Capítulo 36

4K 405 27
                                    

Caleb Lima

Com Ian no trabalho fiquei em casa entediado. Os programas sobre a vida animal não me entretém como antes... Poxa, eu já sei tanto sobre golfinhos que posso falar até a língua deles. Meu celular vibrou ao meu lado.

"Invadiram minha casa, Taís não está aqui e algumas coisas sumiram não sei o que fazer então, por favor, venha aqui. A polícia já deve está a caminho"

Que? Que merda é essa?

Li e reli a mensagem três vezes, meu coração de um solavanco muito forte. Levantei rápido e desliguei a televisão indo para o meu quarto procurando uma roupa adequada para sair nesse frio. Com um velho moletom cinza, calça jeans e tênis de corrida eu saí de casa correndo, fazendo minha mente processar o que li naqueles minutos agonizantes, o suor fez meu cabelo grudar na testa, meu corpo aqueceu, a adrenalina me invadiu e me fez correr mais rápido até chegar à casa de Kevin que estava com várias viaturas em frente. O encontrei em frente à casa, junto do seu irmão Diego. O abracei antes de falar qualquer coisa.

— Estou aqui... Vai ficar tudo bem...

A força que ele colocou em nosso abraço me fez arfar, seu corpo está tremendo e a primeira vez que o vejo assim: vulnerável. Seu irmão se aproximou de nós mais ainda e pediu licença.

— Acho que nossos pais e principalmente o pai de Taís deveriam saber.

Ele balança a cabeça concordando. Esperei ele digitar a mensagem para os pais. Escutei os policiais discutindo sobre algo que encontraram lá dentro, não permitiram que ninguém entrasse. Uma policial com um rabo de cavalo se aproximou com um tablet e mostrou algo para nós.

— Encontramos isso entre as roupas. Quem quer que tenha invadido queria assustar você.

"Primeiro passo: pegar a que te tem. Segundo passo: pegar quem te ama. Por último: matá-los para que ninguém fique com você finalmente"

A letra é um carrancuda, mal feita. Estava escrito com uma caneta vermelha. A policial disse que o bilhete vai ser levado para ver se conseguem alguma pista.

— Você tem ideia de quem poderia ter feito isso?

— Não. Ninguém. —Kevin falou.

Reprimi a ideia de que eu saiba que é. Não posso levantar em falso tão abruptamente assim, mas as chances (Por mínima que sejam) são válidas. Fiquei aéreo por alguns minutos, pensei em todas as possibilidades de Olavo ter feito isso, de como fez isso e das atrocidades que poderá fazer com a mulher de Kevin.

— O que vamos fazer agora? — Diego pergunta.

— Não sei.

— Você tem que falar com o pai dela.

— Eu vou. Tivemos uma discussão ainda pouco, acho que ele vai querer quebrar minha cara. Porra... Eu não protegi a filha dele, minha esposa... Eu a deixei sozinha. Logo hoje.

— O que iriam fazer hoje?

A pergunta de Diego fez com que eu trocasse olhar com Kevin. Não tive certeza se ele já mencionou com alguém a nossa conversa, sobre nós. Pelo jeito não. Não fiquei com raiva, nem com nenhum sentimento rancoroso porque não há nada que eu sinta mais agora do que medo. Medo de que Taís esteja na pior, medo de que talvez alguém próximo dele seja pego também com outro aviso... Talvez sua mãe, sua sobrinha, seu irmão... São grandes as possibilidades.

— Os nossos pais estão vindo para cá agora mesmo... Você pode falar apenas com seu sogro.

— Beleza. Não estou com paciência para nada hoje...

— Podemos ir para minha casa se você quiser depois —Falo para ele —, você precisa descansar.

— Descansar enquanto tem uma pessoa louca atrás de mim? Nem pensar.

Fiquei calado. Ele está certo, nem eu mesmo conseguiria pregar o olho nesse momento. Um carro branco parou ao nosso lado, seus pais desceram apressados e bastante preocupados abraçaram seu filho e fizeram várias perguntas, ele não conseguiu responder nenhuma. Pareceu uma criança que acabara de perder seu brinquedo favorito e foi procurar consolo nos braços de sua mãe. A cena seria adorável se não fosse uma situação ruim.

— Vamos acha-la, os policiais vão trabalhar para isso... Podemos contratar um detetive particular se quiser.

— Não... Quer dizer... Tanto faz, minha cabeça tá explodindo.

— Vamos para minha casa e... Olá Caleb.

— Olá Andressa, Valentim.

— Olá rapaz.

— Vamos... Os policiais informaram todo o caso.

— Não, eu vou com o Caleb.

Abri a boca para falar, mas nada saiu. Andamos para seu carro, Kevin me deu as chaves e eu dirigi até minha casa. Entramos em silêncio, o levei para minha cama e perguntei umas três vezes se ele estava bem. Ele sempre concordava.

— Fica aqui. Não posso ter em mente que vou perder você também.

— Ficarei.

Deitei em seu peito e nos cobri com meu lençol vermelho, suas mãos pousaram em minha cintura me colocando mais para perto, na posição que ele está é possível ouvir meu coração que bate devagar pela primeira vez no dia, o pesar saiu de minhas costas quando ele adormeceu. O rosto sereno parecia mostrar que estava tudo em paz, que nada estava acontecendo, mas estava infelizmente.

(...)

Ele precisava mesmo dormir, Kevin ficou dormindo por duas horas, quando acordou finalmente, estava desorientado achando que tudo não passava de um maldito pesadelo. Quem dera... quem dera...

— Está com fome?

— Acho que não consigo comer nada agora.

— Não é recomendável ficar assim, vai ficar tudo bem.

Ele maneia a cabeça. Fiz três sanduíches para ele, que os devorou em minutos. Fiquei feliz. Ficamos aguardando notícias da policia, mas nem o meu celular nem o dele tocou... tirando que sua mãe me ligou sete vezes para confirmar que seu filho estava realmente aqui.

— Minha mãe se preocupa demais.

— Ela tem motivos... Preciso te falar uma coisa. —Mudei meu tom para um mais sério.

— Estou ouvindo.

— Meu ex-namorado... Disse que... Basicamente me ameaçou, acho que ele pode esta atrás disso. Do sequestro de Taís.

— Porque ele a levaria e não eu? Ou você mesmo?

— Porque ele quer me atingir. Sabe que gosto muito de você, sabe que Taís é sua mulher, ele acha que você vai me culpar.

— Não culpo você.

— Obrigado. —Tive a necessidade de dizer tais palavras, me sufocava.

— Vamos esperar notícias.

Justamente quando falei, o telefone dele tocou e um número desconhecido brilhava na tela. Meu coração disparou. Aposto que o dele também.

➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖➖

"Primeiro passo: pegar a que te tem. Segundo passo: pegar quem te ama. Por último: mata-los para que ninguém fique com você finalmente."

Quem vocês acham que é a segunda pessoa? Como isso vai acabar? Teorias aqui...

Minha Perdição | Série Irmãos Laurent-(Livro 2) (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora