Capítulo Catorze: "Só nos resta dizer adeus".

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Elena

Eu estava praticamente sem meu adorável vestido verde, toda descabelada... E o Dougie? Deitado sobre mim, com a camisa aberta (não me pergunte onde o suéter dele foi parar) e o cabelo dele não estava muito diferente do meu.
Ele se mexeu um pouco, ficando entre as minhas pernas, enquanto beijava meu pescoço. Os únicos ruídos no quarto eram as nossas respirações ofegantes e estalos dos beijos. Só meu abajur estava aceso, mas era iluminação suficiente pra que eu pudesse ver o olhar brilhante de desejo do Dougie.
"...olha Len, eu vou ser honesta, eu sempre gostei dele... Eu realmente quero ser sua amiga..." A voz da Sallie surgiu na minha cabeça e eu congelei. Dougie percebeu minha reação, então entrelaçou a mão no meu cabelo, mordeu meu lábio e deu um sorrisinho.
- Dougie? – ele deu uma mordidinha na minha orelha e fez 'hum?' – Para.
- Por quê? – a voz dele saiu meio abafada, já que ele beijava meu pescoço de um jeito muito provocante.
- Porque nós não podemos fazer isso – eu tentei afastá-lo, mas ele subiu a mão que não estava no meu cabelo pelas minhas pernas descobertas, me arrepiei e ele percebeu isso, já que deu uma risadinha maliciosa.
- Mas nós não estamos fazendo nada... Ainda – a voz dele estava falha e saindo quase em sussurros. Ele beijou meu queixo, desceu um pouco e então me olhou nos olhos – A menos que você não queria, é claro – meu estômago revirou ao ouvir isso.
- Não é disso que eu tô falando – eu achei o resto de lucidez que me restava e o empurrei, sentando na cama. – Eu quero dizer que estarmos nessa situação é errado. Não é justo com a Sallie, ela não merece isso.
- A Sallie... – ele tinha esquecido dela? – Ela é assunto meu. Você não tem que se preocupar com ela – ele sentou e passou a mão pelos cabelos que já estavam desalinhados.
- Tenho sim. Sabe por quê? Porque a partir do momento que você a trouxe a garota pra casa da sua mãe, que por sinal é onde eu ainda vou morar por um tempo, ela passou a fazer parte da vida de todas nós. Então, sim! Ela é meu assunto também – Levantei da cama irritada e fiquei frente a frente com ele, sendo que eu nem o vi levantando – E passei a ter que me preocupar com ela, desde quando ela me perguntou se existia alguma coisa entre nós e eu disse que não.
- E por que você disse isso? Por que você não disse que nós...
- Primeiro que se alguém fosse contar alguma coisa, esse alguém seria você, o namorado dela! E você queria que eu dissesse o quê? Que nós o quê, ahn? Que quando você vem pra casa da sua mãe a gente se agarra escondido? Ou que sempre entre uma briga a gente acaba se beijando e depois voltamos a brigar? Era isso que você queria que eu dissesse pra sua namorada? Porra, Poynter! A menina gosta mesmo de você e você não dá a mínima!
- E você dá né? – ele riu sarcástico. – Eu percebi como você pensou nos sentimentos da sua nova amiguinha enquanto me beijava – ele começou a ficar vermelho enquanto falava. Eu peguei a primeira coisa que vi pela frente, que no fim das contas era um pé do tênis dele, e joguei pra extravasar minha raiva, e acabei acertando bem a testa dele – Sua maluca! É isso que você é, doida!
- Sai daqui! Sai daqui agora, Poynter! Eu não acredito que eu beijei você, que eu quase... SOME DAQUI – meus olhos estavam ardendo de raiva, mas eu não choro nunca mais na frente desse ogro, nunca mais. Ele pegou o outro pé do tênis, abriu a porta e falou baixinho:
- Não conta nada pra S.

DESGRAÇADO! FILHO DE UMA PUTA... Não, a mãe dele não merece isso.
Dormi chorando naquela noite... Me sentindo suja e sozinha. Eu traí a confiança de uma garota tão legal como a Sallie, e tudo isso pra quê? Pra voltar à estaca zero... Pela milionésima vez.

***

- Len? Docinho? Tá na hora de sair desse quarto. Já faz três dias.
- Hum?
- Acorda, precisamos sair. Lembra? Hoje é dia 28.
- Ah Cathie, eu tô com sono.
- Vamos Len, no hotel você dorme.
- Não quero ir...
- Mas a Izzy disse que só iria se você fosse, ela tá com saudade de você.
- A Izzy vai? Quem mais vai?
- Harry, Izzy, Tom, Giovanna, você, eu, Jazzie, Billy e Dougie.
- E a... E a Sallie?
- Ela só volta pro ano novo. E a mãe da Jazzie foi buscar a Margarite e depois elas vão pra lá.
- A Mag, já tava com saudade dela.
- Sua saudade é a de não precisar cozinhar que eu sei!
- Não divulga, Cathie.
- Levanta logo e se arruma. Leva a Michelangela Creuza Maria da Silva Sauro Alvarez na casa da vizinha – ela riu com o nome recém inventado pra tartaruga - Nós pretendemos almoçar lá no hotel.

A Garota da Porta VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora