Entre Balas de Açúcar e Histórias de Uma Sereia. - Jenlisa

12. O que ninguém sabe.

Eu ainda sentia o calor das nossas mãos dadas… e o toque dos seus dedos delicados… Essa foi a última vez que eu vi o rosto sorridente… Da minha amiga mais importante. A pessoa que eu amava.

A chuva continuava a cair e eu apenas mantinha na cabeça o sorriso doce de despedida e as palavras de Lisa me pedindo para esperá-la. A cada gota que caía parecia que pesava uma tonelada e aumentava ainda mais a minha preocupação. Exceto pelo barulho da chuva, o lugar todo estava silencioso a ponto que eu conseguia ouvir os batimentos do meu coração aflito.

Mais uma hora se passou e a gotas já começavam a diminuir. Eu permanecia esperando por ela, na frente da sua casa, na chuva. Eu juro que se visse seu sorriso mais uma vez tudo aquilo teria valido a pena.

O barulho da porta da frente se abrindo me fez despertar com um sorriso para recebê-la. Eu a veria com um monte de malas e mochilas, correndo feliz por ter conseguido com sucesso fugir e se esconder do monstro do seu pai… Ela se desculpando por ter se atrasado porque não conseguia escolher entre tantas coisas… e eu a batendo em seguida mas dizendo que a perdoava… mas… mas…

— Lisa… — Sussurrei com o sorriso morrendo aos poucos quando me dei conta de que não era ela saindo da casa.

Me escondi rápido atrás de um arbusto, tentando não ser vista.

Lucca Manoban. Ele carregava uma mala enorme da cor preta, larga e mais alta que a sua cintura, indo até o carro e colocando com dificuldade no porta-malas do conversível. Eu não sabia se era pela chuva, mas seu rosto estava molhado... Lágrimas?

Sim. Ele chorava fechando os olhos com força enquanto soluçava de desespero. Com seu olhar perdido, ele entrou no carro dando uma batida alta na porta e arrancou com velocidade.

Deixei o arbusto me perguntando o que diabos tinha sido aquilo e uma sensação ruim me atacou a boca do estômago.

Andei tremendo até a porta da casa em busca da Lisa.

A porta grande estava entreaberta, me convidando a procurá-la e com um suspiro pesado, eu entrei na casa sombria.

— Lisa? — Sussurrei tirando os sapatos para entrar. Suas botas enlameadas ainda estavam na entrada. — Lili?

Eu dei passos lentos a chamando, mas a única resposta que eu recebia era o silêncio. E a cada passo que eu dava meu coração se apertava com um sentimento estranho, até então desconhecido por mim.

— Lisa? — Chamei mais uma vez. — Seu pai saiu pra algum lugar… Está tudo bem agora.

Eu andava pelos cômodos da casa escura e fria, me sentindo cada vez mais perdida.

Até abrir uma porta que revelou um quarto que eu não tinha visto da última vez. Com certeza, era o quarto dela.

Havia uma cama com detalhes de rosas vermelhas, e uma decoração amarela ao redor. Seu cheiro doce exalava de todos os cantos do cômodo. Perto da cama havia centenas de ursinhos de pelúcia. E eu sorri pra mim mesma, me perguntando quando Lisa iria me revelar aquele seu lado… Mas de certa forma, aquilo era bem a cara dela.

— Pode sair agora, Lisa… — Voltei a chamar preocupada. — Lisa? Só… Diga alguma coisa… por favor…

Eu andei até o guarda-roupas de Lisa e abri as portas, notando estar completamente arrumado.

Ela não tinha nem chegado a arrumar as malas…?

Dei passos para trás, andando de costas enquanto balançava a cabeça de um lado para o outro, incrédula.

— Nós não iríamos fugir juntas? — Naquele momento eu não controlava mais as minhas lágrimas que rolavam pelo meu rosto sem que eu percebesse. — VOCÊ NÃO DISSE QUE NÓS IRÍAMOS FUGIR JUNTAS!?