II

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      A chegada do Sr. Henderston agitou as mulheres da casa, mais à Carrie e Giselle do que à Daysi e Elaine; ambas não eram de demonstrar afeição em público, ainda mais quando havia, entre eles, um indivíduo ainda não conhecido. A Sra. Henderston e sua filha mais nova desceram alguns degraus da entrada enquanto as mais velhas continuaram acima, e todas reverenciaram o presbítero quando o mesmo saiu da carruagem. Elas ficaram completamente pasmas ao perceberem que o palpite que Daysi deu à tarde sobre a aparência do rapaz, estava certo, ele era mesmo baixinho, tanto que parecia uma criança ao lado do Sr. Henderston, que era um homem alto e bem apessoado.

      Os olhos de Carrie estavam arregalados e as outras se esforçavam para segurar o riso. Ao menos a aparência do, agora apresentado, senhor Ashwood não era, de fato, nada ruim. Seu rosto e porte faziam um par agradável aos olhos e ele parecia novo, até demais, para um presbítero. 

— Gostaria que conhecesse minhas adoradas filhas. — O senhor Henderston se pronunciou uma vez que todos estavam na sala de estar. — Daysi, a mais velha, Elaine e a mais nova, Carrie. — As moças fizeram uma breve mesura cada vez que seu nome fora citado. 

— Com o tempo, verá que a personalidade delas é tão admirável quanto sua beleza. — A Sra. Henderston citou quase que imediatamente, atraindo os olhares incrédulos de suas filhas e a face risonha de seu marido, aos quais ignorou até conseguir arrastar o senhor Ashwood para a sala de jantar. 

— Preparadas para serem expostas como peças de carne em um açougue caso mamãe goste dele, minhas queridas irmãs? — Elaine olhou para as irmãs assim que seus pais e o Sr. Ashwood se retiraram do cômodo. 

— Crê que nossa mãe tenha intenção de casar alguma de nós com um homem de quem ela mesma não sabe nada a respeito? — Daysi indagou. 

— Creio que só o fato dele ser um homem já o torna digno. — Carrie declarou antes de ser a primeira a se juntar aos demais na sala de jantar. 

      A Sra. Henderston ficou muito feliz ao conversar com o presbítero a maior parte do tempo em que durou o jantar, ele demonstrou ser um rapaz muito educado e com habilidades para conversação sem exagero de cordialidade, mas sua curiosidade não foi saciada o suficiente assim como a de Elaine; mas a última agradeceu, naquele momento, por ter uma mãe tagarela. 

— Peço que me desculpe antecipadamente por perguntar, senhor Ashwood, pois temo parecer impertinente, — ela deu início a mais uma pergunta — mas qual é a sua idade?  

      Ter os olhos curiosos de uma senhora mais velha sobre si não intimidou o rapaz, que logo respondeu: 
— Tenho vinte e seis anos, madame. 

— Ora, mas você é tão jovem para isso! — exclamou estupefata. — Qual foi o motivo para decidir seguir a vida no clero? 

— Nunca tive inclinação para as demais profissões, a vontade de me juntar à igreja veio crescendo em mim desde muito novo. 

— Sua família não o influenciou a ter outra profissão, senhor Ashwood? — Elaine indagou com as sobrancelhas pouco levantadas, mas suficientemente demonstradoras de sua desconfiança. 

— Não, senhorita. — Ele respondeu com um sorriso. — Para ser sincero, meus familiares sempre deixaram-me transparecer uma maior satisfação com minha felicidade exercendo o ofício que me agradasse, ao imporem suas vontades para o meu futuro. 

— Tenho certeza de que são pessoas muito agradáveis. — Daysi mostrou-se mais amável que a irmã. 

— Oh, sim, senhorita. Sou abençoado com tal amabilidade de espírito. 

— Convide-os para cá assim que se estabelecer em sua casa, ficaremos honrados em oferecer um jantar para todos, não é, senhor Henderston? 

— Certamente, minha querida esposa. 

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