Sensibilidade

XII

      Quando Daysi ia ao lago, ela nunca levava as irmãs ou qualquer outra companhia, era o momento que tinha consigo mesma para pensar e, para quando precisasse se acalmar. O pensamento em questão que agora perturbava sua mente, era sobre a confirmação da chegada de uma família nobre a Maxfield, no dia anterior. Pelo que Janett havia declarado, seriam pessoas que faziam parte da família do coronel Lawford, mas a visita que a Sra. Wylie fez à Sra. Henderston, pela manhã, negou isso. Ela repetiu palavras propriamente ditas pelo coronel hospedado em sua casa, de que a família Paine e a família Lawford não compartilhavam nada mais do que uma amizade de longa data, sendo assim, naturalmente teriam seus nomes constantemente relacionados. 

      Enquanto pensava nos problemas que a aproximação que teve ao coronel no último mês poderia alavancar, ela se permitiu lembrar das conversas que teve com ele, e em como se sentiu bem tendo a sua companhia. Cada oportunidade de se encontrarem fora aproveitada ao máximo, as idas da moça até o centro, as visitas que ele fazia à Hinxstone com o pretexto de ver Elaine, são exemplos. Agora, mais do que nunca, os dois tinham conhecimento de que compartilhavam um sentimento forte um pelo outro, mas também tinham medo de que alguma coisa facilmente poderia se tornar uma ameaça ao relacionamento.

      Quando voltou para casa, Daysi percebeu que a mãe estava mais inquieta do que o normal, parecia preocupada, mas assim que viu o rosto levemente assustado de sua filha, a calmaria e o alívio tomaram seu corpo. 

— Daysi, querida, ainda bem que está aqui. — Ela falou levando as mãos até o rosto da moça.

— Aconteceu alguma coisa, mamãe? Minhas irmãs estão bem?

— Estão, é claro! Eu estava preocupada com você. O coronel Lawford está aqui, por isso eu estava procurando você.

— O coronel? O que ele faz aqui?

— Ora, não seja boba, afinal, é natural que homens apaixonados façam visitas a pessoa cuja o seu afeto é direcionado, ele não precisa de motivo! Vamos, apresse-se, ele está na sala de estar.

      Ao entrar no cômodo, Daysi viu sua irmã mais nova conversando alegremente com o rapaz que viera lhe visitar, o mesmo imediatamente se levantou ao vê-la e lhe fez uma pequena mesura. Elaine se despediu dele, e saiu dali. 

— Coronel Lawford, estou um tanto surpresa por vê-lo por aqui tão próximo do pôr do sol.

— Vim porque pensei que poderia me acompanhar em uma caminhada, senhorita — disse, segurando o chapéu em frente ao corpo.

— É claro. — Ela sorriu e, após avisar a mãe, saiu em caminhada junto ao rapaz. — Não esperava vê-lo tão cedo desde que soube da chegada de pessoas importantes para o senhor — disse, quando já estavam longe de Hinxstone.

— A bondosa senhora Wylie falou-me que hoje pela manhã veio informar sua família sobre o ocorrido.

— São pessoas bondosas? — questionou automaticamente, logo se dando conta do atrevimento inconsciente da pergunta. — Digo...

— Não precisa medir suas palavras quando estamos conversando a sós, senhorita — ele a interrompeu —, não vou entender como um ato mal educado. E sim, eu diria que estamos falando de um grupo perfeitamente agradável.

— Está feliz por ter conhecidos no condado? — A pergunta o fez pensar por alguns segundos no que dizer, queria confidenciar todas as suas preocupações e medos à moça, pois sentia que ela deveria saber de cada detalhe de sua vida, mas apelando para o senso e considerando o mínimo grau de intimidade que tinham, respondeu fazendo uma expressão mínima, e forçada, de felicidade.

— Sim, senhorita. 

— Se não for muita intromissão minha, posso perguntar quem são as pessoas que nós conversamos sobre?