser assim. Eu sei que você pode colocá-lo na cadeia, deixa que a justiça cuida dele.
Ela riu de maneira exagerada, uma risada seca e sem nenhum humor.
_Não existe justiça nesse mundo. Não vou deixá-lo vivo, comendo e bebendo as custas do governo, em quanto minha mãe está morta.
_Pode ser difícil pra você, eu entendo...
_Entende mesmo? - Questionou. - O que marcou sua infância? Uma brincadeira com seus pais? Um doce, uma música, um brinquedo? - Ela deu dois passos na direção de Lauren e parou. - A minha infância, foi marcada por mortes, primeiro meu pai e depois minha mãe. Minha infância foi marcada por gritos de dor, por barulho de ossos se quebrando e por nove tiros disparados em uma mulher já morta. Se você não passou por isso, não me diz que entende.
_Matá-lo, vai trazer sua família de volta? Vai te fazer feliz?
Ally abriu e fechou a boca, pensando na melhor resposta possível. Uma resposta que não fosse, "Não". Porque ela sabia, que matá-lo não a faria feliz, não traria sua família de volta e não faria o tempo voltar... Porém, deixá-lo vivo também não trazia nada daquilo, e só fazia aumentar o ódio de Ally.
_Talvez você tenha razão. - Finalmente falou. - Matá-lo não vai me fazer melhor... Mas também não me faz pior, porque ele destruiu tudo o que tinha de bom em mim.
_Que droga Ally. - Disse, batendo contra a parede. - Será que não consegue enxergar ?
_Eu enxerguei. Por três dias eu enxerguei minha mãe caída nesse chão. Vê esse desenho? - Ela apontou para o chão da sala. - Eu fiz, enquanto esperava alguém me encontrar. Eu contornei o corpo da minha mãe, eu vi o sangue, eu passei três dias ao lado de um cadáver... - Ela parou, passou as mão pelo cabelo, tentando manter a calma. - Tudo porque aquele filho da puta, foi arrogante demais para me matar.
Lauren tentava entender o lado dela, afinal, Ally havia passado por coisas horríveis. Mas ela não podia, não podia deixá-la ser guiada por um ódio cego, e se transformar em uma pessoa tão ruim quanto Alejandro. Ela queria salvá-la de si mesma, queria tirar a escuridão que morava nela.
_Foge comigo.
_O que?
Ally parou de andar e focou em Lauren, tentando achar um vestígio de humor em seus olhos. Até porque, ela só poderia estar brincando...
_Vamos embora daqui, deixamos tudo pra trás e ganhamos o mundo. - Falou, se aproximando dela e a puxando pela cintura. - Sem noiva traíra, sem vingança, sem família Cabello... Só eu, você e nosso amor... Eu te amo Ally.
Em outro momento, Ally derreteria por aquelas palavras. Ela a beijaria e diria que a amava também... Porém, aquele não era outro momento.
_Você está sendo egoísta. - Ela se afastou. - Meus pais biológicos estão mortos, meu pai adotivo está morrendo no hospital, e você quer que eu fuja?
_Jerry vai ficar bem, já seus pais... Eu só quero ajudar, quero te fazer feliz. - Ela sorriu de forma acolhedora. - Vem comigo?
_Eu não posso.
Lauren ficou ali, parada, enquanto via Ally virar as costas e seguir seu destino...
O rosto molhado de Ally, era uma prova do quanto doeu recusar a proposta, o quanto doeu deixar Lauren para trás, mas ela tinha um destino para seguir... E infelizmente, Lauren não fazia parte dele.
_Eu também te amo. - Sussurrou em meio às lágrimas, depois entrou no carro e foi embora.
☆NOTAS DA AUTORA☆
Olá bolinhos de morango!
Como vocês estão?
Estão gostando da fic?
Então, eu sempre esqueço de dizer isso. Nós temos um grupo no whats para os Allygiance's e queria perguntar se vocês estão interessados em entrar? Se Sim, podem chamar por DM que eu mando o link.
Beijos bolinhos.
Amo vocês.
Xoxo.
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Revenge
Fanfiction_Por que a deixou viva? - Um dos capangas perguntou. _Ela é só uma criança idiota. - O patrão respondeu, com tom de desdém. - Não vai fazer mal a ninguém. _Errou! - Ela sussurrou sorrindo.