Sensibilidade

VII

      Respirar fundo e manter a calma, era o que lhe restava fazer enquanto caminhava até o quartel com sua mãe e o Sr. Ashwood. Os ânimos do presbítero e da Sra. Henderston estavam igualmente elevados para o que seria uma grande descoberta de novos possíveis amigos dentro do regimento. O rapaz que estranhamente tinha os olhos cheios e vislumbrados em direção aos soldados — que treinavam — expressava sua alegria e satisfação às donzelas, que lhe acompanhavam, em estar mais uma vez visitando o lugar pelo qual tinha muito apreço, e pessoas que eram vítimas de sua admiração, na maioria das vezes, exagerada. Daysi não se deu ao trabalho de ouvir muito mais do que duas frases ditas com aquele entusiasmo quase irritante, e a Sra. Henderston se pôs a concordar avidamente com ele. 

      O comportamento da moça foi perfeitamente amável, à maneira que ela se dispôs a ser, com todos os homens que sua mãe parava para conversar. Conseguiu atrair o olhar de muitos deles, mas se perguntava onde estaria o cavalheiro que conhecera no dia anterior.

— O general Brook se encontra por aqui? — A Sra. Henderston perguntou ao tenente encarregado. 

— Não, senhora. O general Brook esteve aqui logo cedo, mas saiu acompanhado do coronel Lawford e do tenente Rodwell, ambos soldados do novo regimento — respondeu. 

— Imagino que estejam em Grader Park.
  
— Certamente, madame. 

— Eu gostaria de saber mais sobre os dois rapazes. Já que o general Brook os convidou tão rapidamente para a sua casa, devem ser homens de muita importância. 

— De fato, eles são. O tenente Rodwell é um homem muito caloroso e afável, diferentemente do coronel Lawford cujo gênio não é dos mais receptivos. 

— Um homem maçante, suponho. 

— Creio que seu status na sociedade de Londres o permita agir como bem entender. 

— Status em Londres? — A expressão e tom de voz da Sra. mudaram rapidamente. 

— Lawford não lhe é um nome familiar, madame? — Ela balançou a cabeça em negação. — Arthur Lawford é o único filho homem do duque Lawford, herdeiro de uma grande propriedade em Leeds. 

— Então, creio eu, que é um homem de muita fortuna. 

— Sim, madame. 

      Os olhos da Sra. Henderston se encheram de brilho e sua mente de possibilidades, seria ele o pretendente perfeito capaz de assegurar seu futuro e de uma de suas filhas, tudo o que teria de fazer era conhecer e convidá-lo para um jantar formal em Hinxstone. Ouvindo tudo atentamente e com curiosidade, Daysi teve certa preocupação ao ver sua mãe fazer indagações esperançosas sobre o estado civil do rapaz, e a alegria dela ao saber que se tratava de um homem solteiro. 

— Obviamente está à procura de uma esposa — ela disse ao Sr. Ashwood, quando já estavam na carruagem, voltando para Hinxstone. — Um homem com sua idade naturalmente pensa em encontrar alguém para desposar. 

— Certamente, senhora Henderston.  

— Ele está em Grader Park, não está? O que acham de irmos até lá buscar nossa querida Elaine? — supôs com escancaradas segundas intenções. 

— Não creio que seja uma boa ideia, minha mãe — Daysi interviu. — Será impertinente e desrespeitoso irmos até lá quando os Brook estão com convidados. 

— Mas sua irmã também é um dos convidados. 

— O convite de Elaine não abrange toda sua família. Por favor, a senhora terá outras oportunidades de conhecer o coronel Lawford — Daysi implorou, como toda pessoa com o senso normal e capaz de raciocinar, faria.