6º Capítulo

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– Sim, na recepção só tens que dizer o nome dela e que a consulta é com o Dr.Seokjin, depois esperam na sala de espera até que a chamem. – Jungkook ouvia atentamente o que lhe explicavas. Hoje não me irias acompanhar à consulta, uma vez que ias visitar a aluna que se feriu.

– Entendi. – Jungkook respondeu pegando um pequeno portefólio que tu lhe entregaste. Depois de me despedir de ti entrei no carro do Jungkook e coloquei o cinto. – Não é estranho ires falar com alguém com quem já falaste antes mas tu não te lembras de nada do que falaram?

– Ah.. Sim, é um pouco estranho e sinceramente estou com receio das perguntas que ele me vá fazer, uma vez que o Jimin não vai estar lá para responder por mim, mas o Dr.Seokjin pediu na última consulta para eu ao final do dia escrever tudo o que aconteceu durante o dia e o Jimin fez-me ler tudo o que escrevi sobre o dia da consulta para eu saber o que aconteceu. – Expliquei enquanto ele conduzia pelas ruas de Busan.

– Ohh, ainda não me tinhas contado sobre isso, então quando sairmos da consulta podemos ir a algum café enquanto lês para mim o que fizeram lá no Japão. – Ele falou animado com a ideia e eu concordei.

Alguns minutos depois chegamos no hospital e ao entrarmos acabamos por rir da inocência do Jungkook ao perguntar-me onde era a recepção. Como eu me poderia lembrar onde era? Depois de ele me pedir desculpas pelo menos umas cinco vezes, percorremos um dos corredores que por sorte foi dar exatamente ao sítio onde deveríamos estar. Antes mesmo que eu me senta-se, o Dr. Seokjin passou por nós nos cumprimentando e se apresentando para nós antes de nos pedir para o acompanharmos até ao seu consultório.

– Podem sentar-se. – Seokjin pediu e ambos nos sentamos nas cadeiras que estavam em frente à sua secretária. – Como foi a sua semana? Sente alguma diferença?

– Hm.. Não, eu acho que continuo igual, eu ainda acordo sem me lembrar de nada.

– Muito bem. – Seokjin pega no seu caderno e começa a apontar algumas coisas nele. – Eu recebi todos os e-mails, e acho incrível o quanto de informação tu consegues lembrar-te ao final do dia. Eu estive a analisar melhor a sua ficha que me enviaram do outro hospital e também as questões que coloquei na ultima consulta. Haverá problemas se eu fizer mais algumas perguntas nesta consulta?

– Por mim não, pode ficar à vontade, eu irei responder ao que souber. – Seokjin assentiu e olhou novamente para o seu caderno antes de voltar a falar.

– Bom.. Eu achei curioso o facto de não se lembrar de como conheceu o Jimin, mas quanto estiveram aqui na semana passada, você parecia claramente confortável com ele, quase como se realmente soubesse e se lembrasse de como o começou a amar. – Ouvi atentamente cada palavra que o Doutor disse, deixando-me um pouco pensativa.

– Eu acho que.. – Fiz uma pequena pausa para refletir mais um pouco sobre o que iria dizer. – Eu acho que no fundo, eu não me esqueço realmente do que sinto por ele. É como se eu só me esquecesse dos momentos mas os sentimentos continuassem comigo, apenas não me lembro de como os adquiri. – Seokjin sorriu e deslizou a caneta sobre o seu caderno mais uma vez.


Querido Jimin, Se alguém perguntar agora o que eu mais gosto de fazer, Eu irei responder sem hesitar, o que eu mais gosto de fazer é, Amar-te.


– Lembro-me de que o seu namorado falou sobre o dia em que você acordou e não se lembrava mais dele, ficou assustada por terem acordado juntos. O que faz com que não se assuste agora? Vocês ainda vivem juntos certo?

– Sim, nós vivemos juntos e assim que eu acordo, eu não tenho nenhuma imagem dele no meu cérebro, é como se fosse a primeira vez que eu o estou a ver sabe. Visualmente, eu apaixono-me todos os dias por ele assim que o vejo, mas... Enquanto a minha memória estava normal, houve algo nele.. Em nós, eu não sei como explicar, mas é como se eu tivesse a certeza de que eu sinto algo por aquela pessoa, como se eu já a conhecesse, eu tenho aquela sensação de déjà vu quando o vejo, eu sei que não é realmente a primeira vez. Eu estou a dizer aquilo que senti hoje e acredito que seja o que venho sentido todos estes dias. É como se ele tivesse deixado a sua marca em mim. E agora que penso nisso, eu sinto medo de perder isso, de acabar também por esquecer essa marca que ele deixou em mim. – Fiz uma pequena pausa enquanto organizava os meus pensamentos. – É como se só as imagens tivessem desaparecido. E dos cinco sentidos que temos, apenas perdi aquilo que a visão captou, tudo o que os outros quatro sentidos captaram dele, ainda continua comigo, algures.

Vestígios de TiOnde histórias criam vida. Descubra agora