Capítulo 34

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Kevin Laurent

Ao parar no sinal eu peguei o celular, tinha uma mensagem de Sérgio, meu advogado e ela dizia que precisamos ter uma longa conversa sobre o contrato que Maurício me propôs. Apenas respondi com um "o.k." e depois segui em frente alguns quilômetros antes de ver Helen em uma lanchonete conversando com um homem... Ou melhor, ele estava falando e ela parecia está sendo acusada de algo. Poucos que por ali andam apenas olham. Mas não eu.

Virei o volante tão abruptamente que fiz os pneus fazerem um barulho horrível no asfalto. Parei em frente à lanchonete e desci do carro indo para perto da mesa onde eles estavam.

— Como... Eu não estou acreditando nisso Helen! Sua vadia!

O sujeito levantou sua mão como ameaça, mas antes que pudesse fazer alguma coisa eu segurei seu pulso com bastante força. Ele é um pouco mais baixo que eu.

— Qual é cara! Me solta!

— Kevin... O que...

— Helen, quem é esse sujeito?

Ela fica calada.

— Já ouviu que em conversa de marido e mulher não se coloca a colher? Me solta porra!

— Não é uma colher que eu vou meter. É uma porrada em você.

Soltei o braço dele e chamei Helen para irmos embora, ela pareceu incerta sobre o que fazer, mas tomou a melhor decisão e veio comigo. O cara ficou irritado e deu um chilique na lanchonete enquanto eu só acelerava o carro.

— Ele era seu marido?

— Não. — Ela fez uma cara enjoada—Meu ex-namorado... Acabamos de terminar um relacionamento de um ano.

— Eu sinto muito. Se eu fosse você também terminava, ele iria te bater. Covarde.

— Ah não, não foi por isso que terminamos. Foi por outra coisa.

Ela ficou incomodada com o assunto, percebi que seu lábio tremeu enquanto ela tentava mudar de assunto. Ela estava lutando contra o choro.

— Helen... O que aconteceu?

— Eu... Estou grávida.

— Nossa... Parabéns. Tenho certeza de que será uma ótima mãe. Mas, porque não está animada com isso? O idiota não quer assumir o filho?

— Não... O filho não é dele, é de um cara que conheci há pouco tempo acabamos fazendo sexo uma noite antes de eu começar a trabalhar... Não sei se estou preparada para ser mãe. Eu comecei a trabalhar há algumas semanas apenas.

— Não se preocupe, ajudarei você em qualquer coisa.

— Obrigada. Eu tenho que ficar na próxima rua, pego um ônibus.

— Quer mesmo?

— Sim. Preciso ficar sozinha.

Deixei-a no ponto de ônibus e depois dirigi para minha casa então a insegurança voltou ao meu corpo. Era como se eu fosse descobrir se tinha ganhado na loteria. Minha casa pareceu muito mais silenciosa que o normal, entrei sentindo um enorme frio na barriga afinal estou nervoso. Encontrei Taís na nossa cama, ela está soluçando me aproximei rapidamente dela.

— Não estou grávida.

Ela joga a bomba. Não está grávida. A frase mais leve que pude ouvir hoje, por um lado me sinto mais que culpado por pensar em não ter um filho porque ela queria muito e só Deus sabe o quanto ela queria mesmo e acaba de descobrir que não está grávida. Seus olhos estão inchados, a maquiagem borrada e os cabelos desgrenhados. Uma imagem de plena fraqueza e vulnerabilidade.

Como falar com ela nesse estado? Como dizer o que já deixei de sentir por ela agora que ela não está grávida que era seu maior sonho... Como?

— Não me olhe com pena... O médico disse que eu estava apenas passando mal e isso se prolongou porque não fui ao hospital antes. Nada demais.

Era o que ela falava, mas por dentro sei que está destruída, completamente destruída. O que ela fará se eu falar que não sinto o mesmo por ela... Gritar? Surtar? Não sei e acho que por agora não quero saber.

— Esqueça isso, vamos deitar... Amanhã vai ser um dia cheio.

***

Ela não quis se levantar de imediato, ficou na cama acordada pensando em alguma coisa sua expressão não mudava por nada. Só se levantou meia hora depois de mim e disse que visitaria seu pai para dar a notícia. Pensei em pedi para ela ficar ou ir com ela, mas se fizesse com certeza a machucaria mais porque futuramente não estaremos juntos. Ela foi ver o pai, fiquei em casa alguns minutos antes de ir para a empresa pensando que se eu adiar isso seja quanto tempo for eu me enrolarei mais nesse nó.

Na empresa eu estava tentando ocupar minha cabeça com contratos e mais contratos. Até que Sérgio entra na minha sala de surpresa, ele se mostrou envergonhado por um momento e depois seguiu até uma das cadeiras a minha frente. Ele parecia bastante preocupado.

— A que devo sua visita?

— Deveríamos ter tido essa conversa há muito tempo Kevin, o contrato que recebi tem coisas absurdas que eu nem sei como você não notou a olho nu sabe... Eu peguei alguns pontos e teorias minhas e acho que tem algo muito de errado.

— E o que seria?—Perguntei já bastante preocupado.

Sérgio podia ser um bom advogado, mas raramente usava sua voz autoritária em nossas conversas, foi por isso que confio minha vida a ele porque por muitos anos ele me livrou de enrascada. Esta prestes a fazer isso novamente.

— Vamos devagar... O contrato fala primeiramente que ao assinar os direitos das empresas seria passado para seu primogênito.

— Sim, isso eu sei, mas só quando ele tiver determinada idade.

— Certo. Segundo, eu pesquisei a respeito da empresa do seu sogro e está tudo em ordem exceto pelo dono que não vai lá há algumas semanas.

— Que estranho.

— Terceiro, o contrato fala que sua esposa terá trinta por cento dos seus lucros sem falar na parte de seu filho. Não acha isso como um esquema para tirar você da linha? Em minha opinião é.

— Falarei com Maurício hoje... Além disso, Taís não está grávida. Não tenho com o que me preocupar no momento.

— Faça isso, então eu voltei e te deixarei assinar os papéis.

— Obrigado.

— Sempre as ordens Kevin Laurent.

Minha Perdição | Série Irmãos Laurent-(Livro 2) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora