Capítulo Quinze: "Champagne para os meus amigos e dor para os meus inimigos".

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Elena

- Por que branco?
- Porque é ano novo.
- Tudo bem, mas por que branco?
- Cath, para de me fazer essa pergunta. Vai perguntar pra Len.
- Mas Jazzie, se eu perguntar qualquer coisa pra Len agora, ela vai me responder com a primeira frase que ela ler no Flickr, quer ver?
- Vai lá.
- Len? – Cath sentou na cadeira ao meu lado, e eu continuei olhando pra tela do meu notebook. Agora eu tenho um, não uso mais o do Poynter. – Por que a gente usa branco no ano novo?
- Porque o anjo usa Prada – eu respondi ainda olhando pra foto que estava na tela, confesso que segurei a risada.
- Viu Jazzie? Não te disse? – Cath comemorou a confirmação da teoria.
- Cath deixa de ser idiota, ela fez de propósito – Jazzie veio rindo e me deu um tapa da testa. – Elena, como você é má, fica enrolando a menina.
- Cara, a Cath é muito boba – eu comecei a rir do bico que Catherine fez. – Mas fala sério, a frase que eu li até se encaixou na história: O anjo veste Prada. Anjo, branco, ano novo... Sacaram?
- Mas não é 'O Diabo Veste Prada'? – Cath fez cara de confusa.
- Catherine eu acho que tô começando a concordar com a Jazzie na teoria de que você só funciona a base de pancada – eu ri e dei um tapa na cabeça dela.
- Cath, antinha do meu coração – Jazzie fez uma voz terna e calma –, olha pra foto que a Len tava vendo. Viu? Taí a piada, a menina da foto tá toda de branco, e com uma bolsa Prada.
- Aaaah, agora eu entendi – Cath sorriu como se tivesse feito uma descoberta científica. – Mas eu volto na pergunta: por que usar branco?
- Ah Cath, é meio que simbolizando os desejos pro ano que vai chegar, sabe? O branco representa a paz, e se tivermos paz, tudo se ajeita depois: amor, esperança, dinheiro... Entendeu? – eu respondi sem emoção.
- Quem é você e o que você fez com a nossa Elena Alvarez? – Jazzie disse rindo – Você não era inteligente assim.
- Vá à merda, babaca – eu ri e mostrei língua – Mas então, Cath, no Brasil as pessoas adoram passar a virada de ano na praia, então nem todo mundo fica todo de branco, o povo mistura o tradicional com cores mais praianas sabe? Eu mesma raramente uso branco.
- Ah, aqui na Inglaterra é meio impossível ficar de branco na hora da virada: casacos enormes pra aguentar o frio de dezembro. Mas depois, quando vamos pras festas, a galera meio que respeita a tradição do branco – Jazzie disse e sentou no meu colo pra mexer no computador.
- Vocês já escolheram o que vão usar? – eu perguntei quando lembrei que a festa aqui no hotel vai ser com o tema 'Hawaii', e o salão tem o teto todo de vidro, daí nós vamos conseguir ver todos os fogos e sem sair pros -2ºC que tá lá fora.
- Eu vou usar uma batinha branca e shortinho rosa claro – Cath aprontou pra mala, onde as roupas já estavam separadas.
- Eu decidi por aquela saia branca bem curtinha que eu comprei semana passada e a blusinha vermelha que a Cath ganhou de Natal da tia dela – Jazzie disse rindo ao ver a cara indignada de Catherine. – E você Len?
- Hum, como eu disse, eu não sou fã se seguir o fluxo, então eu vou de vestidinho floral verde e laranja, e tênis branco – o vestido é bem curto e rodado: a cara do Brasil, minha mãe mandou de Natal – e um top branco, porque o vestido é soltinho, e as alças ficam caindo.
- Uh, é hoje que o Nick morre do coração – Jazzie disse rindo.
- Ou de frustração sexual, se não conseguir nada – Cath gargalhou ao terminar a frase.
- CATHERINE! – eu senti que corei. – Então ele vai morrer mesmo, porque não vai acontecer nada desse tipo.
- E por que não, Len? – eu mato a Jazzie e essa mania de fazer perguntas idiotas.
- Porque nós estamos ficando de verdade há três dias e eu não acho que seja tempo suficiente pra já avançar assim – eu respondi tentando fingir indiferença.
- Ou será por que não é com ele que você quer que seja a sua primeira vez? – Cath sorriu de um jeito malicioso, e aquilo me irritou um pouco.
- Cara, eu tô começando a me arrepender de ter contado pra vocês sobre o Dougie e eu – ah é, eu contei tudo pra Jazzie na noite da briga dos garotos. – Vocês sabem que não temos mais nada, mas mesmo assim ficam fazendo esse tipo de piadinha.
- Ah amiga, desculpa, sério. Mas é que é tão óbvio que você gosta dele, não que você não goste do Nick, mas a gente consegue ver que pelo meu irmão você sente algo mais forte – Jazzie sorriu de um jeito melancólico. – E eu o conheço também, e sei que ele gosta de você.
- Gente, eu não vou falar sobre isso. E outra, ele namora a Sallie, aceita as investidas da Liza e gosta de mim? – eu disse de um jeito irônico. – Esquisito né?
- Ok, não vamos discutir por isso – Cath acabou com o clima estranho que tava pairando no quarto. – Vamos falar mal da Liza, o que acham?
- Boa ideia! – Jazzie sorriu e deu um pulinho, e foi ai que eu percebi que ela ainda tava no meu colo; aproveitei e dei um beliscão na bunda dela. – Ai Elena, como você é má!
- Sai daqui, sua gorda – eu ri tentando esquecer o assunto anterior. – Mas então, falando sobre a Liza, eu tenho que admitir uma coisa: ela é direta e firme no que quer. Enquanto a gente faz o tipo 'venha e me conquiste', ela é do tipo 'oi gato, te quero, o que me diz?' – eu falei de um jeito de mulher fatal e fiz as meninas rirem.
- Sabe o que eu percebi também? – Jazzie saiu do meu colo e sentou na cama – Ela não é tão odiosa quando tá perto da minha mãe ou da mãe dela.
- Pois eu digo mais, ela é até legal quando o seu irmão não tá por perto – assim que eu acabei de falar, as duas me olharam assustadas. – Que foi? É sério. Esse tempo que os meninos estão passando no salão de esportes, ela foi até simpática comigo.
- Tá brincando né? – Cath ainda me olhava incrédula. – Ela é legal, ok. Mas simpática com você? Sendo que ela sabe que o que impede que o Dougie fique com ela é você? Porque, gente, vamos lá, a coitada da Sallie não faz diferença nenhuma pro Dougie.
- Tadinha da Sallie, não merece o que meu irmão faz com ela – Jazzie fez uma careta ao falar. – Mas assim, eu não o culpo totalmente, sabia?
- Ah é? Por que não?
- Porque, Len, ele viu na Sallie um jeito de te fazer ciúme. E de te mostrar que se você tinha um Nick, ele podia ter uma Sallie.
- Jazzie, eu não consigo levar a sério essa história dele gostar de mim – eu mal terminei de falar e alguém bateu na porta.
- Meninas? Acho melhor vocês começarem a se arrumar – Sra. Poynter disse sorrindo. – Len e Cath, já ligaram pros seus pais? Porque pode acontecer de vocês não conseguirem ligar na hora da virada.
- Eu falei com eles pela web – eu mostrei o computador.
- E eu já liguei pro meu pai, e vou tentar ligar pra minha mãe de novo. Acho que ela tá em Roma, não sei – Cath agora adorava o fato de a mãe morar na Itália, segundo ela era tão glamour.

A Garota da Porta VermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora