Silla Kingdom - Kim Taehyung

Daseot

Eu vi Taehyung olhando para mim de longe. Ele fez um gesto sutil para eu me aproximar. Meu coração acelerou ao lembrar do que Chaeyoung disse.

Caminhei em direção a ele, com a cabeça baixa.

— Não abaixe a cabeça para mim — ele disse com firmeza. Levantei o olhar, encontrando seus olhos. — Vá para a floresta onde nos encontramos naquele dia. Daqui a pouco eu chego lá — ele sussurrou, mal movendo os lábios. Acenei, confirmando, e saí sem ousar encará-lo muito tempo, com medo de ser vista pela rainha.

Fiquei mais alguns minutos na festa, só para garantir. Quando senti que era seguro, caminhei em direção à floresta. Taehyung demorou, e enquanto esperava, me sentei na grama e tirei as fotos da minha família da mochila. A saudade do presente dói.

— O que aconteceu? — Ouvi a voz de Taehyung e, rapidamente, guardei as fotos de volta. Droga, fui pega chorando.

— Eu só... sinto falta da minha família — disse, limpando as lágrimas. Ele observou a mochila com curiosidade, claramente intrigado.

— Isso parece bruxaria — ele comentou, me fazendo congelar. A ideia de ser acusada de bruxaria me dá arrepios.

— Não é nada disso — ri, nervosa. O silêncio se instalou entre nós por alguns segundos. — Taehyung, você está bem?

— Eu só queria dormir um pouco — ele respondeu, sua voz cansada. — Não durmo há dias, e sempre que consigo descansar, você aparece nos meus sonhos. Queria tentar dormir com você por perto, para ver se consigo descansar de novo.

— Ah... E se alguém nos vir? — perguntei, preocupada. — E os arqueiros que sempre nos vigiam?

— Eu sou o rei, quem manda neles sou eu — ele respondeu simplesmente, antes de se deitar com a cabeça no meu colo. Não demorou nem um minuto para ele adormecer, e eu comecei a acariciar seus cabelos, sempre atenta ao nosso redor.

Depois de quase uma hora, como ele não dava sinais de acordar, decidi deitar ao lado dele na grama. Ele continuou com a cabeça apoiada em meu colo, e acabei adormecendo também.

(...)

Acordei quando ele levantou a cabeça, fazendo um movimento leve.

— Já acordou? — perguntei, me espreguiçando. Pela luz do céu, não devem ter passado nem duas horas.

— Tive um sonho ruim... Sonhei que você desaparecia do nada — ele disse, o olhar distante. — E também vi muitas pessoas morrendo... — Taehyung passou as mãos no rosto, tentando se livrar das lembranças. — Alguém nos viu?

— Acho que não. — Também tive o mesmo sonho, mas nele era ele quem desaparecia. Isso me assusta. Agora tenho certeza de que nossos sonhos estão ligados.

Taehyung arrancou alguns tufos de grama, claramente perdido em pensamentos.

— Tae? — chamei baixinho. Ele olhou para mim, e mais uma vez sou surpreendida pela sua beleza tão próxima. — Você não parecia preparado para ser rei. Como conseguiu agir tão bem naquela hora? — perguntei.

— Como assim, não estava preparado?! — ele respondeu, ofendido. — Eu fui preparado para isso desde criança! Claro que estava pronto.

Vejo que seus olhos estão um pouco marejados, mas não insisto no assunto.

— Acho melhor voltarmos para a festa. Já devem estar sentindo falta do rei, e se nos acharem aqui, vai ser complicado — comentei.

— Não quero voltar — Taehyung disse de repente, e percebi que lágrimas escorrem silenciosamente pelo seu rosto. — Não olhe para mim. É humilhante.