Capítulo 37

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Kevin Laurent

Atendi o celular quando forcei meu coração a se acalmar, o que não adiantou muita coisa. Meus batimentos superavam uma escola de samba, minha mente criou mil e uma teorias de quem atenderia e o que falaria.

— Kevin Laurent?

Era uma foz feminina, mas não a de Taís ou de alguém que eu conheça. Confirmei a pergunta e esperei a mulher falar mais alguma coisa.

— Sou a delegada Shore, estou ligando para informar que...

A linha ficou abafada, uma gritaria enorme começou, Caleb está quase roendo as unhas de ansiedade então coloquei a chamada em viva-voz. Coloquei o celular ao meio de nós dois. Segundos passaram até eu ouvir a voz da minha mãe. Estava soluçando.

— Mãe? O que aconteceu? Mãe!

— Kevin... O Davi... Alguém entrou na casa dele, deixaram Billy inconsciente e o levaram...

Os soluços dominaram a chamada, que caiu logo em seguida. Olhei para Caleb desesperado, primeiro minha esposa e agora meu irmão? Que tipo de covarde aquele maluco psicótico é? Procurei me acalmar para achar uma solução viável.

— Onde eles podem está?

— Talvez na casa dele... Podemos ir.

— Vamos sim, mas não ligarei para a polícia porque se eu chamar quem vai ser preso será eu.

Peguei as chaves, calcei os sapatos que estavam jogados perto da cama e saímos. Segui as instruções do homem ao meu lado que estava assustado com o jeito que eu dirigia, ignorando todas as regras de trânsitos. Quando ouvi os soluços da minha mãe, mas a voz preocupada do meu pai ao fundo tentando acalma-la meu sangue ferveu de uma maneira inexplicável, o ódio pareceu aumentar cem vezes mais. Logo Davi... porque ele? O ex de Caleb se aproveitou da deficiência do meu irmão para toma-lo em sua própria casa, como fizera com Taís. Vou mata-lo com minhas próprias mãos se tiver chance.

A casa é enorme, está silenciosa.

— Ele esconde a chave, vou procurar e você fica aqui.

Antes que ele saísse do carro eu segurei seu braço.

— O que...

Antes que terminasse a frase eu choquei os nossos lábios, após o repentino susto ele retribui colocando muito mais intensidade. Não acredito que estou realmente fazendo isso e gostando. Os lábios dele são macios, tocar em seu cabelo é gratificante, sentir sua língua batalhar com a minha por dominância é prazeroso, não existe sentimento melhor do que esse. Após alguns minutos incertos ele se separa ofegante e sorrindo bastante, notei que também estava sorrindo. Sorrindo para ele, pelo que fiz.

— Sempre espero um beijo seu todo dia— Ele confessa—, quem diria que no mais caótico dia seu beijo me acalmaria.

Não pude deixar de sorrir, as palavras ficaram presas na garganta. Ele saiu do carro ainda sorrindo e foi até a chave. Fiquei no carro ainda pensando no que eu fiz, que loucura, que coisa maravilhosa também.

A porta da frente foi aberta, ele acenou com a mão e assim eu saí do carro entrando na casa devagar mesmo sabendo que só tem nós dois.

— Eu procuro aqui em baixo, o primeiro andar me dá arrepios.

Maneei a cabeça confirmando, subi para o andar de cima e entrei nos primeiros cômodos, mas nada muito diferente do normal, apenas roupas, quadros e coisas extravagantes. O quarto dele era o que me dava nos nervos, procurei por todos os lados alguma pista suspeita, nada. A cama está arrumada, as gavetas contêm apenas materiais de escritórios e finalmente fui para o closet.

— Mas que porra...

As palavras saíram sem que percebesse. Minha mente recitou uma oração silenciosa, que tipo de pessoa doentia é aquele homem? No que ele estava pensando quando montou isso aqui? Cada canto que olho meus pelos se arrepiam mais, minha intuição passou de ser um mero sinal vermelho, era agora um medo real. Bem na minha frente.

— O que você... —Caleb para e observa a cena na nossa frente.

— Que tipo de pessoa faz isso?

— Não sei não...

— Você sabia disso?

— Mais ou menos, longa história. Vamos sair daqui.

Demos longos passos para trás, o medo transparece em nosso rosto, fomos para outros andares a casa parecia um enorme labirinto cheio de glamour as paredes pareciam brilhar a luz do sol, como feitas de diamantes.

— Ainda não olhamos o quarto trancado.

— Qual?

— O último desse corredor. Descobrir ele recentemente quando estava aqui, nunca perguntei o que ele guardava, mas... Esquece, acho que não queria saber no momento.

— Agora temos que saber.

— Infelizmente.

***

Precisamos chutar a porta várias vezes para que ela fosse aberta, não encontramos a chave de jeito nenhum, em nenhum dos 37 cômodos. Arrombar foi minha melhor alternativa. O cômodo está escuro, não há interruptores então ligamos a lanterna do celular mesmo, o cheiro nesse quarto é quase insuportável, parece uma mistura de carne podre e algo azedo.

— Acho que encontrei a luz.

Não só uma, mas várias luzes se ascenderam para iluminar o quarto. O interruptor ficava no alto de uma parede mais distante da porta, as paredes são pintadas de cinza, sem janelas, abafado, olhei ao redor, fiquei com náuseas e com ânsia... O quarto tinha mais roupas íntimas penduradas, o que achei que era carne podre na verdade são roupas suadas e algumas meladas com sangue e o que seria algo azedo na verdade era esperma seco por toda parte.

— Eu vou morrer aqui... —Caleb murmurou tampando o nariz por causa do cheiro.

— Aposto que quem já entrou aqui também pensou isso.

Várias cuecas, de várias marcas penduradas na parede com um preto, algumas tinham etiquetas grudadas, nomes repetidos, alguns borrados com o passar do tempo.

— Puta merda...

— O que...

Um dos pregos tinha a cima o nome de Caleb, mas não tinha nenhuma cueca.

— Só de pensar que ele tocou em mim, me dá nojo.

Olhei para ele, achei realmente o comentário desnecessário, mas não entrarei em uma discussão pelo ciúme. Olhei para a outra parede cinza, manchada com algumas horas de sangue seco. Tinha vários objetos.

— O que é isso? — Ele pergunta.

— Não faço a menor ideia.

— Eu sei quem pode ajudar.

— Quem? — Estou desesperado por qualquer ajuda.

— Rafael Laurent.

Minha Perdição | Série Irmãos Laurent-(Livro 2) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora