Capítulo 22

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Kevin Laurent

Acordei com o braço de Taís ao meu redor, tirei sua mão com cuidado e me levantei me espreguiçando duas vezes. Todas as memórias voltam a minha mente daquele dia em Paris: o ar quente por causa do mês, o gosto do café forte, os bolos amanteigados sem sal e os vinhos perfeitos. Ficamos em um hotel cinco estrelas de frente a Torre Eiffel que a noite fica maravilhosa com todas as aquelas luzes.

Os dias pareceram durar muito pouco tudo foi muito rápido, a semana passou em um sopro, porém aproveitamos demais. Agora, está na hora de voltar para a realidade. Tomei um banho relaxante e vesti meu melhor terno para trabalhar, agora que eu e Taís estamos casados tenho que providenciar o contrato da minha empresa com a empresa do Maurício que vai ser um enorme avanço para nós dois.

Depois de colocar minha gravata azul marinho eu fui para o quarto encontrando Taís acordada, mas ainda deitada sob os lençóis brancos bagunçados, ela está sem roupas.

— Bom dia— Ela fala com a voz rouca.

— Bom dia amor... Tenho que ir trabalhar agora.

Ela fez bico e me pediu para ficar mais um pouco, se eu fizesse ficaríamos naquela cama o dia todo sem produtividade nenhuma. A dei um beijo demorado e saí de casa.

Quando cheguei à minha empresa fui falar com a pessoa responsável por ela quando estive fora. Meu pai. Ele está sentado na cadeira da minha sala com seus óculos de leitura e a testa franzida expressando sua concentração no computador a sua frente. Bati na porta, ele levantou a cabeça e sorriu a me ver.

Hijo! Você está de volta!

Sustentei seu abraço por mais minutos, ele perguntou como foram as coisas em Paris e tudo mais e me garantiu que a empresa apenas progrediu enquanto estive fora.

— Confio em você pai, como vai a mãe?

— Bem, mas vai ficar chateada se você não ligar para ela agora mesmo e avisar que chegou.

— Tem razão. Deixe-me fazer isso agora.

Peguei meu celular e me afastei da sala para ligar para minha mãe. Ela atendeu no primeiro toque e fez dez perguntas em uma fração e segundos.

— Mãe! Respira... Isso... Vou responder tudo quando nos encontrarmos.

— Pode ser hoje a noite! Posso fazer o jantar para vocês... Poderíamos chamar seus irmãos e tudo mais.

— Não... Hoje não, tenho um compromisso com Maurício.

— Então será amanhã. Quero saber de tudo estou tão feliz por você filho que nem consigo falar direito.

— Amanhã você saberá de tudo madre... Tenho que desligar.

— Certo.

Desliguei depois de falar mais um pouco com ela sobre esse jantar amanhã, algumas coisas tem que ser evitadas. Entrei novamente na sala, meu pai já não estava mais na cadeira e sim olhando para a janela com o rosto pensativo, não consigo pensar no que ele esteja pensando agora.

— Pai?

— Sim?

— O que aconteceu?

— Não, estou apenas preocupado com alguns assuntos do seu irmão.

— Qual deles?

— Davi.

— O que ele tem? Além da perda de visão?

— Não seja insensível Kevin! Ele é seu irmão.

— Isso não quer dizer nada. O que está acontecendo com ele?

— Não é coisa que eu possa falar, se quiser por falar com ele.

— Não... Obrigado, mas dispenso.

— Odeio você ser assim com seus irmãos... Me faz pensar — Ele engoliu em seco — que é de alguma forma culpa minha.

Meu coração apertou de uma forma inexplicável. Como poderia não ser? Eu estou culpando ele na minha mente sendo que ele não tem absolutamente nada a ver com isso. A culpa é minha e apenas minha por alimentar um ciúme idiota de anos atrás.

— Se te faz sentir bem eu falo com ele.

— Gostaria apenas que vocês se entendessem.

— Acho isso impossível, pai, ele pode até ser meu irmão... Mas, é apenas isso.

— Você vai descobrir que tem mais em comum com ele do que com todos os seus irmãos.

— Duvido muito.

Meu pai passou sua mão pelo rosto, parece extremamente cansado. O dei um abraço antes de ele sair. Sentei em minha cadeira e aproveitei a sensação como se fosse a primeira vez.

(...)

Passando-se meia hora eu mandei uma mensagem para Maurício cancelando nosso jantar. Por meus pais eu vou falar com Davi. Meu horário de almoço foi usado para isso mesmo, peguei meu carro e parei em frente a casa dele, mas me faltou coragem para entrar.

Billy apareceu no enorme portão segurando o celular quando seus olhos pousaram em mim ele pareceu estar vendo uma miragem. Saí do carro finalmente e me aproximei do portão.

— Meu irmão está?

— Está... Vou abrir o portão para você, quer que eu avise ele?

— Não.

Com passos rápidos Billy foi para dentro da casa e abriu o portão para mim, entrei também a passos rápidos e respirando muito fundo. Ele está sentado em uma poltrona bege apenas respirando.

— Quem está aí?

— S—sou eu, Kevin.

— Ah. O que foi?

Foi a primeira vez que ele usou o tom ríspido comigo. Seus dedos ficaram com as pontas brancas pela força que ele está fazendo. Aproximei-me e fiquei a sua direita.

— Papai me mandou aqui... De certa forma.

— Para você me dizer que não gosta da minha presença? Ou para dizer que não gosta de mim porque sou cego? Ou sei lá o que se passa por sua cabeça.

A fala dele foi como levar um soco no estômago, por um momento eu fiquei zonzo com a sinceridade dele.

— Eu só queria saber por que você é assim! Caramba, o que foi que eu fiz para você Kevin, sinceramente você precisa me dizer.

— E—eu... Não...

— Vamos lá Kevin! Fala logo!

Minha Perdição | Série Irmãos Laurent-(Livro 2) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora