Capítulo Dezenove: "O Segredo é continuar respirando".

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"Alguém uma vez me disse: Toda canção tem um final, mas não há qualquer razão para não aproveitar a música".

- Peyton Sawyer.

- O quê, Dougie? Fala mais alto! Tente ligar de novo, eu não tô ouvindo nada – Elena praguejou baixo ao celular enquanto andava até a entrada do metrô. A manhã de sábado estava fria e chuvosa, deixando a garota mais frustrada por ter de ir à escola no fim de semana para terminar um trabalho de biologia.
O McFly estava em turnê pela Ásia há exatas quatro semanas; faltavam apenas dois meses para as garotas terminarem o ensino médio; dentro de três meses Cath se mudaria para a casa da mãe, que tinha se casado recentemente, na Itália; Jazzie estava mais feliz que nunca: tinha sido aceita em Cambridge; Dougie voltaria em cinco dias; e Elena tinha um grande dilema, ou melhor, uma bomba relógio nas mãos: recebera três cartas de aceitação em universidades... Uma no Brasil, que era da vontade de seus pais. Uma em Londres, que era a opção mais óbvia. E uma nos Estados Unidos, universidade na qual sempre desejou estudar, porém nunca tinha visto como uma real possibilidade. Len tinha pouco mais de dois meses pra decidir seu futuro...

- Finalmente, mocinha! Já ia começar o trabalho e tirar seu nome dele! – Nick estava sentado na sala de aula vazia, arrumando os materiais que usariam no projeto. – Que bela parceira de laboratório o Prof. Stuart foi me arrumar, ainda bem que logo me livro de você.
- Cala a boca, Hoult – Elena mostrou língua ao tirar o casaco e colocar a bolsa sobre a bancada. – Nem todo mundo mora colado no colégio.
- Se for mal educada comigo, não te dou o que a Ashleigh mandou – ele sorriu maroto, indicando um pacote perto de sua mochila.
- Isso não vale, Nicholas! Ela mandou pra mim, você tem que me dar! – Elena tentou afastar as mãos do garoto e alcançar o embrulho. – É alguma coisa doce, minhas lombrigas dizem que é. Me dá!
- É uma coisa que vocês comentaram enquanto assistiam 'O casamento do meu melhor amigo'. – Nick ficou de pé, segurando o pacote no alto, deixando-o totalmente fora do alcance das mãos de Elena.
- É Crème Brûlée ! Ah! Cuidado, você vai destruí-lo! – a voz da garota produzia ecos pela sala de aula – Por favor, me dá meu docinho?
- Eu entendo por que o Poynter nunca nega nada, essa sua carinha é adorável – o garoto riu e entregou o refinado doce à Elena, que o saboreou como se fosse a coisa mais deliciosa do mundo, enquanto Nick começava o trabalho de biologia.
- Nick, você não pode deixar a Ashleigh escapar de você – ela disse quando terminou de comer e arrumava as coisas do projeto. – Se no primeiro ano da faculdade de gastronomia ela já é assim, imagine quando se formar?
- É como dizem, ela me ganhou pelo estômago – ele riu alto, sendo seguido por Elena. – E pelo visto te ganhou por alimentar suas lombrigas, né?
- Totalmente!

Horas depois...

- Nicholas, eu vou deixar o Senhor Matthews te trancar ai dentro. Anda logo! – Elena gritava, rindo ao ver Nick tentando carregar diversas coisas pelo gramado do colégio.
- É fácil falar né, bonequinha, já que você não carrega nada e sobra tudo pra mim – ele resmungou, rolando os lindos olhos azuis. – E pode parar de rir, senão eu nunca mais trago nada que minha namorada fizer pra você comer.
- Não me ameace, Hoult – Elena cerrou os olhos diante do sorriso vingativo de Nick, em seguida os dois riram. – E sabe, a Ashleigh é muito boazinha pra negar alguma coisa...
- Você é quem pensa – o garoto disse distraído, fazendo Len gargalhar e lhe dar um tapa no braço. – Ai, que foi, sua doida?
- Eu entendi o que você quis dizer, seu pervertido! – ela ria e batia nele ao chegaram ao carro do garoto. – Me dá a chave, que hoje eu tô boazinha e vou te ajudar a guardar esse monte de tranqueiras.
- Nossa, que amor de pessoa que ela é! – Nick ironizava quando terminou de colocar as coisas no banco traseiro e fechava a porta. – Quase uma irmã de caridade.
- Cala a boca – ela riu ao dar um soco no braço do garoto, que também ria.
- Elena – ela ouviu seu nome, pronunciado por aquela voz tão conhecida; ao olhar para o outro lado da rua, viu Dougie encostado em seu carro, os braços cruzados, usando óculos escuros, mas que não conseguiam esconder a feição séria dele.
- Oi, amor! – a garota abriu um largo sorriso e atravessou a rua correndo, se jogando nos braços de Dougie. – Você não disse que só voltaria daqui a cinco dias?
- Era pra ser uma surpresa – ele disse baixo, os olhos fixos em Nick, que fingia arrumar sua mochila, mas Elena não pôde ver isso devido aos óculos de sol que o namorado usava.
- Senti sua falta – ela disse baixinho ao abraçar Dougie pela cintura, que a abraçou de volta mecanicamente.
- Também senti a sua – ele disse ainda sério, sem olhá-la. – Vá se despedir do seu amigo, ele está esperando.
- Só vou pegar minhas coisas e já volto – a garota percebera a frieza do namorado, com isso saiu sem dizer mais nada; Nick pegou sua bolsa e a entregou. – Obrigada, Hoult. Agradeça à Ashleigh pelo Crème Brûlée, diga que estava maravilhoso.
- Ela vai adorar saber que acertou a receita – ele disse meio sem graça, coçando a nuca. – Len, vai logo antes que você arrume briga com o Poynter por minha causa.
- Eu vou demorar o quanto eu quiser, ele não é meu dono – a garota disse magoada, respirando fundo. – Não estamos fazendo nada de errado, ele que se acalme.
- É, mas é melhor você ir, nos falamos na segunda – Nick apenas sorriu fraco e entrou no carro. – Espero tirar pelo menos um B nesse trabalho.
- Eu dou um soco no Prof. Stuart se não tirarmos um A – Elena sorriu desanimada, e acenou quando Nick arrancou com o carro. A garota respirou fundo antes de atravessar a rua mais uma vez; naquela manhã quando acordou, tudo o que queria era Dougie de volta, e agora queria que ele voltasse só daqui a cinco dias como o planejado.
- Quer ir pra casa ou pro meu apartamento? – ele disse quando ela se aproximou, não havia mudança no jeito frio de falar. Elena suspirou antes de responder.
- Preciso ir pra casa, hoje à noite tem uma festa de uma colega e eu prometi ajudar as meninas com os preparativos. – Sem olhá-lo, ela entrou no carro e esperou que ele fizesse o mesmo.
O caminho até a casa dos Poynter só não foi completamente silencioso devido ao CD do Dashboard Confessional que tocava.

A Garota da Porta VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora