28- Lá vem a noiva

22 4 1
                                    


Combinei com a Viola de trabalhar em casa, ela me passava as pautas e depois de prontas era só enviar por e-mail. As reuniões, eu iria participar por Skype. Só seria ruim não ter o Colin me tirando a concentração todo dia ao puxar conversas sobre outros assuntos. Ele até tentou, mas a nossa chefe negou sua argumentação sobre vir pra minha casa para trabalharmos juntos.

O tempo foi passando e quando me toquei, o bebê começou a mexer dentro de mim. Foi uma sensação muito estranha. Senti-me no filme Alien, como se o E.T. estivesse tentando sair.

Não sei se eram os hormônios, a gravidez em si ou o Alien fazendo festa no meu útero, mas eu estava ficando muito esquisita. Minhas emoções estavam à flor da pele. Talvez, por causa disso, eu tomei uma decisão muito importante.

-Eu vou casar com o Tom.

Ray deixou a colher cair na pia, ela estava lavando a louça, enquanto eu comia cereal com achocolatado.

-Você está falando sério? E todo aquele papo de casamento não ser importante?

-Não é, no entanto... Eu não tenho ideia do que está acontecendo. Apenas... Eu sinto... Vou fazer um jantar. Você vai estar de plantão hoje?

-Você vai cozinhar? Espero encontrar a casa intacta quando eu voltar.

Ela estava certa, eu não era nada exemplar na cozinha. Isso foi definitivamente comprovado nesse jantar, pois, de alguma forma, tudo queimou. Não foi apenas a carne ter ficado preta. A cozinha ficou preta de tanta fumaça, abri todas as janelas e portas para o detector de fumaça não disparar. Tirei a comida do forno com uma pressa tão brava que acabei queimando a mão e deixando tudo cair.

Eu estava incontrolavelmente estressada e emotiva, no fim da minha saga deprimente, eu acabei em prantos sentada no chão. Esse foi o cenário do caos culinário encontrado pelo meu futuro marido ao entrar.

-Meu Deus! Megan, você está bem?

-E-eu... Machuquei minha mão.

Foi tudo que consegui dizer entre a enxurrada de lágrimas descendo pela minha face que já se encontrava em uma mistura esquisita de vermelho arroxeado.

Tom fez um curativo na minha queimadura antes de começar a limpar tudo. Eu tive de ir trocar de roupa, depois sentei a mesa com o peso do mundo nos meus ombros.

Ele pediu uma pizza e nos serviu ainda em silêncio, porém não pôde se conter por muito mais tempo.

-Megan, fale comigo. Por favor.

-Eu não posso casar com você. – Minha voz saiu tão fraca que por um segundo temi não ter sido ouvida.

-Você já me disse isso. Está tudo bem.

-Não, não está! Você praticamente morando aqui me fez pensar. Talvez... Eu deveria colocar todas as minhas inseguranças de lado, sabe?

-O que você está dizendo?

-Eu quero aquele final de filme. Aquela felicidade doméstica que sempre me pareceu irreal.

-Sério?

-Mas, eu não posso...

-O que?

-Pensa nisso, Tom. Eu sou o maior desastre na cozinha, sou desorganizada, já manchei uma camisa sua e odeio todos aqueles seus colegas esnobes de festas de gala. Eu não tenho capacidade de ser uma esposa... De ser a sua esposa.

Eu me levantei de uma vez indo perto da janela. Ele veio até mim, segurou minha mão e pôs a outro no meu rosto.

-Megan, você entende que não estou buscando uma empregada doméstica ou uma dama de companhia.

-Eu sei, é só...

-Xi! – Ele colocou um dedo nos meus lábios. – Nós já moramos juntos por um tempo, eu conheço você... Não sabia do ódio aos meus colegas, porém posso entender.

-Mentira. Você não entende.

-Não. Eles são legais.

-Só na sua frente. – Ele me beijou nesse momento, então peguei o anel no meu bolso. – Eu não faço ideia de como você é capaz de gostar de alguém tão problemática quanto eu, mas vou ser generosa. – Coloquei o anel no meu dedo. – Eu aceito casar.

Nós nos beijamos ainda mais. Ele me pegou no colo me levando até a cama, lá deitou por cima de mim com todo cuidado do mundo. Seus beijos passaram para o meu pescoço enquanto suas mãos faziam uma dança frenética pelo meu corpo.

Arrepios incessantes me atravessavam quando ele tirou minha roupa e levou sua boca até o meio das minhas pernas. Suas mãos apertavam meus seios ao mesmo tempo em que sua língua lambia meus lugares mais íntimos.

Arqueei minhas costas sentindo espasmos ininterruptos me atingindo em ondas de puro prazer. Tom logo se colocou sobre mim mais uma vez e assim consegui uma bela visão do quanto seu desejo por mim estava grande. Ele se colocou dentro de mim com uma força cautelosa. Seus movimentos profundos foram ficando cada vez mais rápidos até eu sentir as minhas contrações orgásticas apertarem seu membro fazendo-o entrar no meu mesmo estado de prazer libidinoso.

***

Os meses se seguiram divertidos, calmos. Tom continuava morando com a Ray e eu, mesmo sem uma conversa oficial a respeito. Ele estava cada dia mais se enturmando com meus amigos. Os encontros para assistirem certos jogos eram menos desagradáveis. Até mesmo o Colin começava a gostar.

-Ei, hoje tem jogo do Brasil! – Falei toda empolgada.

-Ah não! – Todos, menos o Tom, falaram ao mesmo tempo.

-O que foi isso? – Ele perguntou.

-É horrível quando ela assiste futebol.

-Por quê?

-Ela grita. – Disse Lisa.

-Ela bate. – Disse o Matt.

-Ela morde. – Disse o Colin.

-Isso não é verdade! – Tentei me defender.

-Gatinha, eu ainda tenho a marca.

-VOCÊ MERECEU! Disse que não foi pênalti.

-NÃO FOI, CARALHO!

-Só um minuto. Você poderia parar de chamar a minha noiva. Você ouviu bem, a minha noiva, de gatinha.

-Oh, ele é tão orgulho de eu ser noiva dele. Fofo!

-Ei, cara, eu sei que ela é a sua noiva. Você ouviu bem, sua noiva, mas ela sempre será a minha gatinha.

-Sua?

-Não se preocupa. Pra mim, ela é como uma irmã irritante.

Protestei sobre o irritante, porém o Colin apenas piscou e foi para o sofá encerrando o assunto. Expliquei sobre detestar jogo, porém quando a seleção joga, eu viro especialista em futebol. Todos riram, no entanto me colocaram em uma poltrona longe deles.

***

Arthur chegou ao sexto mês de confinamento, eu começava a ficar apreensiva sobre todo o trabalho que daria. Esse menino mal ficava quieto dentro mim, imagine quando se visse livre.

Tom havia viajado a trabalho, mas eu não ficava sozinha por muito tempo. Naquela manhã Matt ficou de ir buscar o Slash para passear. Eu estava deitada, meu cachorro parecia inquieto, pensei que quisesse ir para o quintal, então abri a porta da cozinha e voltei vagarosamente para o andar de cima. Precisava deitar, pois vinha me sentindo muito cansada.

Em um romance medíocre a mocinha grávida do seu amor, aceitando casar, já seria um indício de uma história perto de acabar. Afinal, esses romancistas tendem a realçar como o caminho até chegar àquela família quase nauseante de tão perfeitinha é muito mais interessante do que mostrar o dia a dia de uma mãe cansada e um pai estressado com os seus filhos pentelhos. No entanto, a vida... A vida real... A minha vida, o meu romance barato de banca de jornal se mostrava estar chegando apenas ao ápice e percebi isso ao vê aquela garota parada na minha frente, com uma arma na mão. Apesar de que o "chegando apenas ao ápice" é uma forma de me mostrar otimista, pois esse poderia ser verdadeiramente o meu fim. 

The love between usOnde histórias criam vida. Descubra agora