As Asas perdidas (Parte I)

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Deveria se amar o impossível mais do que a perfeição. Porque o impossível pode ser tornado real, mas já a perfeição, esse depende dos olhos de cada ser.

Se os opostos se atraem, de certeza que essa lei não se aplica a desgraça.
Porque quando ela chega, chama toda a sua família para se juntar a festa.
Por outro lado, talvez ela aplica-se no amor. Ou seria apenas a necessidade
de sentir do outro o que não encontrámos em nós mesmo?

- Atenção pessoal! - gritou um rapaz de forma inusitada. E quando todos
os olhares voltaram-se para ele,acrescentou:
- Os intocáveis vão passar!

E todos desatarem aos risos.

Não tardou para que um grupo de jovens de 4 rapazes e uma rapariga surgissem no início do corredor.

Os rapazes pareciam ter fugido daquelas revistas que quase todas as garotas veneram aos 15 anos, enquanto o Grandel com 17 anos aparentava apenas ser um mero mortal de carne e osso.

E a rapariga do grupo, bem, não preciso nem dizer. É só imaginar a cara de pateta que o Grande fez ao colocar os olhos em cima dela. Isso sim valia mais do que mil palavras...

- Essa gente parece viver no mundo perfeito! - comentou o Grandel ainda com os olhos fixos no pequeno espetáculo de aparências. - E ela é tão bonita...

- Pensei que só gostasses das meninas dos teus jogos...-provocou o Noah,
interrompendo os pensamentos do Grandel que já navegavam pelo mar de rosas.

-Cala boca Noah! - contrapôs o Grandel um tanto irritado.

Não exatamente pelas palavras do Noah, mas sim, por saber que no fundo jamais poderia ter atenção de uma rapariga como a Ellen.

E mais uma vez seus pensamentos foram interrompidos, agora pelo risos
do Noah .E dessa vez, agradeceu mentalmente. Porque detestava pensar o
quanto era inútil a sua existência comparada com a dessa gente.

- Estou apenas a brincar Grandel! Além disso, isso são Tretas. - comentou o
Noah sem desviar os olhos do que estava fazendo. Tinha um TPC de
matemática por terminar e pouco se importava com esse show que acabava de passar.

Eram amigos já algum tempo. O único por sinal. O Noah era uma espécie de
farol na vida do Grandel. As coisas nunca tinham sido fáceis para ele assim como não foram para Grandel. A diferença é que o Noah sabia que não poderíamos fugir para sempre das coisas indesejáveis da vida e que muitas das coisas que teríamos que fazer,
não dependiam da graça da nossa vontade. Mas sim, porque são necessárias para alcançar um dia o que nos faria ser verdadeiramente feliz.

O Grandes admirava-o por isso. Mas colocar na prática o que o Noah constantemente o dizia, já era uma realidade bem distante.

- A propósito, já sabes o que vais fazer depois do liceu? Terminamos esse
ano, caso não lembras. - disse o Noah após um longo silêncio entre eles.

- Isso deverias perguntar aos meus pais. Eles que ligam para essas tretas! -
respondeu o Grandel antes de retomar novamente a sua atenção para o grupo que já se encontrava no final do corredor.

- Se fizesses algo que gostes, talvez não seriam tretas...- Tentou o Noah
como sempre motivá-lo. Esperava um dia conseguir fazê-lo ver o quanto ele
era capaz. Mas em vez disso, o Grandel pôs-se a rir, como se tivessem lhe contado uma piada.

- Isso é a maior treta que existe Noah. Porque o Mundo nos ensina a fazer
o que os outros esperam e não o contrário! - declarou o Grandel por fim muito sério.

-Mas Grandel! Eu acho...- virou o Noah finalmente para o encarar ao
terminar a sua tarefa. Mas o Grandel já não estava mais lá.

Ele tinha ido seguir o grupo dos intocáveis e nem sequer foi uma tarefa difícil. Olhavam sempre para frente, ignorando os demais a sua volta.

Trajavam os últimos lançamentos de moda, faziam as melhores viagens e
até possuíam modelos de carros bem modernos. E o melhor de tudo, é que
todas as coisas aparentavam estarplenamente bem em suas vidas.

Nesse momento, o Grandes apercebeu-se de uma coisa.
Talvez a vida e o Jogo tinham algo mais em comum: o dinheiro. E ele poderia ser uma espécie de poder que daria muitas vantagens.

Os pais do Grandel tinham dinheiro. Entretanto, ele passou a vida inteira o
odiando. Por quem nem todo o dinheiro que eles possuíam pode trazer de volta o Bardel, o pequeno Hope e muito menos ainda, conseguiu arrancar aquela sensação de dor que ele tanto odiava.
Porém, agora, o dinheiro pudesse ser o seu único caminho para a felicidade.
Ou pelo menos ele acreditou que seria esse o caminho...

A Menina que colecionava Penas (Completo)Onde histórias criam vida. Descubra agora