Caleb Lima
Está com uma arma apontada para si é o maior desafio que já enfrentei. Não posso descrever que sentimento é esse... medo, mais medo, e mais um pouco de medo. Quando olhava para Olavo, sempre via uma aura escura, sentia sua energia negativa, mas preferi ignorar porque estava carente, ignorei a luz vermelha que piscava mais que pisca—pisca de natal.
— Eu sugiro que venha para cá, Caleb, vamos tratar de coisas pendentes.
— Não temos nada para resolver, você é um nojento abusivo, hipócrita e filho de uma...
— Meça suas palavras para falar comigo! Posso acabar com isso agora mesmo!
— Então acaba! Anda... Atira!
➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖Kevin Laurent
Caleb se confia que Olavo está blefando. O olhar matador, as veias saltando e seu rosto, ficando cada vez mais vermelho é sinal de que não existe blefe nenhum. Ele quer atirar.
— Caleb... Eu te dei tudo e você me trata assim?
— Você não me deu porra nenhuma!
— Nossas noites não contam? Pelo jeito que você se remexia em cima do meu pau queria dizer muita coisa... Você já experimentou Kevin? Já experimentou desde rabo?
Coloquei Taís sentada em uma parede, ela não consegue se manter em pé por muitos minutos. A raiva tomou conta de mim quando ele falou isso, minha mente projetou imagens absurdas deles dois em um quarto fazendo... Isso... Porra... Me coloquei a frente de Caleb e do mu irmão.
— Olha só... Que casal mais adorável.
Sem pensar duas vezes Olavo atirou. Fechei meus olhos para sentir a bala chegar em mim, mas não aconteceu. O chão tem uma poça de sangue enorme, olhei para Taís ao meu lado, jogada no chão com uma bala perto do peito, olhei para Olavo e não deixei eles se preparar para atirar novamente. Avancei em cima dele. Tirei a arma de sua mão depois de tê-lo socado no rosto. Sei nariz sangra. Ainda é pouco. Comecei a soca-lo até seu rosto ficar banhado do líquido vermelho, o deixando no mínimo irreconhecível. Quando o vermelho se juntou ao roxo e os cortes graves começaram a aparecer eu diminuir a intensidade.
Após ele ficar inconsciente me aproximei de Taís, jogada no chão de madeira suja de sangue e areia. Segurei sua mão gelada.
— Porque fez isso?—Perguntei— Você... Você não merecia... Achei que estava inconsciente... Você fingiu isso...
— E-está tudo bem Kevin, eu mereci... Por favor, você precisa sair daqui. —Ele arfa de dor— Precisa se salvar e salvar seu irmão... ele também. —Seus olhos pararam em Caleb.
— Nós dois...
— Eu sei. Está tudo bem. Eu também não fui tão fiel... Isso se explicará depois. Você vai ver... —Sua voz ficava cada vez mais fraca.
— Precisa aguentar... Vamos levar você para o hospital... Vamos sair daqui... E depois... E... Podemos nos acertar, viver...
— Kevin! —Caleb fala—Ela já... Morreu.
Percebi que falava sozinho esse tempo todo. Taís parara de respirar há alguns segundos . O sangue melou minha roupa toda, o sangue da minha mulher em mim, morta para me salvar. Não lembro muito bem, quando chorei tanto, as lágrimas desciam livremente, não adianta impedir. Eu a perdi. Mas não aceitei de primeira, eu tentei fazer com que ela voltasse a respirar de novo. Tentei até socar o chão, até que meus dedos ficassem cobertos não só com o sangue dela, mas com o meu também.
— Temos que ir embora. —Davi fala— Precisamos sair logo.
— Não podemos deixar ela aqui... —Falo soluçando.
— Leve Davi. — Caleb toca no meu ombro. — Eu a levo. Eu prometo.
Olavo ainda está desacordado.
Fora da casa caindo aos pedaços, nenhum dos capangas ficou de vigia, apenas o enorme deserto a nossa frente, e o carro de Olavo nos fundos da casa. Pela primeira vez eu não desejo que Davi saia do meu lado, quero que ele segure firme em meu braço até que eu me acalmasse, até que nós dois fiquemos calmos. Caleb segura Taís, sangrando, flácida, morta. Morta.
— Vamos embora.
Entramos no carro. Antes que pudesse dar partida Caleb me fez parar.
— Falta fazer uma coisa. —Ele respira fundo— Eu já volto.
Precisei de forças para não segurá-lo forte, deixa-lo no banco ao meu lado e dar partida. Ele colocou sua mão no bolso traseiro, percebi o que queria fazer, não vou de nenhum jeito tentar impedi-lo. Que seja feito.
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Caleb Lima
O isqueiro que iria utilizar para incendiar aqueles capangas melados de álcool estava no meu bolso esperando por esse momento. A casa de madeira frágil pode aguentar a força dos ventos, mas duvido que consiga aguentar a catástrofe que o fogo faz quando se espalha. Há apenas ele lá dentro, a que merece realmente sofrer vai passar por uma das mais dolorosas dores do mundo: ser queimado vivo. Ao acender a chama e vê-la balançar por causa das finas rajadas de vento foi o momento final, antes de eu fazer uma pequena menção a ex-mulher de Kevin. O mal precisa ser cortado pela raiz. Isso é por Taís, por Ian, por mim, por todos os garotos que ele destruiu. Que as fotos sejam levadas para onde suas cinzas também forem.
Virei. Andei normalmente como se uma casa aos pedaços não tivesse pegando fogo atrás de mim, o cheiro de madeira queimada alastrou o lugar, entrei no carro e fechei as janelas, pedi para Kevin dar a partida. Ao chegarmos a um lugar civilizados não pude deixar de não chorar. Estou bem. A frase nunca foi tão confortante. Kevin e o irmão estão bem e pelo visto, melhores do que nunca. Tudo que temos que fazer agora e voltar, se recuperar e quem sabe... viver essa nova vida. Deixando de lado as coisas e as pessoas que nos fizeram tão mal.
Chegamos à casa dos pais deles, não tínhamos celular agora então o jeito foi chegar de surpresa mesmo. Não é possível descrever a cara dos pais quando os filhos cruzaram as portas, estavam aliviados, mas ainda assim, preocupados. Andressa abraçou Kevin sem se importar que seu vestido azul ficasse melado de sangue, Valentim abraçou Davi que estalou suas costas, ambos os pais não largaram seus filhos por longos minutos.— Que bom que vocês estão bem... Eu fiquei tão aflita, não sabia mais o que pensar sobre vocês. Quando eu soube que seu carro capotou Kevin eu fiquei louca... Nunca pensei que isso aconteceria com vocês dois. Eu devia ter...
— Mãe. —Kevin a interrompe— Eu devia ter escutado você e meu pai há muito tempo, Davi é meu irmão e eu o considero muito. Depois de hoje eu percebo verdadeiramente o medo que tenho de perdê-lo.
Davi sorriu e procurou os braços do seu irmão. Um abraço tão esperado pelos pais finalmente aconteceu.
— Eu também tenho grande consideração por você Kevin.
— Eu queria aproveitar que já estamos todos aqui para ligar para seus irmãos e fazermos um almoço... Jantar. Vocês precisam descansar por hora. Liguem para os oficiais depois, expliquem tudo.
— Eu cuidarei da empresa na sua ausência filho, conte comigo.
— Obrigado pai, mãe.
— Mãe, poderia ligar para Billy? Por favor
— Claro querido, onde está a Taís, Kevin?
Entreolhamo-nos. Ela percebeu. Os dois perceberam a troca de olhares. Não tínhamos como mentir, nem devíamos, ela morreu quisemos dizer, mas as palavras nos escaparam. O nosso olhar triste disse tudo.
— Avise ao pai dela também, ele merece saber agora mesmo. —Andressa falou com pesar.
— Farei isso. Eu ligarei para alguém vir buscar o corpo e... As coisas dela vão para o pai. Se ele não quiser, vou doar.
Sorri para ele. Depois segurei sua mão sem me importar se seus pais vissem. Ele apertou minha palma na sua. Bom, e agora? Eu perguntei com o olhar, eu sabia que ele entenderia.
Kevin deu de ombros, cansado.
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Minha Perdição | Série Irmãos Laurent-(Livro 2) (Romance Gay)
RomanceKevin Laurent é dono da empresa K.L.C., para melhorar seus negócios ele aceita se casar com a filha de um dos empresários mais renomados do exterior. Caleb Lima é um jovem que sofre muito preconceito por ser garoto de programa e gay. Já fez sexo div...