Capítulo Quatro: "A colisão".

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- FINALMENTE SÁBADO! – Jazzie chegou à cozinha gritando de felicidade. A Sra. Poynter e Elena conversavam enquanto tomavam café.
- Ô escandalosa, seu irmão ainda tá dormindo, então fala baixo – Elena disse rindo da cara da amiga.
- Ih, esse garoto chegou ontem à noite e vocês já estão com essa frescura toda por ele? – Jazzie fazia caretas ao falar.
- Eu não disse nada! – Sra. Poynter colocou as duas mãos para cima em sinal de inocência.
- Obrigada pelo apoio, tia! - Elena fez bico.
- Desculpe, Len, mas eu preciso mimar igualmente esses dois, senão tem briga – Sra. Poynter acariciava os cabelos da filha ao falar.
- Isso mesmo, mãe! Eu sou ciumenta!
- Eu também sou ciumento, então pode fazer carinho em mim também, mãe! – Dougie disse descendo as escadas. Após um "bom dia" geral, ele deu um beijo na bochecha da mãe, bagunçou os cabelos de Jazzie e quando se aproximou de Elena disse baixo - Oi, pirralha.
- É... Oi – Elena gaguejou não entendendo o jeito de Dougie.
- O que nós vamos fazer hoje? – Jazzie perguntou Len.
- Nós? Você prometeu à Cathie que iria acompanhá-la no encontro dela com o Edward, lembra? – a garota responde rindo da cara de incrédula da garota.
- EU TINHA ESQUECIDO! Ninguém merece isso. Por que eu fui concordar em ser vela nesse encontro hein? – Jazzie faz drama e apoiou a cabeça nas mãos em sinal de desespero.
- Vela? Pelo o que eu ouvi a Catherine dizendo, um tal da Billy vai ser seu acompanhante – Sra. Poynter entra na conversa, e Dougie apenas olhava as três falando sem parar.
- É mesmo. E eu acho melhor você ir logo, porque nós todos sabemos sobre o seu problema em escolher sapatos, e você precisa ir ajudar a Cathie a escolher uma roupa. Qual o problema de vocês? Você e os sapatos e a Catherine com calças - Elena ria das caretas da amiga.
- Minha mãe está de prova que eu não tinha problemas com sapatos até você chegar. Que culpa tenho eu se seus sapatos são apaixonantes? É melhor eu ir escolher um deles logo – Jazzie diz esquecendo da "tristeza" por ter prometido à amiga que iria ao encontro duplo, e sai correndo para escolher sua roupa, e o sapato, claro.
- Essa minha filha - a Sra. Poynter riu. - Eu também tenho que ir andando... Fiquei de passar o dia com a Natalie, nós vamos a um SPA. Mas e vocês dois? O que vão fazer? – a Sra. Poynter ia dizendo enquanto tirava as xícaras de Dougie e Jazzie, vendo Elena ajudá-la.
- Ah tia, eu tenho que terminar o trabalho de química, tenho sérios problemas com essa matéria – Elena fazia caretas ao falar da matéria que tanto odiava.
- E eu quero matar as saudades da casa, do meu antigo quarto, de ficar sem fazer nada e principalmente de não ter fãs tirando minhas calças – Dougie diz fazendo cara de aterrorizado por lembrar das fãs taradas.
- Compreendo, filho. Eu já estou indo. Elena, minha linda, cuide desses dois por mim, tá? Avise para a Jazzie não chegar muito tarde e pra me ligar se precisar. E Dougie, não faça nada que possa assustar ou traumatizar a Elena ok? – a Sra. Poynter faz cara de brava para o filho.
- Eu, mãezinha? Relaxa, eu cuido da pequena – ele falava lançando olhares estranhos para Elena.
- Ok, então estou indo. Juízo! Não voltarei muito tarde. Amo vocês – a senhora ia dizendo enquanto pegava sua bolsa, e dando um beijo na testa de Dougie que ainda estava sentado, e beijando a bochecha de Elena – TCHAU FILHA – ela gritou e logo depois ouviu Jazzie devolver-lhe o tchau.

Dougie ficou a manhã inteira assistindo TV, Elena que estava em seu quarto tentando fazer seu livro de memórias, apenas escutava as gargalhadas do garoto vindas da sala.
- Alvarez! – ela ouviu Dougie gritando.
- Oi? – ela falou depois de alguns segundos, chegando à sala.
- Eu tô com fome, você prefere comida italiana ou chinesa? Ou um McLanche Feliz? – ele falava sem olhar para a garota, sua voz tinha um tom de deboche.
- Dougie, eu não tô te entendendo! O que eu fiz pra você me tratar assim? – sua vontade era gritar com ele, chorar de raiva. Mas essa não era a personalidade da garota, e ele nem fazia ideia de como doía ver seu ídolo falando do jeito que ele estava com ela.
- Eu tô te tratando como trato pessoas que eu não conheço... Na verdade, como eu as amiguinhas patéticas da minha irmã – ele ainda não olhava diretamente para ela.
- Que eu sou uma estranha pra você, tudo bem. Mas me tratar com toda essa ironia? Eu não perguntei nada antes, porque eu pensei que fosse o seu jeito, mas eu percebi que a história é comigo. Você me acha uma intrusa, é isso? Acha que eu sou uma groupie esperando o momento ideal pra te atacar e dizer que estou esperando um filho seu? Ou então que eu sou de um grupo terrorista e matar vocês? É isso? – ela tentava se manter calma, mas estava sendo quase impossível vendo que ele ouvia tudo atentamente, mas não a olhava nos olhos.
- Eu não penso nada disso – ele disse calmamente.
- Então, por favor, me fala o que eu fiz de errado! – Len sentia os olhos arderem, mas não se permitiu perder o controle dessa forma.
- Você não fez nada de errado, Alvarez – ele falou virando para a TV.
- Qual o seu problema? Hein, Poynter? Primeiro você me trata super bem, me faz sentir bem vinda e depois começa a falar desse jeito estranho comigo! Eu realmente não entendo o que eu te fiz – ela falava rapidamente, Dougie pôde perceber que as mãos da garota tremiam.
- Agora você é a vítima? – ele levantou do sofá rapidamente e encarou a garota – Você é quem se fez de boazinha quando me conhece, super simpática, e quando eu começo a gostar de você... Ah, deixa pra lá!
- DO QUE VOCÊ TÁ FALANDO, PELO AMOR DE DEUS? TERMINA DE FALAR. QUE DROGA! – nesse momento ela sentiu uma lágrima escorrer por seu rosto.
- Não finge que você não fez, ou melhor, que não escreveu nada que possa ter me feito mudar.
- Escrever? Como assim? Você é doido? Eu não escr... – ela levou as mãos á boca, assustada – Oh meu Deus, você leu aquilo? Era brincadeira, Dougie, eu juro – ela falava rapidamente olhando no fundo dos olhos do garoto.
- Era pra rir, Alvarez? Brincadeira? Odiar alguém não é brincadeira.
- Eu juro que não queria escrever aquilo...
- Mas escreveu!
- Eu escrevi de brincadeira, merda! Se você não percebeu estava tudo em português e só aquela frase em inglês, por que você acha que eu fiz assim?
- Sei lá, você é maluca. Quer saber? Pra mim já chega, isso não faz diferença.
- Ok então. ESPERA! Que falta de educação ler as minhas mensagens! – ela desistiu de se desculpar, por algum motivo ela tinha vontade de brigar com ele.
- MAS O COMPUTADOR É MEU!
- OLHA O TOM DE VOZ PRA FALAR COMIGO, POYNTER!
- EU FALO DO JEITO QUE EU QUISER! EU ESTOU NA MINHA CASA! – Dougie berrava se aproximando de Elena, ele não sabia explicar o porquê de ler que ela o odiava tinha mexido tanto com ele.
- É, você tem toda a razão. Desculpa pelo o que você leu, sinceramente não era o que eu queria dizer ou o que eu sinto – ela disse quase num sussurro, estava prestes a chorar. Elena não era de chorar, mas a frase "estou na minha casa" machucou a garota, naquele momento ela só queria voltar para o Brasil e nunca mais ver ou ouvir falar sobre Dougie Poynter.
Ele ficou sem reação por alguns segundos, vendo pequenas lágrimas escorrendo pelo rosto de Len e conseguiu ver que ela falava a verdade; num momento de loucura a abraçou. Elena ficou estática ao sentir Dougie a envolver em seu peito.
A garota não se moveu, não correspondeu ao abraço, ela simplesmente o sentia acariciar lhe os cabelos e por fim sussurrar:
- Desculpa, eu não devia ter gritado, não faz nem 24 horas que a gente se conhece, não podemos começar uma relação assim. E eu acredito em você, se você diz que era só uma brincadeira, tudo bem.
- Sério? – ela finalmente reagiu, perguntando em um sussurro tão baixinho que Dougie quase não escutou.
- Claro! Se você me odiasse não estaria aqui se derretendo toda por um simples abraço meu – ele disse rindo de um jeito que beirava de provocação.
- O QUÊ? – Elena o empurrou para longe – Você é patético, Poynter! – ela disse já em direção a escada.
- Também te adoro, linda! – ele disse ainda rindo – E à propósito, vou pedir comida italiana!

- Como eu pude ser fã, ou melhor, adorar um babaca desse tipo? Ai que ódio! – Elena falava sozinha, em português para Dougie não entender, em seu quarto. – Idiota! Quem ele pensa que é? Só porque é lindo, famoso, toca na melhor banda do mundo e tem um sorriso maravilhoso ele acha que já pode me tratar assim? Me derretendo pelo abraço dele! Ele só pode ser doido! Ele nem me conhece e já é cínico assim comigo? E por culpa dele eu não quero mais escrever meu livro de memórias! Eu tô com ódio desse computador! Meu Deus! Eu chorei na frente dele! EU QUERO MORRER! Eu nunca chorei na frente de ninguém, mas não, eu tinha que ser uma anta e chorar justo na frente dele. Ele deve achar que eu sou uma fraca, bobona que chora por tudo.

Dougie estava deitado no sofá esperando a comida chegar. Tinha um sorriso bobo no rosto: ela realmente não o odiava, e amou vê-la baixar a guarda... Ela até chorou! Mas uma coisa ele não podia negar: ela conseguia tirá-lo do sério. Ele podia ouvir algumas palavras que ela gritava no andar de cima, e tinha certeza de que ela falava sozinha em português.
Quando comida chegou e ele gritou avisando Elena.
- Que merda! Por que eu tenho que estar com tanta fome? Agora eu preciso ir lá embaixo. Respira, calma. Eu não vou brigar com ele. Eu vou fingir que ele não existe. Eu vou me controlar para não responder nada do que ele diga – ela falava baixinho em português até chegar à cozinha e se deparar com Dougie olhando para ela e sorrindo.
- Mania de falar sozinha? Eu faço isso às vezes – ele agia como se nada tivesse acontecido. Elena sequer olhou pra ele, foi até o armário e pegou um prato, mas então viu um problema: a comida estava bem em frente a Dougie.
- Com licença – ela disse simplesmente puxando o refratário para perto de si.
- Não!
- Como assim não?
- Não, eu não dou licença para você, Alvarez.
- Poynter, você é bipolar? – não podia acreditar na cara de inocente que ele fazia.
- Ah pequena, você fica tão lindinha quando tá brava, sabia? – ele disse se aproximando dela.
- Mudou a tática, foi? Agora vai tentar me seduzir? Lembre que sua mãe pediu para não me assustar ou traumatizar – Len falou ironicamente.
- Tática? Que tática? Não tem tática nenhuma, criança – ele havia conseguido prender Elena entre a pia e ele mesmo.
- PÁRA DE ME CHAMAR DE CRIANÇA! – ela gritou no rosto dele, tentando sair daquela situação.
- Tá nervosinha, é? – ele falava sério enquanto colocava as mãos, uma de cada lado do corpo de Elena, apoiadas na pia. Dougie não sabia explicar, mas a vontade de provocar a garota era maior que a razão.
- Poynter, me deixa sair! – ela suplicou.
- Pedágio!
- Quê?
- Eu disse que você vai ter que pagar pedágio pra sair daqui.
- Vai se ferrar, garoto!
- Eu posso ficar aqui o dia todo.
- Poynter vai se fo... – sua frase foi interrompida pelos lábios de Dougie, que se afastou tão rápido quanto se aproximara.
- Foi mal, esqueci que pedofilia é crime – o garoto tinha um sorriso debochado.
- IDIOTA! – Elena perdeu o controle de si mesma e num impulso deu uma joelhada entre as pernas de Dougie.
- AHH! ALVAREZ! QUAL O SEU PROBLEMA, GAROTA? – ele gemeu de dor, vendo a garota sair sorridente da cozinha levando seu prato de comida.
- Agora estamos quites!

A Garota da Porta VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora