2º Capítulo

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  Entramos no hospital quando senti um aperto ligeiro na minha mão, olhei para ti e vi um pequeno sorriso esboçado. Sorri também e dirigimos-nos até ao balcão onde tu confirmaste a nossa chegada. Fomos para a sala de espera e falamos sobre coisas aleatórias até que o meu nome soou pela sala.

Levantamos-nos daqueles acentos e fomos até ao gabinete número sete.

Batemos antes de entrar e fomos logo recepcionados pelo Doutor. Alto, de ombros largos, olhos negros assim como o cabelo, e magro.

– Boa tarde, eu sou o Doutor Kim Seokjin, podem sentar-se. – Disse ao sentar-se e apontando para os assentos que estavam em frente à sua secretária.

– Boa tarde Doutor. – Dissemos em uníssono enquanto nos sentávamos. Percebemos o olhar do Doutor sobre ti, o que te fez sorrir e voltar a falar. – Eu sou o namorado, Park Jimin, fui eu que marquei a consulta aqui.

– Muito bem, eu estive já a ler o caso, temos aqui algo incomum.. querem falar sobre isso? Explicar-me com mais detalhes?

– Bom, eu não sei exatamente quando é que começou a ocorrer, ela apenas acordava e esquecia-se de algumas coisas normais, como, onde tinha deixado o telemóvel, ou datas de aniversário, nomes dos amigos mais recentes, e agora ultimamente tornou-se mais sério, ela começou a acordar sem se lembrar do que tinha acontecido no dia anterior. – Explicaste calmamente a situação enquanto eu mantinha o meu olhar atento aos teus movimentos. Eu estava numa sala branca, numa consulta e mesmo assim eu ainda sentia a vontade incontrolável de te admirar.


Querido Jimin, Tu és como um museu de arte, Onde cada pormenor teu, é uma obra para eu apreciar.


– Quais exercícios fazem para estimular a memória? – Desviei a minha atenção para o doutor que agora apontava algumas coisas num pequeno caderno. – No outro Hospital disseram ou deram alguma coisa para fazer ou tomar?

– Ao início fizeram alguns exames, o que não acusou nada, depois passaram alguns comprimidos, mas retiraram logo assim que não viram resultados. – Olhaste para mim por alguns segundos antes de voltares a olhar para o Doutor. – Doutor, eu fiquei desesperado no dia em que acordei e a vi assustada por estarmos na mesma cama, consegue imaginar a sensação de saber que a pessoa que mais ama não se lembra de você? Eu liguei para os pais dela e fomos para o Hospital de novo.

– Nesse dia, ela sabia quem eram os pais?

– Sim, sim. Ela parecia ter perdido apenas memórias de um ano ou dois. – Seokjin volta a tirar alguns apontamentos, fazendo um pequeno gesto com a mão, para que continuasses a falar. – Então eu tive que começar a conquistá-la todos os dias, até que eu lembrei-me de começar a gravar vídeos do nosso dia. Quando ela acorda, assistimos os vídeos, para que ela saiba o que aconteceu e o que fizemos.

– Vídeos? Isso é um bom estímulo, à quanto tempo estão a fazer esses vídeos?

– Começámos no início de Agosto. Eu acho que tem ajudado Doutor, mesmo que não se lembre totalmente de mim, tem algo que a deixa calma na minha presença.

– Como se sente depois de ver os vídeos? Lembra-se de alguma coisa? – Seokjin virou-se para mim e aproximou a caneta do papel como se estivesse pronto para começar a escrever algo.

– Eu sinto como se tivesse assistido um filme, só que aquilo que assisti, são as minhas memórias, os momentos da minha vida. Então durante o dia eu consigo lembrar-me deles, não me lembro do momento em que os vivi, mas lembro-me de os assistir de manhã, e consigo saber quem são os meus amigos, o que eu faço, como eu sou. – Enquanto eu falava, conseguimos ouvir o barulho da caneta a rabiscar o papel rapidamente.

Vestígios de TiOnde histórias criam vida. Descubra agora