《2.5》

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_Allz, aonde vamos? - Lauren perguntou, pela décima vez.

Ela não queria dizer, estava prestando atenção na estrada.
As mãos tremiam e ela suava frio, estava prestes a fazer algo que nunca imaginou fazer.

Lauren se sentia apreensiva, não conseguia entender o que Ally estava fazendo, não conseguia entender nada.

Ally estacionou o carro em frente a uma antiga casa, e desceu, sem se dar ao trabalho de esperar por Lauren.
Seu coração estava apertado, fazia tempo que não pisava ali, e as lembranças tomaram sua mente. Lembranças que ela insistiu em trancar, que tentou esquecer.

_O que estamos fazendo aqui? - Ela perguntou, parando ao lado dela no portão.

Ally ficou em silêncio por um tempo, tentando juntar forças para adentrar a casa. Não estava sendo tão fácil como imaginou, muito pelo contrário, estava doendo só de olhar. Mas Ally queria fazer aquilo, queria acabar com os segredos entre elas.

_Vamos entrar. - Comunicou, abrindo o velho portão enferrujado.

Lauren a olhava intrigado, ela parecia nervosa, suava frio. Lauren queria gritar com ela, chamá-la de louca e sumir dali, afinal, elas estavam prestes a entrar em uma casa abandonada, ela só podia estar fora de si.

_Ally, esse lugar está caindo aos pedaços. - Disse, a seguindo de perto. - Parece que ninguém entra aqui a...

_Vinte anos... - Completou secamente.

A casa estava da maneira que ela se lembrava. A varanda estava cheia de folhas secas, e rachaduras nas paredes.

O piso de madeira rangeu sob os pés de Ally, assim como a porta, quando ela forçou a entrada.

Lauren se sentia num filme de terror, onde os mocinhos invadem a casa abandonada e são perseguidos por fantasmas revoltados. Era um pensamento infantil, porém inevitável.

Assim que abriu a porta, Ally foi invadida por lembranças, tanto boas quanto ruins.

Os móveis, agora velhos, estavam no mesmo lugar, assim como tudo na casa.

O cheiro forte de poeira e mofo, faziam o nariz de Lauren coçar, ela não queria estar ali.

_Ally vamos...

_Não! - Gritou, se abaixando ao lado de um desenho no chão de madeira.

Lauren demorou a notar, e puxou Ally para os seus braços, quando percebeu que o desenho no chão era de um corpo. O contorno de um corpo.

_Que lugar é esse? - Perguntou assustada. - O que estamos fazendo aqui?

_Quero que conheça alguém. - Sussurrou se afastando. - É importante.

Lauren não entendeu aonde Ally queria chegar, talvez estivesse ficando louca. Era tanta coisa acontecendo com ela, que a possibilidade se tornou enorme. Ela poderia ter criado uma personagem, pra transferir toda aquela dor que sentia.

Era normal, não era?

O olhar perdido, as olheiras, as mãos trêmulas... Todos os sinais, indicavam que Ally estava de fato, fora de si.

Lauren chegou a conclusão de que era melhor não contrariar, ela seguiria Ally até onde julgava ser "normal", ficaria do lado dela e a levaria para casa assim que ela voltasse a pensar.

Pegou um porta retrato, que estava em uma prateleira. A foto estava embaçada, amarelada pelo tempo, quase não dava pra ver direito, mas Lauren distinguiu.

Um homem e uma mulher, eles sorriam para a menina que estava no colo.

Lauren não conseguiu ver a menina, mas deduziu que fosse Lara, já que Ally não parava de dizer esse nome.

Então Lara era real?

Talvez Ally não estivesse totalmente louca, mas se Lara era mesmo real, aonde ela estava?

_Aqui. - Ally respondeu a pergunta silenciosa de Lauren. - Vou te contar uma história.

Ela ainda tentou falar, argumentar, mas Ally já estava decidida, e sentia que se demorasse um pouco mais, perderia toda a coragem.

_Lara era uma menininha linda, que morou aqui a vinte anos atrás. - Ally falou, se sentando no chão e apoiando as costas na parede - Ela era feliz, pelo menos na maioria do tempo.

_O que aconteceu com ela?

Ally sorriu, olhou para ela e voltou a baixar os olhos.

Ela não ia conseguir contar, não olhando para aqueles olhos verdes, ávidos por informação.

_Quando acordou, ela esperava que aquele dia fosse como todos os outros, mas não foi. Eu não lembro muito bem daquele dia, faz muito tempo...

_Ally...

_Deixa eu terminar. - Falou, erguendo a mão. - Depois você diz o que quiser.

Mesmo contra sua vontade, Lauren permaneceu em silêncio. Algo nela, dizia que aquilo era necessário para Ally, era algo que ela precisava, então preferiu não interferir, era o momento dela.

_Já no finalzinho de tarde, a mãe de Lara á chamou, e as duas ficaram sentadas bem ali. - Apontou para a mesa da cozinha. - A mãe dela estava preocupada com algo, mas a menina nem notou, estava tão animada com o desenho que tinha feito, que não percebeu a aflição da mãe. Um pouco depois, Lara levantou e foi até o quarto, pegar o desenho que tinha feito... Ela estava voltando para o colo da mãe, quando ouviu os gritos.

Lauren ouvia tudo em silêncio, tentando absorver a maioria das informações que ouvia, mesmo sem entender direito. Ela queria perguntar, queria saber o que Ally tinha a ver com Lara, queria confronta-la, sobre a razão de estarem ali. Mas foi só olhar para aqueles tristes olhos castanhos, que ela mudou de idéia.

Lauren via o sofrimento nas feições dela, na maneira que ela segurava os cabelos, ou quando batia a cabeça na parede de leve. A dor estava estampada em Ally, como uma tatuagem enorme no meio da testa.
Mesmo querendo abraçá-la, e tirá-la dali, Lauren se obrigou a ficar no mesmo lugar. Em parte porque achava necessário, mas não era só isso, ela queria saber mais sobre a história de Lara e a importância que ela tinha para Ally.

_A mãe dela gritava, implorando pra parar... - Ally mordeu o lábio. - E a Lara... Ela não podia fazer nada...

Lauren se abaixou ao lado da amada e segurou seu queixo, fazendo com que seus olhares se encontrassem. Ela alisou os rosto da loira, limpando uma lágrima solitária, colocou uma mecha de cabelo para trás da orelha dela antes de falar.

_Quem é Lara Almeida? - Lauren perguntou, já sabendo da resposta.

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