8. O Massacre

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-Act. 2

Quatro de outubro. Eu ando, pela manhã enevoada, com um nó no peito.

- Jennie, já ouviu falar da "síndrome de Stockholm?" - Ele perguntou cortando o silêncio da floresta. - Foi nomeado de acordo com os eventos que aconteceram em Stockholm. É um fenômeno psicológico comum em vítimas de sequestro.

Andando do meu lado, com uma voz calma e indiferente, Yohan começou a falar sobre sequestro.

- A vítima, posta numa situação em que está constantemente ao lado dos sequestradores... - Ele continuou enquanto eu olhava pra frente sem encará-lo. - gradativamente desenvolve empatia, atração ou sentimentos de dependência para com o sequestrador. Isso é um mecanismo subconsciente de defesa. - Suas palavras tamborilavam na minha mente. - Depois de resgatada, a vítima pode ficar com o sequestrador, e até mesmo ficar do lado dele no tribunal. Isso é devido ao comprometimento cognitivo. - Os tênis do meu irmão faziam um barulho estranho enquanto ele pisava no chão enlameado da montanha. - Mas se você perguntar... essa condição não é única de vítimas de sequestro.

Enquanto eu ouvia a voz de Yohan. Eu pensei na Lisa.

[X]

Sempre me considerei uma criança azarada e insignificante. De família pobre e órfã por parte de pai, que tinha o dever de cuidar da casa sozinha. Quem olharia por mim, senão eu mesma? Esse pensamento me deu forças. Ao ponto de guiar minha carreira e o meu futuro.

- É divertido... - Lalisa chegou por trás de mim, segurando no cercado de ferro dos coelhos enquanto eu estava agachada despejando o alimento no chão. - É divertido cuidar deles?

- Não. - respondi de costas para ela. - Não é nada demais.

Desde aquele incidente em Seoraksan, eu tenho mantido certa distância de Lalisa.

Eu me ergui, deixando os coelhos e trancando o cercado ao sair. Lisa ainda me esperava.

Passei por ela sem olhá-la no rosto.

- V-você vai pra casa? - Ela perguntou atrás de mim. - Eu também...

Continuei andando sem responder ou dar importância, e eu quase conseguia sentir a tristeza do seu olhar nas minhas costas.

Não é como se a Lisa tivesse feito alguma coisa errada. E eu não estava brava com ela... é só que... contra Lalisa Manoban, que é muito mais azarada que eu... eu me sentia um pouco ameaçada.

Lalisa limpou uma lágrima do rosto antes de parar de me seguir.

- Jennie Kim! - Ela gritou e jogou uma garrafa de água mineral vazia nas minhas costas.

Eu me virei sem expressão para encará-la. Ela tinha um sorriso esperançoso no rosto, mas não sustentei o seu olhar.

Me abaixei apanhando a garrafa do chão e ergui em sua direção.

- Aqui. - Lhe entreguei a garrafa e ela a pegou outra vez com a expressão triste.

Dei de costas a deixando para trás.

Enquanto esses eventos se repetiam, setembro acabava de forma rápida.

[X]

- Jennie Kim... - Lisa me chamou mais uma vez do lado de fora da coelheira com a voz triste. - A tempestade está chegando.

Parei onde estava, ajeitando uma das tocas no chão.

- Não tem nada chegando. - Falei séria, engolindo em seco.

Lalisa estava fazendo de novo. Atirando aquelas balas doces com todo o seu poder.

Entre Balas de Açúcar e Histórias de Uma Sereia. - Jenlisa Onde histórias criam vida. Descubra agora