Capítulo Dezessete: "Odiar é mais seguro que amar".

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"Existirão vários momentos na sua vida em que você sentirá medo. Tudo bem em ter medo, mas se não fizer nada para superá-lo, você pode acabar perdendo coisas muito boas".

– Nathan Scott.

- Vem, Len!
- Não! A água deve estar gelada demais! Podem ir sem mim! – Elena gritou pras duas amigas doidas que corriam pro mar.
Era incrível como às nove da manhã o sol já estava brilhando forte no céu havaiano. As meninas acordaram cedo, devido ao barulho feito pelas crianças que faziam aulas de surf ali perto. Dougie dormia profundamente quando Elena foi olhá-lo antes de sair de casa; até o jeito em que o garoto estava esparramado pela cama era lindo diante dos olhos dela.
Ela olhava Jazzie e Cath jogando água uma na outra rindo, e não pôde deixar de sorrir; se sentia feliz, completa como não se sentia há muito tempo. ​​​​​A garota ajeitou os óculos escuros no rosto, colocou os fones do iPod no ouvido e olhou pra areia, indecisa entre sentar-se ali ou ir à casa buscar uma canga. Por fim decidiu ficar de pé, sentindo o vento bagunçando seus cabelos, a leve ardência que o sol proporcionava à sua pele e ouvindo a música calma que tocava. A voz de Kate Voegele era suave aos ouvidos de Elena, que fechou os olhos curtindo o momento.
- Bom dia – Dougie falou baixo ao abraçar a garota por trás, assustando-a.
- Poynter! Que susto! – Elena tirou os fones virando o rosto sem sair dos braços do garoto. – Você nunca vai perder essa mania de me assustar?
- Assustar? Eu prefiro a palavra surpreender – Dougie disse baixo, logo depositando um beijo no pescoço da garota – E obrigado por me dar bom dia.
- Ah meu Deus, ele já acordou manhoso – Elena riu ficando de frente para Dougie – Bom dia, Poynter.
- Bom dia, Alvarez – ele sorriu de lado ao aproximar o rosto de Elena com uma mão, passou seu nariz no dela, fazendo-a rir baixinho; ele seguiu roçando o nariz pelo rosto da garota, passando pela bochecha, pescoço e chegando aos ombros nus, devido ao biquíni verde que Elena usava, Dougie depositou um beijo no local, e apoiou a testa ali, suspirando em seguida.
- Que foi? – a garota perguntou baixinho ao tocar os cabelos dele.
- É tão revoltante – a voz dele saiu abafada, fazendo Elena sorrir.
- O que é revoltante?
- Nós sermos tão idiotas a ponto de levarmos dois anos pra ficarmos juntos.
- Dois anos? Já? – ela se espantou fazendo Dougie levantar a cabeça para olhá-la nos olhos.
- Dois anos! Acredita? – o garoto sorriu colocando uma mecha de cabelo que o vento bagunçou em Elena atrás da orelha. – Há dois anos eu sinto prazer em implicar com certa garotinha birrenta e orgulhosa.
- Jura? E como você aguentava essa garota? – ela entrou na brincadeira, se segurando para não rir.
- Ah, eu ainda aguento, sabe? Mesmo ela sendo chatinha, cabeça dura e um pouco metida – Dougie tentava ficar sério, enquanto tocava as costas da garota com as pontas dos dedos, sentindo seus corpos colados, o fato de estar sem camisa e ela de biquíni proporcionava o total contato entre as peles, e a sensação era indescritível. – Mas assim, ela até que é bonitinha sabe? Daí compensa o esforço de aturá-la.
- Seu cachorro – Elena não aguentou e acabou rindo ao estapear o garoto que ria abertamente. – Eu sou insuportável assim, é?
- Você não faz ideia! – Dougie gargalhava se esquivando dos tapas da menina – Alguém já te disse que você é muito agressiva?
- Só sou agressiva com os bobos que me deixam bater neles – Elena disse rindo da cara de chocado que o garoto fez.
- Você não deveria ter dito isso – sorriu de um jeito maroto fazendo a garota encolher os braços e sorrir desconfiada – Corre!
- Quê? – Elena perguntou em meio a um ataque de risos.
- Começa a correr, eu tô avisando – Dougie deu dois passos pra trás, como se preparando pro ataque.
- Aaaaah! – a garota saiu correndo pela praia vazia, rindo e tentando não tropeçar na areia – Não! Para, Poynter!
- Corre, meu amor, pode correr, porque se eu te pegar... – Dougie gritava rindo, sem dar o máximo na corrida, dando certa vantagem a Elena.
- Por favor, chega! – ela ainda gritava e ria ao mesmo tempo – Eu não aguento mais correr!
- Tá bem, vamos parar – Dougie gargalhava do desespero da garota. – Por que você ainda tá correndo?
- Porque você também tá! – Len olhou pra trás rindo, e ao fazer isso tropeçou, dando tempo de Dougie alcançá-la. Ele a puxou contra si ainda rindo, apertando-a em seus braços. – Ah, eu tô ficando sem ar!
- Mas é mole mesmo! Não corremos quase nada – Dougie afrouxou o abraço, mantendo uma das mãos na base das costas de Elena, e com a outra tocou a face corada da menina sorridente e de olhos brilhantes que olhava pra ele.
- Ei, eu corro bem, tá legal? Mas uma gripe, mais uma bela corrida às nove da manhã na areia e um doido me esmagando... Não dão um resultado muito satisfatório no quesito respiração – Elena sorriu de lado, ainda ofegante, ao abraçar o garoto pela cintura.
- E se o doido que está te esmagando resolver dar um mergulho?
- Ele iria sozinho, é claro.
- Ah, ele não iria, não.
- E quem ele quer levar junto?
- Hum... Provavelmente a garota dele – Dougie fingiu estar pensar ao passar seu nariz pelo de Elena.
- Ah, ele tem uma garota? – a garota disse baixinho de olhos fechados.
- Tem uma garota linda, inteligente, meiga, sorridente, meio maluca... – ele usava o mesmo tom de voz que ela; aproximando seus rostos com a mão, sentindo seus lábios roçarem aos dela levemente.
- Meio maluca, é? – disse uma Elena totalmente entregue ao momento.
- Não. Na verdade, ela é completamente doida – ele ouviu um suspiro baixinho escapar dos lábios dela quando dá um leve beijo no queixo da garota.
- Bom, ela deve ser mesmo... Pra gostar dele, sabe? – Elena disse com a voz fraca, apertando as unhas nas costas de Dougie.
- Você gosta de mim? – esquecendo a brincadeira, o garoto olhou cheio de esperança e malícia sorrindo para Elena.
- Eu sou sua garota? – ela respondeu do mesmo jeito, fazendo-o rir.
- Hum... Eu respondo depois do nosso mergulho.
- Nosso... QUÊ?! NÃO! POYNTER! – antes que pudesse fugir Dougie já tinha a jogado nos ombros e corria de encontro ao mar – ESSA ÁGUA TÁ GELADA! ME COLOCA NO CHÃO!
- Eu juro que daqui a uns 10 anos eu estarei surdo! – Dougie disse rindo e tentando segurar Elena, que se debatia loucamente, em seus braços; ele a ajeitou em seu colo, posicionando-a de frente pra ele, colocando uma mão na coxa da garota e a outra bem na base das costas.
- Por favor, não me coloca na água – Len fez um biquinho adorável, ao passar os braços pelo pescoço do garoto, sentindo a água quase tocar seu bumbum.
- Linda, não tá fria, eu juro! Tá morninha – Dougie falou de um jeito carinhoso, fazendo carinho nas costas de Len, e a cada movimento, sua mão tocava mais a calcinha do biquíni dela. – Coloca o pé pelo menos!
- Eu não gosto do mar! As pessoas fazem suas necessidades aí dentro, tem resto de gente morta... Eca! – Elena fazia drama ao esconder o rosto no pescoço do garoto, aproximando mais ainda seus corpos.
- Meu Deus, Len! Como você é fresca! Fresca, enjoada, nojentinha – Dougie disse rindo, começando a dar leves beijos no ombro da menina.
- Eu sei que sou – ela disse manhosa, ainda grudada ao pescoço do garoto – Mas você gosta de mim assim.
- Além de tudo, ainda se acha – Dougie fingiu estar chocado, mas sorriu quando Elena levantou o rosto para olhá-lo – Mas, sinceramente, são essas coisas que te fazem ser mais especial ainda. Você é diferente, é autêntica.
- Eu só digo coisas bonitinhas pra você, quando eu estiver sentadinha longe da água – Len disse sorrindo de lado, as bochechas coradas.
- Ok, você venceu! – Dougie riu ao voltar para a areia. Colocou Elena no chão, e ficou esperando que ela sentasse. – Vai ficar de pé?
- Imagina o que já não tocou essa areia? – ela fez cara de nojo olhando pro chão.
- Elena! Nós estamos no Hawaii, o paraíso na Terra, mar azul e areia branquinha... – ele dizia incrédulo e risonho, olhando a garota que fazia um biquinho lindo na sua frente. – E cara, você é brasileira! Como pode não gostar de praia?
- Ah... Sei lá! Acho que eu acostumei com Londres, até demais – Elena ainda olhava pra areia fazendo caretas quando Dougie deitou no chão – Dougie, eu deixei minhas coisas lá na frente da casa, será que tem algum perigo?
- Len, isso aqui pode ser considerada uma ilha deserta! Olha em volta, só nós dois na areia, e as duas doidas na água – ele apontou para Cath e Jazzie que ainda estavam brincando no mar. Elena olhou para as amigas sorrindo, não percebendo o sorriso malicioso de Dougie em sua direção. – Poynter, o que você...? AH! – o garoto a puxou pelas pernas, fazendo-a cair sobre ele – Seu tapado! Eu bati meu queixo na sua cabeça! Por favor, não quero ficar toda suja de areia – Len gritava rindo, ao evitar tocar o chão, ficando assim, com o corpo todo sobre o de Dougie, que também ria alto.
- Nós parecemos dois bêbados. Quem olha, deve pensar que somos daqueles filhinhos de papai que veem ao Hawaii torrar dinheiro, encher a cara e transar loucamente – ele ainda ria quando Elena se aquietou em seus braços; o garoto aproveitou pra deitar na areia, deixando a menina totalmente sobre si. – Bom, não somos filhinhos de papai, mas temos todas as outras características. Concorda?
- Temos? Falando por mim: eu não tenho dinheiro pra torrar no Hawaii, me recuso a beber depois que vi o que a bebida pode tirar de mim – Dougie logo entendeu ao que ela se referia, ou melhor, a quem.
- Eu não quero que você fique assim toda vez que pensar na Sophie – ele disse baixinho quando a garota suspirou deitando a cabeça em seu peito – Tenho certeza que ela queira que você fosse muito feliz.
- Hoje eu posso dizer que sou completamente feliz, apesar da saudade que sinto da minha família e amigos no Brasil – Elena sorriu de lado, sentindo a pele quentinha de Dougie contra a sua – Eu interrompi seu raciocínio sobre filhinhos de papai, continue.
- Esqueci onde parei... Ah! As características. Primeiro: o dinheiro, a banda me rende bastante, e eu nunca me importei em gastar com a doida da minha irmã e com a Cath, mas você não me deixa pagar nada! – o garoto dobrou o braço atrás da cabeça, deslizou a mão pelas costas de Elena, parando em sua cintura – Lembra do dia que vocês estavam no meu apartamento e todo mundo votou pra refrigerante e pipoca, mas você sempre do contra...
-... Pedi suco de laranja e chocolate – Elena riu ao lembrar o dia chuvoso em que os garotos do McFly, as namoradas, as irmãs deles, ela e Cath foram assistir filmes – Porque eram as únicas coisas que você não tinha em casa!
- Eu me ofereci pra ir comprar, você recusou. Mesmo assim levei você e a Cath de carro ao mercado; você pegou duas barras, eu peguei logo dez para que, se você quisesse mais, eu tivesse; esperei na fila e quando fui pagar tudo... – Dougie sorriu de lado, indicando que ela terminasse a história.
- Eu disse 'eu pago o meu, Poynter' - Elena conseguiu dizer em meio a gargalhadas.
- Você fez de propósito, não fez? – ele perguntou rindo.
- Juro que não! Já foi bem estranho você deixar todo mundo no seu apartamento pra me levar ao supermercado, e ainda pagar pelas minhas compras?
- Foram em momentos assim que eu lutava pra disfarçar minhas intenções...
- Intenções?
- É, de querer te agradar, nem que fosse pagando suco de laranja e chocolate – nesse momento Elena levantou a cabeça a tempo de ver as bochechas de Dougie ganharem um vermelho mais intenso.
- Ah que fofo! Eu deixo você me comprar um chocolate – a garota disse rindo ao aproximar o seu rosto de Dougie – Tá bom?
- Se dependesse só de mim, eu pagaria tudo pra você... Pro resto da vida – ele disse baixinho passando seu nariz no de Len – Você deveria saber...
- Saber que você quer ser daqueles maridos que trancam as esposas em casa? – a garota respondeu da mesma forma, finalizando com uma leve mordida no lábio inferior dele.
- E quem falou sobre casamento? – sussurrou tocando os lábios de Elena com os seus.
- Ah, quer dizer que eu seria a outra? – ela cerrou os olhos.
- Nunca ouviu dizer que as amantes ficam com o que os homens têm de melhor? – Dougie disse num misto de provocação e divertimento.
- Quanto machismo! – ela riu – Qual a vantagem em ser amante? Nunca sairíamos de mãos dadas ou ter demonstrações de carinho em público!
- Qual parte da amante fica com o que o homem tem de melhor você não entendeu? – o garoto disse com a voz rouca ao descer a mão pela lateral do quadril de Elena. – O que nos leva à ultima característica de filhinhos de papai no Hawaii...
- Ei! Seu pervertido! – a garota ria mordendo o queixo de Dougie – Primeiro propõe que eu seja sua amante e agora isso?
- Desculpe, não consigo controlar – ele apertou a garota contra o próprio corpo, demonstrando o que queria dizer – Foram dois anos difíceis, entende?
- Exatamente, você se controlou por dois anos, então aguenta por mais um tempo... Porque eu não... Eu nunca... Hum... Você sabe... – ela foi ganhando um tom mais rubro a cada palavra que saía de sua boca.
- Você nunca...? – Dougie levou alguns segundos pra processar a informação – Cara, sério?
- Por que tanta surpresa? Eu saí do Brasil com 15 anos, nunca senti coragem e segurança suficiente em alguém pra ter feito... – o mundo dá voltas, quem diria que a garota estaria falando sobre esse assunto justo com Dougie Poynter! – Daí, desde que cheguei à Inglaterra, certo membro branquelo do McFly vem me deixando alheia a todos os outros caras, sabe?
- Hum... Então em outras palavras... – Dougie se apoiou no cotovelo esquerdo, com Elena totalmente sobre si, deixando os rostos tão próximos a ponto de se roçarem ao sussurrar – ... você é literalmente minha garota?
- Bem... – Len sentiu a mão direita de Dougie descer de suas costas, apertar de leve sua cintura, fazer o contorno de seu quadril e voltar o mesmo percurso com as pontas dos dedos, causando-lhe arrepios em pleno sol havaiano. Ela apoiou uma mão no peito do garoto e a outra na areia (que se danasse o nojo) de modo que pudesse alcançar o pescoço de Dougie com seus lábios; dando leves beijos no local, subindo até a orelha dele, sussurrando. – Eu não disse que o membro do McFly se chamava Dougie Poynter. Na verdade, eu tinha o Harry em mente, mas a Izzy atrapalhou meus planos... Então serve você mesmo – ela tentou manter-se séria, mas ao fim da frase, olhou nos olhos de Dougie e não conseguiu evitar a gargalhada.
- Haha, muito engraçado – ele disse irônico para a garota que ainda ria sem parar; aproveitando o momento de distração, mais uma vez ele desceu a mão pelo corpo da menina, vendo-a parar de rir no exato momento em que sua mão atingiu a parte inferior de seu biquíni. – Vamos ver então se eu sirvo mesmo.
Ao terminar de falar, Dougie mordeu levemente o lábio inferior de Elena, fazendo-a sorrir de lado; também sorrindo fraco, o garoto passou a ponta da língua pela boca de Elena, essa fechou os olhos e cedeu todo seu peso sobre Dougie ao abrir a boca, permitindo o beijo que os dois ansiavam desde o primeiro momento daquela manhã. Dougie também acabou por ceder o braço em que estava apoiado, invertendo em seguida as posições, ficando por cima de Elena.
As respirações pesadas se misturando, a fina camada de suor, a aspereza da areia, o calor do vindo do sol, mãos ansiosas correndo pelos corpos e o beijo. Ah, o beijo... Que se tornava cada vez mais intenso devido à vontade e ao desejo guardados por tanto tempo; Dougie estava um estado de tamanha excitação, que nem passou por sua cabeça que talvez pudesse estar machucando Elena com a força que colocava seu corpo contra o dela. A garota por sua vez nem lembrava mais onde estava; quanto mais se tinha um suposto nojo da areia à qual seu corpo estava colado.
Dougie colocou uma de suas mãos na coxa da garota, tentando obter maior contato entre os corpos; tinha se apoiado em um cotovelo para não deixar todo seu peso sobre Elena, entrelaçando os dedos nos cabelos da menina. Ela não conseguia se decidir entre manter as mãos na base das costas do garoto, ou puxá-lo contra si.

A Garota da Porta VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora