A infância de Asas (parte II)

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Tens certeza que a tua vida irá ir de mal a pior, quando és destituído de
Batman para uma bola de pelo enorme com um coração pulsante.
Bardel! O pastor alemão que roubou a minha identidade e o coração do
Grandel.

-AU AU AU!
- Balder! Não posso abrir-te a porta de acesso ao jardim.- Respondi ao cão
que se encontrava a minha frente fazendo olhinhos.

- Isso não funciona comigo! Sou um anjo ou já esqueceste?-contrapôs.
Ele choramingou-se baixinho, queixando-se.

-Está bem! Mas depois arcas tu com as consequências. -adverti, mas acabei por me deixar vencer para aqueles olhos pedintes.

Ele ladrou euforicamente, o que suponho ser um sim. E quando abri a porta, ele escapuliu-se de imediato, laçando na relva fresca que enunciava agora
o outono.

Encontrávamos os dois sozinhos, já que todos tinham saído, mas eu não podia mais ir.

Um segundo fato que descobri sobre os anjos, é que as nossas asas não nos confere uma total liberdade, porque ficamos sempre presos onde o amor foi atado.

Se parares de me denunciar posso trazer-te mais vezes…-tentei negociar,
mas era quase impossível ter a sua atenção quando ele vinha aliviar-se.

– É só parares de ladrar para mim. Eles não conseguem me ver … -persisti
mais uma vez, mas ele continuava farejando e ignorando as minhas palavras.

- Ingrato! Tomará que sejas substituído por um gato!- ralhei por fim. Sabia que o Bardel detestava gatos.

No entanto, ao vê-lo colocar as orelhas em escuta momentos depois, imaginei que eu tivesse finalmente capturado a sua atenção. Porém ao ouvi-lo ladrar sem parar, poderia ser apenas uma coisa: o Grandel tinha chegado!

O que um cão e um anjo tem em comum, é a felicidade de ver o seu humano regressar a casa quando não puderam estar em sua companhia.

- Quem abriu a porta do quintal para ti?- questionou o Grandel assim que
percebeu as suas patas ensopadas de lama, quando este os colocou a volta da sua cintura, ficando assim ambos do mesmo tamanho.

- Au! Au! Au! – ladrou o Balder em minha direção, me denunciado mais uma vez sem sucesso.

- Foste tu?! Que cãozinho esperto que tu és!- fez-lhe festinhas na cabeça antes de o abraçar.

Para Grandel era mais um bom dia em sua vida. Mas na realidade, um dia
não é bom porque tudo correu bem. Mas sim, porque, apesar de tudo o que
possa ter corrido mal, você fez a diferença para que tudo terminasse bem na tua mente e no teu coração.

E isso jamais o Grandel aprendeu. Pois, ele apenas aprendeu a amar o verão…

A Menina que colecionava Penas (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora